Campanha presidencial recomeça na França com duelo
O tradicional debate na televisão entre os candidatos está programado para 20 de abril
O presidente centrista Emmanuel Macron e a candidata de extrema-direita Marine Le Pen retomam nesta segunda-feira (11) a campanha para convencer os eleitores que não votaram neles no primeiro turno da eleição, visando o segundo turno que promete ser acirrado em 24 de abril.
"Nada está decidido" e o debate dos próximos 15 dias "será decisivo para nosso país e para a Europa", declarou Macron a seus simpatizantes no domingo à noite, depois de obter quase 28% dos votos no primeiro turno, um pouco acima das previsões das pesquisas.
Para Marine Le Pen, que recebeu 23,5% dos votos em sua terceira candidatura à presidência, "o que estará em jogo em 24 de abril será uma escolha de sociedade e de civilização". A França precisa de "uma grande alternância", disse.
A França repetirá o duelo de 2017, quando Macron recebeu 66,1% de votos no segundo turno e derrotou a herdeira da Frente Nacional. De acordo com as pesquisas divulgadas no domingo, a vantagem do presidente centrista agora seria de 2 a 10 pontos.
E o país mudou muito. Em cinco anos foram registrados grandes protestos contra a política de Macron para as classes populares, uma pandemia deixou milhões de pessoas confinadas e nas últimas semanas a guerra na Ucrânia sacudiu a Europa.
A ofensiva russa na Ucrânia ofuscou a campanha do primeiro turno, mas suas consequências nos preços da energia provocaram a alta da inflação e reforçaram a principal preocupação dos franceses: a perda de poder aquisitivo.
Mas agora "é uma nova eleição que começa", declarou ao canal France 2 o prefeito de Perpignan (sul), Louis Aliot, um dos líderes do partido partido de Le Pen, p Reagrupamento Nacional (RN).
O tradicional debate na televisão entre os candidatos está programado para 20 de abril.
- "Internacional dos populistas" -
Reforçado por sua imagem de presidente estável em períodos de crise, o candidato do partido A República Em Marcha (LREM), de 44 anos, tenta posicionar o debate no impacto que a chegada de Le Pen ao poder teria para as alianças internacionais.
A candidata do RN, de 53 anos, propõe abandonar o comando integrado da Otan, que estabelece a estratégia militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte, e sua vitória representaria outro duro revés para a União Europeia (UE) após a reeleição do primeiro-ministro húngaro Viktor Orban na semana passada.
Macron, no momento em que o país exerce a presidência semestral da UE, rejeitou uma "eventual França que fora da Europa só teria como aliados a internacional dos populistas e xenófobos".
O liberal deseja retomar a imagem de radical que a candidata de extrema-direita apagou durante a campanha do primeiro turno, quando deixou de lado as propostas sobre migração e se apresentou como defensora do poder aquisitivo e das classes populares.
Marine Le Pen defendeu no domingo sua visão de "reunir os franceses ao redor da justiça social e da proteção, garantida por um âmbito fraternal em torno da ideia milenar de nação, que opôs à "divisão, injustiça e desordem impostas por Macron em benefício de poucos".
- Rivais apoiam Macron -
A maioria dos rivais derrotados pediu voto para o presidente centrista ou que os eleitores impeçam que a extrema-direita chegue ao poder.
"Não se deve dar um único voto a Le Pen", afirmou o esquerdista Jean-Luc Mélenchon, o terceiro candidato mais votado (21,95%), sem pedir explicitamente votos para Macron.
Comunistas, socialistas e ecologistas expressaram apoio a Macron, assim como a candidata de direita Valérie Pécresse a título pessoal.
Mas o alcance do apoio é incerto, devido à personalidade divisiva entre os eleitores de esquerda do presidente, que em caso de reeleição tentará retomar o projeto impopular de aumento da idade da aposentadoria, de 62 para 65 anos.
Para tentar acabar com as dúvidas, Macron deu a entender que buscará criar uma espécie de estrutura para "um grande movimento político de unidade e ação, além das diferenças".
"Não buscamos uma coalizão de partidos", explicou uma de suas principais aliadas, a ministra Amélie de Montchalin, que descartou compromissos sobre o programa eleitoral.