2022: enchentes marcaram inverno do Norte ao Sul do país

Mudanças climáticas fizeram presença e provocaram temporais mais intensos. Pernambuco foi estado mais afetado, com dezenas de mortos

seg, 26/12/2022 - 17:09
Júlio Gomes/LeiaJá Imagens/Arquivo Bombeiros realizam buscas na Vila dos Milagres, no Recife Júlio Gomes/LeiaJá Imagens/Arquivo

Entre maio e junho de 2022, as mudanças climáticas estiveram em evidência no Brasil, seguindo as dezenas de tragédias acontecidas em decorrência de enchentes e temporais, do Norte ao Sul do Brasil. No Amazonas, o Rio Negro teve uma das maiores cheias da história, e também a mais veloz, chegando ao nível dos 29,38m, por influência do fenômeno La Niña. Em Minas, Rio e São Paulo, mais temporais e deslizamentos foram responsáveis por tirar o lar e os parentes de muitas famílias.

Dentre esses eventos, certamente as cheias em Pernambuco foram destaque em todo o país. Uma das maiores tragédias humanas e ambientais de 2022, os temporais na Região Metropolitana do Recife deixaram pelo menos 128 mil desalojados e 132 mortos, a maior parte vítima de deslizamentos de terra em barreiras e encostas. Tudo aconteceu entre maio e junho, meses em que o acumulado das chuvas costuma ser maior em todo o estado.

Apesar dos pernambucanos estarem acostumados com o cenário caótico que todo período chuvoso proporciona, ano após ano, 2022 trouxe números sem precedentes. Começando com os deslizamentos entre Olinda e Recife, na última semana de maio, quando sete pessoas morreram. Em menos de duas semanas, a tragédia escalou, e rápido: mais de 100 pessoas morreram soterradas na RMR, em cerca de três dias de chuvas, durante a segunda semana de junho.

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Chuvas no Sudeste

São Paulo

Na região Sudeste, a chuva provocou estragos em São Paulo logo no primeiro mês do ano. Os temporais começaram no dia 11 e se perduraram até fevereiro. Ao todo, 36 municípios foram atingidos pelas enxurradas que transbordaram rios, causaram deslizamentos de barreiras e obrigou a suspensão da vacinação contra a Covid-19. 

No dia 31 de janeiro, o levantamento do governo do estado apontava 21 mortos - sendo oito crianças-, 11 desaparecidos e cerca de 660 famílias desabrigadas ou desalojadas. Dois dias depois, os números saltaram para 28 mortes e sete desaparecidos, além de 2,9 mil famílias desabrigadas ou desalojadas. 

As mortes causadas pelas chuvas foram registradas em oito cidades, sendo Franco da Rocha a com o maior número de vítimas fatais, com 11 casos. As demais foram Itapevi (1), Arujá (1), Francisco Morato (5), Embu das Artes (3), Várzea Paulista (5), Jaú (1) e Ribeirão Preto (1).  Até o início de fevereiro, a Defesa Civil distribuiu 622 cestas básicas, 666 kits de higiene e 834 kits dormitório. 

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Fernando Frazão/Agência Brasil

Rio de Janeiro

Um temporal também atingiu Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, e deixou a região central inundada no dia 15 de fevereiro. Mais de 30 mortes foram confirmadas em virtude das quedas de barreiras em diferentes pontos da cidade. 

Um mês depois, 233 mortes foram confirmadas e 994 desabrigados. Mais de três mil vistorias foram iniciadas pelas equipes de engenheiros, geólogos e técnicos da Defesa Civil. Ao todo, 4.368 ocorrências foram registradas em pelos menos 44 localidades do município. 

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