Recifenses querem fim do voto obrigatório

Segundo especialista, o desejo da população poderia ser avaliado em plebiscito

por Élida Maria qui, 18/07/2013 - 00:02
Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo Quase 70% dos recifenses querem poder escolher entre votar ou não Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

Romper as barreiras de ‘obrigação’ e da ‘exigência’ é o que desejam a maioria dos recifenses em relação ao processo de escolha de seus líderes políticos.  A população que vem se mostrando ao longo dos anos mais participante e cobradora de seus direitos prefere que a obrigatoriedade do voto seja eliminada e assim, tenha a possibilidade de querer ou não participar da votação eleitoral a cada dois anos, como ocorre atualmente no sistema eleitoral do País. 

As informações obtidas na capital pernambucana são do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) e revelam que quase 70% as pessoas querem mais liberdade e não são favoráveis ao processo de votação obrigatória. 

O IPMN saiu às ruas do Recife entre os dias 8 e 9 de julho para colher opiniões sobre a reforma política, assunto tão debatido nos últimos dias no mundo político e também nos meios de comunicação. Dentre esse tema tão abrangente as pessoas avaliaram vários subtemas como, por exemplo, a votação brasileira.

Dos 624 entrevistados, 68,1% disseram não ser a favor do voto obrigatório e outros 27,2% afirmaram concordar. Seguindo a mesma linha de reflexão e mudando apenas a pergunta, a resposta não teve quase diferença. Os participantes foram indagados da seguinte forma: ‘Você é favorável que o voto deixe de ser obrigatório’?. Neste segundo questionamento 69,6% responderam sim e apenas 23,6% disseram não. Já outros 6,9% não souberam ou não responderam.

Os dados mostram o anseio por mais liberdade de opinar ou não, em determinados aspectos semelhante ao velho conceito da sociedade que defende o direito ‘de ir e vir’ das pessoas. “Há um sentimento geral de liberdade da cidadania, de ir e vir, de se pronunciar, de debater, de falar, de ouvir, de participar. É um conjunto de direitos que são inerentes à formação da cidadania e ninguém quer ser obrigado a fazer as coisas. E a obrigação de votar é um contingenciamento. É uma imposição do sistema”, explica o economista Maurício Romão (foto).

Ainda segundo o especialista econômico, os dados podem ter ligações com o descrédito da política vivida na sociedade atual. “Esse sentimento reflete bastante a aversão atual da classe política mostrada em várias pesquisas”, argumenta Romão afirmando em seguida que a não existência da obrigatoriedade não tende mudar muito nas abstenções eleitorais. 

Já para o cientista político, Adriano Oliveira, esse assunto é outro leque dentro do tema central da reforma política e vale uma observação e aceitação do desejo das pessoas. “Veja que na reforma política ninguém está propondo o fim do voto obrigatório, mas o que faz parte da agenda da população é o fim do voto obrigatório. Então, a conclusão que nós chegamos é que pauta dos partidos não deve ser a reeleição, mas o fim do voto obrigatório”, opinou.

Oliveira sugere um plebiscito futuro para se ouvir a sociedade sobre a definição do voto ser obrigatório ou não. “Se a população tem esse desejo, tem que ser algo discutido. Inclusive, poderia ser um tema levado a plebiscito porque as pessoas conhecem o que é voto obrigatório, as pessoas sabem e aí está uma grande questão que poderá servir de plebiscito”, recomenda o cientista.

 

 

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