Turbulência: Polícia Federal recebe pertences de Morato

Entre os itens entregues estão cadernos de anotações, pen drives e aparelhos celulares

por Jorge Cosme ter, 28/06/2016 - 08:37

A Polícia Federal (PF) já recebeu os pertences que estavam em posse do empresário Paulo César Morato no momento em que ele foi encontrado morto dentro de um quarto de motel em Olinda, na Região Metropolitana do Recife (RMR), na última quarta-feira (22). Paulo Morato era um dos alvos da Operação Turbulência, que investiga um esquema criminoso especializado em lavagem de dinheiro com a utilização de empresas fantasmas e “laranjas”.

Os materiais apreendidos são produtos de higiene pessoal, chaves de imóveis, cadernos com anotações, óculos, documentos pessoais, relógios, envelopes de depósitos bancários, além de oito pen drives e três aparelhos celulares. O Jeep Renegade, com o qual Morato chegou ao motel, ainda não foi entregue à PF.

Todo o material recebido passará por análise e uma triagem avaliará o que é interessante para a investigação. Segundo a Polícia Federal, os itens mais importantes, inicialmente, são os pen drives, as anotações e os celulares, que podem trazer provas e informações para a Operação Turbulência. O restante dos pertences será devolvido aos familiares.

A investigação das causas da morte do empresário segue com a Polícia Civil. A Polícia Federal acompanha os desdobramentos e o resultado da perícia para identificar se há ligação direta entre a causa do óbito e a investigação em curso. 

Falha de comunicação e polêmica -  O processo investigativo da morte de Morato tem sido amplamente debatido. Na segunda-feira (27), a Secretaria de Defesa Social (SDS) precisou convocar uma coletiva para esclarecer os fatos, que, ainda assim, seguem sem tanta clareza.

O problema se deve ao fato de que peritos papiloscopistas, responsáveis por realizar perícias no local do crime (como identificação de impressões digitais), foram impedidos pela chefia  da Polícia Científica de realizar o procedimento no quarto do motel no dia seguinte ao incidente.  Durante a coletiva, a Secretaria de Defesa Social reconheceu erro na comunicação entre os policiais, mas recriminou as acusações de queima de arquivo. 

Segundo explicou a SDS, o perito papiloscopista Lauro Macena, presente na coletiva, tinha percebido a necessidade de uma nova perícia no quarto do motel, mas não teria comentando com a delegada que estava de plantão na noite do fato, Gleide Ângelo, nem com a perita criminal, apenas deixado um documento para a equipe de plantão do dia seguinte. Macena, entretanto, rebate e diz ter falado da necessidade de uma perícia complementar à delegada e ao restante da equipe.

O Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol) entrou com uma denúncia no Ministério Público de Pernambuco (MPPE). A categoria suspeita de intromissão política no impedimento da perícia papiloscópica. 

Operação Turbulência - Deflagrada pela Polícia Federal na terça-feira (21), a Operação Turbulência prendeu quatro empresários: João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho, Eduardo Freire Bezerra Leite, Apolo Santana Vieira – apontados como líderes – e Arthur Roberto Lapa Rosal, que atuaria como “testa de ferro”, cedendo sua conta pessoal para as transações de lavagem de dinheiro. 

Um mandado de prisão preventiva também havia sido expedido contra Morato. Nas investigações, ele é apresentado como dono da empresa Câmara e Vasconcelos Locação e Terraplenagem Ltda, identificada como sendo de fachada. 

A empresa fantasma recebeu R$ 18,8 milhões da empreiteira OAS Engenharia para supostas obras de terraplenagem nas obras da Transposição do São Francisco. A Câmara e Vasconcelos também aparece como uma das empresas que adquiriram o avião Cessna Citation, usado por Eduardo Campos durante a campanha para presidente e no acidente aéreo. Os indícios iniciais levam a crer, então, que a OAS seria responsável pela aquisição.

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