Senadores negam corrupção e lavagem de dinheiro

Novo desdobramento da Lava Jato, Operação Satélites tem como alvo pessoas ligadas aos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Humberto Costa (PT-PE), Eunício Oliveira (PMDB-CE) e Valdir Raupp (PMDB-RO)

por Dulce Mesquita ter, 21/03/2017 - 12:59
Agência Brasil/Arquivo Agência Brasil/Arquivo

Três dos quatros senadores investigados pela Polícia Federal na Operação Satélites se manifestaram sobre a ação, deflagrada nesta terça-feira (21), como desdobramento da Operação Lava Jato. A ação apura indícios dos crimes de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro e tem como base trechos de delações de executivos e ex-executivos da Odebrecht, homologadas em janeiro.

O senador Humberto Costa (PT-PE) negou que tenha cometido qualquer irregularidade. Em nota, ele disse que, em investigações anteriores, a PF não encontrou "qualquer evidência de irregularidade" e que ele acredita que o mesmo acontecerá desta vez, apontando para o "teor infundado da acusação e da inexistência de qualquer elemento que desabone a sua vida pública".

Já o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), foi representado pelo advogado Aristides Junqueira. Em nota, ele disse que "o senador tem a convicção que a verdade dos fatos prevalecerá" e que o parlamentar "autorizou que fossem solicitadas doações, na forma da lei, à sua campanha ao governo do Estado do Ceará", em 2014. No texto, o criminalista diz ainda que a abertura de inquéritos no Supremo Tribunal Federal para apurar "versões de delatores" é o caminho natural do rito processual.

Já a assessoria de Renan Calheiros (PMDB-AL) informou que ninguém que trabalha com o senador em Brasília ou em Alagoas é alvo da operação deflagrada nesta terça-feira.

O senador Valdir Raupp (PMDB-RO) foi o único que ainda não se manifestou.

Operação Satélites

Desdobramento da Operação Lava Jato, a ação é a primeira em que são utilizadas informações dos acordos de colaboração premiada firmados com executivos e ex-executivos da Odebrecht, homologados pela ministra Cármen Lúcia em janeiro deste ano. Os agentes estão atuando nas cidades de Brasília (DF), Maceió (AL), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ) e Salvador (BA), num total de 14 mandados.

Apesar de ter sido autorizada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF) – o que indica que envolve pessoas com foro privilegiado -, o alvo da ação não são políticos, mas pessoas ligadas aos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Humberto Costa (PT-PE), Eunício Oliveira (PMDB-CE) e Valdir Raupp (PMDB-RO).

Em Pernambuco, são cinco mandados de busca e apreensão: dois em Boa Viagem e um na Imbiribeira, no Recife, além de um no Janga, em Paulista. Não foi informado o local do quinto mandado, concedido após o início da ação nesta manhã. Um dos endereços em Boa Viagem pertence ao empresário Mário Barbosa Beltrão e sua família, ligados ao senador Humberto Costa.

Em Brasília, agentes da Polícia Federal estiveram na Confederal, empresa de vigilância e transporte de valores, que teria relação com o presidente do Senado, Eunício Oliveira.

A PF está atuando junto com agentes da Receita Federal, procuradores da República e do Ministério Público Federal. De acordo com o chefe de Comunicação da PF em Pernambuco, Giovani Santoro, os materiais apreendidos serão levados para a sede do órgão, no Cais do Apolo, e depois serão encaminhados para Brasília.

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