Vereador quer incluir artes marciais em escolas municipais
Rodrigo Coutinho (SD) diz que essas lutas aumentam o sentimento de respeito próprio e mútuo, mas há quem acredite que estimula a violência
Um projeto de lei de autoria do vereador do Recife Rodrigo Coutinho (SD) deve render polêmicas. É que o parlamentar quer introduzir esportes de luta, as denominadas artes marciais, como por exemplo, muay thai e Jiu-Jitsu, nas escolas da rede municipal da capital pernambucana. A proposta ainda será apresentada no plenário da Câmara do Recife.
Coutinho argumenta que o PLO 192/2017 é importante já que essas artes desenvolvem diversos aspectos pelos que a praticam. “A cultura corporal, a socialização, a autoestima, a autoconfiança, o equilíbrio, em seu sentido amplo, os limites, o respeito próprio e o mútuo são fundamentalmente trabalhados pelas atividades mencionadas”, disse.
No entanto, caso aprovado, só poderão participar das aulas os alunos que possuírem autorização médica para a realização desses exercícios físicos. Coutinho também alerta que está vetada da proposta “as modalidades de artes marciais desprovidas de substratos educativos, éticos, filosóficos, morais ou sociais; que sejam ofensivas à cidadania ou à dignidade da pessoa humana; e que possuam, mesmo que implicitamente, conteúdo revelador de preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade ou qualquer outra forma de discriminação".
O vereador contou que o projeto foi uma sugestão feita por uma cidadã que visitou o seu gabinete em abril deste ano. “A participação da população é essencial para que juntos possamos construir um Recife melhor”, explicou. Coutinho, inclusive, prestigiou pessoalmente em junho passado o 1º Circuito de Artes Marciais da Juventude do Recife.
Na ocasião, ele já havia dito que esses esportes podem transformar a vida de jovens em situação de vulnerabilidade e ajudá-los a definir as relações e processos de identidade e fomentar a criatividade.
Debate na Câmara sobre MMA
Em dezembro do ano passado, lutadores de MMA [Artes Marciais Mistas] chegaram a participar de uma audiência pública na Comissão do Esporte com o objetivo de debater a inserção do ensino das artes nas escolas. Na época, o famoso lutador Minotauro afirmou que essas lutas garantem disciplina, competitividade e educação.
No encontro, o deputado Fábio Mitidieri (PSD) foi além ao falar que estava procurando formas de desvincular o MMA da violência. “Há um preconceito com o MMA que não se tem com o caratê e o judô. Precisamos mostrar os valores passados, os treinos, o outro lado. Não só as lutas”, disse.
Contrário a proposta do ensino de MMA nas escolas, o parlamentar José Mentor (PT) acredita que incentiva a violência. “Defendo o caratê nas escolas, judô nas escolas, mas o MMA, não. As artes marciais prezam o respeito, o autocontrole, já o MMA preza a velocidade, a habilidade e a força. Não acho que pode ser considerado um mix de artes marciais. Na verdade, eles juntam todas as proibições das artes marciais. O judô, por exemplo, proíbe agressões no rosto”, argumentou.