Bolsonaro perde ação e terá que se retratar publicamente
STJ manteve condenação sobre o episódio no qual ele disse que a deputada Maria do Rosário (PT) “não merecia ser estuprada” porque a considerava “muito feia”
Um dos episódios mais polêmicos que envolve o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) remete ao ano de 2014 quando o parlamentar disse que a deputada Maria do Rosário (PT) “não merecia ser estuprada” porque a considerava “muito feia”. Bolsonaro vai ter que pagar caro pela declaração após, nesta terça (15), a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manter por unanimidade a condenação pelas ofensas, após recurso apresentado pelo parlamentar.
Em 2015, ele foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF) a pagar indenização de R$ 10 mil à petista. Além disso, deveria se retratar publicamente em jornais, no Facebook e no Youtube. Ele, na época, recorreu. Bolsonaro também é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por causa da mesma frase.
Maria do Rosário comemorou a decisão do STJ por meio de uma transmissão na página do seu Facebook. “Nós tivemos uma vitória muito grande, mas é uma jornada que foi feita entre todas nós mulheres brasileiras. Nós mulheres brasileiras tivemos coragem de enfrentar um parlamentar, uma autoridade pública, que usa o espaço público para fomentar a violência”, disse sem tocar no nome de Bolsonaro.
“Essa não é uma vitória de uma ou de outra. É de todas nós. Estou sentindo que vamos ficar mais fortes para que nenhuma mulher sofra violência no Brasil. Não andamos sozinhas, andamos juntas. Queria dizer que nós temos uma nova etapa. E essa nova etapa, [começa] depois da vitória que tivemos aqui”, declarou.
A petista também falou sobre a ação no STF. “Lá será um julgamento por incitação ao crime. Será que alguém possa fazer um discurso que diga que a responsabilidade do estupro é do merecimento de alguma vítima? Como disse a advogada, a cada 11 minutos no Brasil uma mulher é estuprada. E nós tomamos uma decisão com essas ações judiciais de chegar aos tribunais superiores e dizer basta”.