Canja com um peito de frango servia 300 alunos no Cabo

Testemunha falou sobre a situação precária de colégios na gestão de Vado da Farmácia. Polícia também investiga fornecimento de merenda em decomposição

por Taciana Carvalho sex, 23/03/2018 - 12:20
WikimediaCommons Canja era preparada de forma precária WikimediaCommons

As denúncias envolvendo o ex-prefeito do Cabo de Santo Agostinho, José Ivaldo, mais conhecido como Vado da Farmácia não param. Após a Polícia Civil deflagrar a Operação Ratatouille e afirmar que as empresas contratadas pela prefeitura tinham alimentos em decomposição e com ratos, a delegada Patrícia Domingos afirmou que os bens de Vado incluem lancha, Jet skis e até o luxuoso carro da marca Porshe, que estavam em nome de terceiros. 

Além da vida estável que o ex-prefeito mantinha, a declaração de uma testemunha conforme contou Domingos durante coletiva, nessa quinta-feira (22), demonstra a gravidade da situação. Segundo relato de uma pessoa de uma das escolas, a merenda, uma canja de galinha, teria sido preparada com apenas um peito de frango para servir 300 alunos. 

A delegada falou que as crianças estavam “passando fome” dentro das escolas enquanto o peito de frango, o leite e a verdura foram trocados por lancha, jet skis e quadriciclos. “Chama bastante atenção o fornecimento de merenda deteriorada para consumo, de misturar carne bovina com carne de soja, a quantidade de leite reduzido, e um peito de frango para fazer canja para 300 alunos. Se a gente considerar que essas crianças de escola públicas, muitas vezes, a única refeição que elas têm é essa, na verdade, as pessoas suspeitas tiraram o alimento da boca da nossa futura geração”, lamentou. 

Foram apurados detalhes sobre o fornecimento de merenda em decomposição na cidade. “Diversas irregularidades de empresas como fornecimento de alimentos estragados, de alimentos com mau cheiro, carnes com péssima qualidade e carne misturada com soja. Foi verificado também o não fornecimento de merenda. Em alguns casos, o quantitativo era bem menor que o previsto em contrato ou escolas onde merenda de péssima qualidade ou não era fornecida”. 

Patrícia Domingos afirmou que toda a situação vai ser apurada e garantiu que, se for comprovado que os fatos realmente aconteceram, os culpados serão “exemplarmente punidos”.

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