Marília Arraes diz que não firmou acordo com o Centrão

Ameaçada pelo PT após integrar a Mesa Diretora com uma candidatura avulsa, a deputada também revelou que sequer recebeu uma ligação do ex-presidente Lula

sex, 05/02/2021 - 10:12
LeiaJáImagens/Arquivo A deputada ainda disse que as acusações são fruto do machismo LeiaJáImagens/Arquivo

Após ser acusada de trair o próprio partido para conquistar a Segunda Secretaria da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, a deputada Marília Arraes (PT) desmentiu o apoio do Centrão e disse que sua candidatura avulsa pretendia evitar que a sigla perdesse o posto na Casa. A vitória 'queimou o filme' da parlamentar, que revela não ter recebido sequer um telefonema do ex-presidente Lula, nem foi visitada por Fernando Haddad, que passou a semana em reuniões com representantes da legenda em Brasília.

A pressão interna fez o novo presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL), voltar atrás com seu primeiro ato e incluir o PT na Segunda Secretaria. O partido, que deveria ocupar a Primeira Secretaria, havia sido anulado da Mesa Diretora com a justificativa de atraso no protocolo de candidatura.

Com o reposicionamento de Lira, a deputada conta que elegeu-se novamente para evitar que o prazo expirasse mais uma vez e o PT ficasse sem registro da candidatura. "Faltavam somente 30 minutos para acabar o prazo de protocolo de candidaturas e o PT não tinha efetuado nenhum registro. Tendo em vista o que havia acontecido no dia anterior, quis evitar que novos eventuais problemas acontecessem", relatou em nota.

Ela aponta que os deputados João Daniel (PT-SE) - o preferido pela presidente Gleisi Hoffmann - e Paulo Guedes (PT-MG) também lançaram inscrições avulsas, no entanto não receberam as mesmas ameaças de punição. Uma eleição interna retirou o apoio a sua candidatura com o resultado de 24 votos para João Daniel, contra 22 para a pernambucana.

Desamparada pela própria legenda, a parlamentar disputou a vaga com os dois colegas e recebeu 172 votos, enquanto Daniel teve 166 e Guedes, 54. No segundo turno, Marília venceu Daniel novamente, com 192 votos diante de 186. Desde então, a deputada é acusada de ter recebido apoio do atual presidente da Câmara e representantes do Centrão.



"Se houvesse tal acordo, vindo de um presidente recém eleito com 302 votos, não precisaríamos fazer muitas contas para saber que eu teria sido eleita sem a necessidade de segundo turno e com uma margem muito mais ampla de votos, afinal estaria “amparada” pela base do Centrão", rebateu Marília.

Ela acusa os críticos de machismo, pois diz ter sido apoiada pela bancada feminina, visto que, "raramente os partidos indicam quadros femininos" e na maioria das vezes que uma mulher ocupou a Mesa Diretora foi por candidatura avulsa. “É muito triste observar que, geralmente, quando uma mulher toma atitudes ousadas, a sociedade opte por achar que sempre tem algum homem por trás”, condenou.

Bem como não garante ter firmado acordo com o Centrão, Marília diz que também não fechou acordo com as principais lideranças do PT. “Nunca existiu nenhuma reunião entre mim, o ex-presidente Lula e o companheiro Fernando Haddad para tratar da minha decisão de disputar a Segunda Secretaria de forma avulsa. Aliás, Fernando Haddad estava em Brasília e se reuniu com diversos parlamentares, mas nenhuma vez comigo. Nenhum dos dois sequer me telefonou”, confessou.

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