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O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), defendeu neste sábado, 9, que é preciso "libertar" o Orçamento do governo federal das emendas do Centrão, grupo político que domina o Congresso. Em discurso para a militância do partido, ele pediu também que os movimentos sociais continuem fazendo pressão sobre o Palácio do Planalto. As críticas de petistas ao Centrão ocorrem em um contexto no qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez alianças com legendas como o Republicanos e o PP, que apoiaram o governo Jair Bolsonaro, para tentar consolidar uma base aliada, principalmente na Câmara dos Deputados.

"Eu quero que vocês ajudem a empurrar o nosso governo, o nosso ministério, a organizar o nosso povo, porque política é como feijão, só cozinha na panela de pressão", declarou Teixeira, citando frase cunhada por Frei Betto. O ministro participou da Conferência Eleitoral realizada pelo PT, em Brasília, que tem o objetivo de debater as diretrizes para as eleições municipais de 2024. "Se tem ministério que tem pressão popular é o nosso", emendou, ao mencionar ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST).

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Teixeira disse que o orçamento do ministério que comanda é "pequeno", mas ressaltou que o governo Lula liberou recursos para a reforma agrária e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Ele destacou ações da pasta voltadas à agroecologia e afirmou que Lula quer diversificar a produção de alimentos no Brasil. "O cardápio do agro tem 15 produtos. O cardápio da agricultura familiar chega a 1000 produtos", declarou.

O petista, então, passou a criticar o grupo político dominante no Legislativo. "No Congresso Nacional, o Centrão impõe regras do orçamento secreto, que agora não é tão secreto, mas de captura do orçamento. A gente precisa libertar o orçamento para as políticas públicas do Brasil. Para isso, precisa ter uma mobilização, e os nossos deputados são tão parceiros", disse.

"Precisamos libertar o orçamento dessas emendas, porque essas emendas tinham que vir para a reforma agrária, a agricultura familiar, a mecanização", reforçou Paulo Teixeira. O ministro ainda disse que a "classe dominante" no Brasil não admite que trabalhadores rurais, camponeses, quilombolas, indígenas e sem-terra tenham direito à terra.

Nesta sexta-feira, 8, o PT aprovou a versão preliminar de uma resolução política que faz críticas ao Centrão. "As forças conservadoras e fisiológicas do chamado Centrão, fortalecido pela absurda norma do orçamento impositivo num regime presidencialista, exercem influência desmedida sobre o Legislativo e o Executivo, atrasando, constrangendo e até tentando deformar a agenda política vitoriosa na eleição presidencial", diz um trecho do documento.

Para aprovar sua agenda no Congresso, Lula fez uma série de mudanças ministeriais ao longo do ano para incluir na Esplanada partidos do Centrão. A aliança do governo com esse grupo político incluiu a ida de André Fufuca (PP) para o Ministério do Esporte e a de Silvio Costa Filho (Republicanos) para Portos e Aeroportos. Além disso, a presidência da Caixa Econômica Federal foi assumida por Carlos Antônio Vieira Fernandes, indicado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O comando da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) também está em negociação.

Nesta semana, o relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, Danilo Forte (União Brasil), apresentou seu parecer com uma série de medidas que aumentam o poder do Congresso sobre o Orçamento e reduzem o poder de barganha do Planalto nas votações.

Como antecipou o Broadcast Político do Estadão, o deputado estabeleceu um calendário que obriga o governo a empenhar (reservar para pagamento) todas as emendas até o mês de julho de cada ano. No caso de emendas das áreas de saúde e assistência social, a execução, ou seja, a liberação de fato do dinheiro, deverá ocorrer também nesse período.

Atualmente, o presidente da República edita decretos que fixam limites mensais de empenho e pagamento das verbas públicas. As emendas impositivas - as individuais e as de bancada estadual - são hoje de pagamento obrigatório, mas o governo consegue controlar o ritmo da liberação dos recursos. Com o calendário mais apertado estabelecido na LDO por Forte, os parlamentares ficarão menos "reféns" do Planalto, na visão de Forte.

Emendas parlamentares são recursos no Orçamento do governo federal que podem ser direcionados aos redutos eleitorais de deputados e senadores para, por exemplo, realizar obras e implementar políticas públicas. Em ano de eleições municipais, como é o caso de 2024, os parlamentares costumam usar essa prerrogativa para tentar impulsionar candidaturas de aliados a prefeituras e câmaras de vereadores.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, 22, que é normal conversar com o Centrão e que pensar o contrário é "uma coisa atrasada". Ele deu a declaração em cerimônia sobre o Minha Casa, Minha Vida, no Palácio do Planalto.

"Habitualmente eu ouço dizer assim: o presidente Lula conversou com o Centrão; o Centrão exigiu do presidente Lula tal coisa; o presidente Lula fez não sei das quantas. Uma coisa tão atrasada... porque não existe possibilidade de você exercer uma governança democrática se você não conversar com as pessoas", declarou o presidente da República.

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"Eu preciso conversar com governadores, eu preciso conversar com prefeitos, eu preciso conversar com deputados federais, não importa de que partido sejam eles, eu preciso conversar com senadores, não importa de que partidos sejam eles", disse o petista.

O governo Lula alterna momentos de proximidade com o Congresso, principalmente na pauta econômica, e momentos de desgaste. O presidente da República é aliado do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), mas não do chefe da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Um motivo de tensão atualmente é a portaria do Ministério do Trabalho que limita jornadas aos domingos e feriados. Deputados ameaçam votar para derrubar a norma ainda nesta quarta.

"É preciso que a gente estabeleça nesse país a criação de uma cultura em que as pessoas entendam como normal a necessidade de conversar", afirmou Lula. Ele também disse que não há problemas em o Congresso alterar propostas do Executivo, e que tem mais 3 anos de governo em que a convivência com outros setores políticos deve ser madura, sem ninguém precisar ceder em suas convicções.

"Muitas vezes uma emenda ajuda a melhorar. Muitas vezes uma emenda não atende ao que a gente queria, mas paciência, nós não somos os donos da verdade", disse o presidente. Ele também disse que se os governos federal, dos Estados e dos municípios trabalharem juntos seria possível zerar o déficit habitacional do Brasil.

Lula deu as declarações em discurso na cerimônia de anúncio da primeira seleção de propostas para o novo programa Minha Casa, Minha Vida. Os projetos são da faixa 1 do programa, para famílias com renda de até dois salários mínimos - ou seja, R$ 2.640 nos valores atuais. O governo planeja construir 187,5 mil novas unidades do tipo em 560 municípios.

Além disso, foi assinado um protocolo de intenções com a Academia Brasileira de Letras para criar um acervo de livros provenientes de doações. A ideia é incluir salas de leitura ou bibliotecas nas obras do Minha Casa, Minha Vida. O governo também lançou o edital do Prêmio Minha Casa, Minha Vida, que visa estimular sustentabilidade e inovações nos projetos do programa.

Além de Lula, também compareceram à solenidade ministros como Rui Costa (Casa Civil) e Jader Filho (Cidades), o vice-presidente Geraldo Alckmin, o presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, o governador do Ceará, Elmano de Freitas, e o presidente da Câmara Brasileira da Indústria de Construção, Renato Correia. Também compareceu o presidente da Academia Brasileira de Letras, Merval Pereira - ele também é colunista do jornal O Globo e comentarista da GloboNews.

Se, por um lado, os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a renda de 1% das pessoas mais ricas do Brasil é 32,5 vezes maior que a de metade dos mais pobres, por outro, o país avança com a reforma tributária, que promete simplificar impostos e demais contribuições de consumo para pessoas físicas, empresas e órgãos públicos. Levando em consideração esses pontos, o LeiaJá conversou com especialistas para saber se a proposta diminuirá as desigualdades sociais enfrentadas pela população brasileira.

Sufoco e vitória para o governo

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Em votação apertada, o Senado Federal aprovou na noite da última quarta-feira (8), em dois turnos, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária. Se eram necessários exatos 49 votos para a aprovação da proposta, os governistas puderam comemorar o desfecho da discussão do assunto na Casa, pois, em ambos os turnos de votação, o placar foi de 53 votos a 24. Mesmo com o avanço, o texto terá de voltar à Câmara dos Deputados por conta das alterações feitas pelos senadores.

Feliz pela decisão e prometendo que o avanço da reforma irá trazer uma série de desenvolvimentos para o seu estado, o senador Humberto Costa (PT-PE), que também é vice-presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, afirmou que a proposta "dá mais transparência ao sistema, favorece o crescimento e estimula a inclusão social, com, por exemplo, imposto zerado para cesta básica".

"Um texto que garante, ainda, a extensão dos benefícios fiscais para o setor automotivo até 2032, com reflexos positivos diretos sobre Pernambuco e a vida do nosso povo, dada a fábrica da Stellantis, em Goiana, na Mata Norte. É uma enorme conquista para o nosso futuro", escreveu o parlamentar em sua conta oficial no Instagram.

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Outro senador que comemorou a aprovação foi Fabiano Contarato (PT-ES). O político capixaba afirmou que “a nova regra vai simplificar o nosso sistema tributário, assegurando transparência e garantindo cidadania fiscal”.

Em linhas gerais, o texto da reforma tributária prevê que todos os produtos e serviços vendidos no Brasil terão um imposto federal unificado por meio de um “IVA dual”. Se, atualmente, o país tem cinco tributos, a ideia é que o novo imposto una IPI, PIS e Cofins em uma tributação federal e outra estadual e municipal, que unificaria ISS e ICMS.

Segundo o governo federal, que defende a proposta desde o início do ano, a reforma tributária, que é debatida no Congresso há cerca de 30 anos, vai impulsionar a economia do país e simplificar o sistema de cobrança de tributos. Sendo assim, vários aliados do presidente Lula (PT), assim como Humberto e Contarato, usaram a internet após a decisão do senado para expressarem suas satisfações com o avanço do tema.

Entretanto, as redes sociais não serviram como palcos apenas para a felicidade dos governistas, pois políticos da oposição criticaram a vitória da atual gestão. Como, por exemplo, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) que avaliou como “absurda” a aprovação da proposta.

“Esse texto absurdo da reforma tributária passou aqui no Senado. Eu não dou um ano para tá todo mundo aqui chorando. Votaram contra o povo brasileiro. Votaram contra o contribuinte. Esse texto não atende as necessidades do Brasil. Esse texto não vai mudar em nada a vida do contribuinte. Pelo contrário, o pequeno contribuinte, o pequeno empresário e o microempresário vão ser penalizados. Lamento”, disse a parlamentar bolsonarista.

A ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), também afirmou que "o texto virou uma disputa política" e que seu partido, o Republicanos, votou contra a reforma. Atualmente, a sigla da senadora ocupa cargo na gestão petista através do pernambucano Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) no comando do Ministério de Portos e Aeroportos. Na época da nomeação de Silvio para a pasta, especialistas afirmaram que Lula estava incluindo o partido do Centrão em sua gestão para poder garantir a sua governabilidade.

Mesmo com a votação apertada, o cientista político Rodolfo Marques avalia que a atual gestão "conseguiu avançar depois de quatro anos muito complicados do governo de Jair Bolsonaro. Ele acredita que o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP), fizeram uma boa articulação, mesmo com as diversas exigências do Centrão.

“Houve, obviamente, debate com o Centrão, embora a votação vá para a Câmara, provavelmente após o feriado, mas a discussão com Arthur Lira foi importante no Senado que tentou isolar os senadores mais oposicionistas, aqueles que foram eleitos em 2022. A relação de Lula com o Centrão é uma relação de tensão, é normal. O Lula já fez várias concessões, mas o Centrão lhe exige mais participação no governo e mais acesso a verbas públicas, mas foi uma importante vitória do governo e um golaço, digamos assim, da articulação de Lula e de Fernando Haddad", explica.

É prevista a diminuição das desigualdades?

Ao ser questionado sobre como a reforma tributária irá diminuir as desigualdades enfrentadas pela população brasileira, o estudioso afirma que os impactos da reforma tributária não serão imediatos.

“Os impactos, eles vão sendo sentidos pouco a pouco, não serão imediatos, mas você ter uma carga tributária mais adequada à situação do Brasil, uma situação que você tem muita gente precarizada em situações de desemprego e subemprego, então esse é um ponto importante. Há de se avançar na questão também da taxação grande de fortuna, algo que não foi obtido ainda nesse primeiro momento, que de certa forma o governo está encaminhando uma reforma tributária palpável, algo próximo do realizável, longe do ideal, mas próximo do realizável. Só que esse é um processo, e como todo processo político, ele depende do cumprimento de certas etapas”, pontua.

Com uma análise semelhante a do cientista político, o coordenador geral da Associação Pernambucana dos Fiscos Municipais (Apefisco) e presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais de Jaboatão dos Guararapes (Sinfam), Walter Souza, enxerga que "o custo político desta aprovação veremos no decurso do governo Lula com as conceções que tiveram que fazer em troca dos votos necessários".

Sobre os possíveis impactos da reforma tributária para a atual realidade do país, Walter destaca como serão os impactos para pessoas físicas e empresas: “Para o contribuinte pessoa física, não haverá muitas mudanças visíveis. Para as empresas elas terão inicialmente um custo para adaptar seus registros contábeis para atender ao fisco, inicialmente com os 2 regimes funcionando ao mesmo tempo, além do fato de, ao concederem benesses a alguns segmentos, a carga tributária originalmente pensada, não poderá ser operacionalizada”.

Como representante do Sinfam e Apefisco, Walter diz que os servidores do fisco acreditam que a reforma poderá diminuir as desigualdades de forma "gradual e a longo prazo", desde que, "o que se arrecada seja feito de forma progressiva, cobrando mais de quem tem mais e, principalmente, os gestores públicos sejam mais eficientes na contra prestação dos serviços pré-visualização à população".

Voltando para a Câmara 

Após a aprovação no Senado, o texto retorna para a Câmara dos Deputados, de onde a proposta foi originalmente apresentada pelo deputado Baleia Rossi (MDB-SP). No entanto, agora tem novos elementos incluídos pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM). 

Quem celebrou as mudanças feitas da matéria no Senado foi o deputado federal Pedro Campos (PSB-PE). O deputado diz torcer por avanços para o setor automotivo, especialmente de Pernambuco. “Vamos lutar para que a Câmara valide os avanços positivos da reforma tributária acrescidos pelo Senado, como a manutenção, até 2032, dos incentivos para o setor automotivo. Essa medida irá beneficiar diretamente o polo da Jeep, em Goiana, que gera emprego e renda para a população da Mata Norte pernambucana”, pontuou. 

O pessebista também também destaca os pontos sobre saneamento básico, que passaram por mudanças no Senado. “Houve uma alteração no texto para reduzir os impostos referente ao saneamento. Isso é importante para garantir que a reforma não gere aumento nas contas de água”, ponderou. 

Outro ponto que o parlamentar avalia como positiva a alteração, versa sobre o Fundo de Desenvolvimento Regional. “O novo texto prevê novos critérios para a divisão do fundo: 30% seguirá o critério populacional e 70% com os critérios do Fundo de Participação dos Estados e, desta forma, os estados que tem uma renda per capitã menor irão receber maior compensação do FNDR”, comemorou.

No Recife para o 9º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas (CSHS), na manhã desta quarta (1º), a ministra da Saúde, Nísia Trindade, comentou sobre o interesse do Centrão pelo seu cargo, mas disse confiar no compromisso do presidente Lula (PT) com a pasta.

A recém-demissão da ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano, reacendeu o debate sobre a articulação do Centrão contra quadros femininos do alto escalão do Governo Federal em troca de apoio ao presidente Lula (PT).

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Antes, a ex-ministra dos Esportes, Ana Moser, foi vítima desse tipo de atuação e precisou deixar o cargo. As investidas do Centrão também já ameaçaram Marina Silva, do Meio Ambiente, e Anielle Franco, da Igualdade Racial.

Nísia lidera um dos "ministérios-chave", com orçamento mais robusto e, naturalmente, sua cadeira atrai a cobiça de parte do Congresso. Ela assume que convive com a pressão pelo cargo, mas reafirmou que confiança em Lula para dar continuidade à gestão.

"Pressões haverá sempre, né? Mas acho que o importante é que estou fazendo o trabalho que me proponho a fazer com a confiança do presidente Lula", afirmou.

A ministra compreende que a escolha pelo seu nome foi uma forma do presidente usar a voz "no sentido de dizer que indicou não só uma mulher, mas uma mulher comprometida com o Sistema Único de Saúde (SUS)".

A gestora ainda destacou que o presidente mostrou estar comprometido com a pasta quando houve a remessa na ordem de R$ 20 bilhões  para o orçamento deste ano através de Emendas Constitucionais. O recurso foi fundamental para retomar programas previstos pelo grupo de transição, pontou Nísia, que prometeu novos lançamentos até o fim do ano, sem dar detalhes.

Agenda no Recife

Primeira mulher a assumir o Ministério da Saúde, Nísia Trindade participou do 9º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas (CSHS), na Concha Acústica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na Zona Oeste da cidade, nesta manhã.

Ela foi um dos destaques da programação com a conferência "A relevância das ciências sociais e humanas na reconstrução crítica da saúde brasileira", na qual pontuou sobre a figura dos conflitos sociais no centro do debate das políticas públicas e o papel da pasta em retomar a confiança da população no processo de reconstrução da Saúde no Brasil.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira, 25, que só ele "coloca" ou "tira" alguém da presidência da Caixa Econômica Federal. A chefia do banco é desejada pelo Centrão e pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O grupo pressiona para emplacar um nome de sua confiança no cargo.

"Só eu tenho o direito de colocar, só eu tenho o direito de tirar. Então, fique tranquilo que isso será feito com a maior tranquilidade", disse o presidente depois de questionado por jornalistas se haveria troca no banco. "Na hora em que eu tiver que mexer em alguma coisa, eu vou mexer", declarou ele.

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"O único cargo que eu não posso mexer é no meu e no do Alckmin, que foi o povo brasileiro que deu. Mas o restante eu posso mexer em qualquer um e posso dizer que, por enquanto, não estou disposto a mexer com nada", disse o petista.

O presidente disse que nunca fica "nervoso" com a Câmara nem com o Senado, e que governar não lhe tira o sono. "Ninguém me ofereceu a Presidência da República, eu briguei para estar aqui", afirmou ele.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo que, após receberem ministérios, as bancadas do Progressistas e do Republicanos na Casa farão parte da base do governo. Ele também confirmou que as negociações envolvem a Caixa Econômica Federal, e que as 12 indicações políticas para as vice-presidências do banco passarão por ele.

O Progressistas e o Republicanos foram contemplados com dois ministérios - Esportes e Portos e Aeroportos, que foram respectivamente para os deputados federais André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE).

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Saíram dos cargos Ana Moser e Márcio França - este alocado em uma nova pasta, o Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.

"É claro que, quando um partido indica um ministro que era líder de um partido na Câmara [caso de André Fufuca], a tendência natural é que esse partido passe a ser base de apoio ao governo na Câmara dos Deputados, como Republicanos, como outros partidos", disse o presidente da Câmara.

Falando pelo seu partido, o PP, Lira garantiu que a sigla agora faz parte da base, à revelia do líder da legenda, o ex-ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro, senador Ciro Nogueira. "Estamos tratando de base de apoio. Não estamos tratando de outros tipos de projetos [políticos], por enquanto. Não quer dizer que [isso] não possa avançar, mas por enquanto nós estamos falando de apoio político no Congresso", explicou.

O presidente da Câmara, no entanto, fez questão de pontuar que fazer parte da base não garante que todos os filiados irão votar sempre com o Executivo. "Não [é possível], porque nenhum partido dá todos os votos. Mas eu acredito em uma base tranquila", afirmou. Com a nova configuração, Lira calcula que agora o governo tem entre 340 e 350 votos, que é suficiente para aprovação de Propostas de emenda à Constituição (PEC).

No que diz respeito às indicações para a Caixa, Lira afirmou que a ideia é contemplar diversas legendas de centro, como União Brasil, Republicanos e até parte do PL. "Ali as coisas têm que ser tratadas com muita transparência e vão ser tratadas com muita clareza. E vão ter, claro, indicações políticas que não serão criminalizadas por isso. A turma terá responsabilidade. A exoneração é o primeiro convite para quem não andar corretamente", disse.

Outra parte do acordo que ainda falta ser efetivado é que o Republicanos ficará com os cargos da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

O Centrão se prepara para travar novas batalhas com o governo Lula. Depois de desalojar Ana Moser do Ministério do Esporte, o PP quer agora "porteira fechada" na Caixa Econômica Federal. A troca na presidência da Caixa está acertada com o bloco, mas as negociações chegaram a um impasse porque o Palácio do Planalto não aceita ceder os outros cargos do banco.

No jargão político, "porteira fechada" significa dar a um mesmo partido ou bloco autonomia para preencher todos os postos da estrutura sob sua direção. O Planalto concordou em nomear a ex-deputada Margarete Coelho para comandar a Caixa. Não admite, porém, entregar as 12 vice-presidências da instituição bancária para indicados do Centrão, que tem o núcleo duro formado pela trinca PP, Republicanos e União Brasil.

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Aliada do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) - principal líder do grupo partidário -, Margarete é atualmente diretora de Administração e Finanças do Sebrae. Se não houver reviravolta de última hora, ela substituirá Rita Serrano na presidência da Caixa.

Na semana passada, militantes publicaram fotos de Margarete em campanha por Jair Bolsonaro na eleição do ano passado. São imagens dela em eventos no Amapá e em Roraima, inclusive ao lado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Tempo

Ligada ao PT, Rita Serrano é vista no Congresso como uma técnica que não atende a demandas políticas. Diante das insatisfações, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu a troca antes mesmo de viajar, no último dia 7, para a Índia - onde participou da reunião de cúpula do G-20. Mas, na prática, sua estratégia é ganhar tempo.

A posse dos deputados federais André Fufuca (PP-MA) no Ministério do Esporte e de Sílvio Costa Filho (Republicanos-PE) em Portos e Aeroportos está marcada para esta quarta-feira, 13, às 10 horas. A partir daí começa a segunda fase das substituições promovidas por Lula, desta vez em bancos e autarquias.

A diretoria de Habitação da Caixa, ocupada por Inês Magalhães, é hoje um dos principais alvos de disputa entre o PT e o Centrão. Inês cuida do programa Minha Casa, Minha Vida e chegou a ser ministra das Cidades por um mês, em 2016, às vésperas do impeachment de Dilma Rousseff. O PT tenta a todo custo segurá-la no cargo.

Outra queda de braço reside na definição das novas secretarias do Ministério do Esporte. A mais cobiçada pelo PP de Lira é a que vai cuidar da arrecadação dos impostos sobre apostas esportivas. A previsão é de que entrem no caixa do governo até R$ 12 bilhões por ano, quando o mercado estiver totalmente regulamentado.

O embate ocorre porque é o ministro da Fazenda, Fernando Haddad - e não o do Esporte -, quem vai bater o martelo sobre o modelo dessa secretaria. A principal fatia da taxação das apostas esportivas ficará com a Fazenda, que também montará uma estrutura para combater a prática de lavagem de dinheiro.

Funasa

Além da Caixa e dos cargos vinculados ao Ministério do Esporte, o Centrão tem mais um objeto de desejo: a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). O governo chegou a enviar ao Congresso uma medida provisória para extinguir a Funasa, que tem orçamento de R$ 2,8 bilhões para 2024, mas não conseguiu aprovar a iniciativa e foi obrigado a recuar para não ser derrotado.

Deputados do Republicanos, partido que ganhou Portos e Aeroportos, reivindicam o comando da Funasa. O PSD de Gilberto Kassab - atual secretário de Governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), em São Paulo, - e o PP de Lira também querem a autarquia.

A cobrança é para que a Funasa fique sob a alçada da Saúde, e não do Ministério das Cidades. O ataque especulativo tem motivo: a Saúde abriga mais da metade das emendas parlamentares individuais (R$ 11 bilhões de um total de R$ 21 bilhões). É por isso que o PP do presidente da Câmara sempre tentou, sem sucesso, ocupar a cadeira de Nísia Trindade, atual titular do Ministério da Saúde.

O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, é um dos que mais criticam, na Esplanada, os pedidos de "porteira fechada" feitos pelo Centrão. "Quem quer porteira fechada deve comprar uma fazenda com porteira, fechada, com tudo o que está dentro. Compra o cabrito, a cabra, o cavalo, a galinha, o pato, o peru", disse Marinho ao Estadão, em entrevista publicada no fim de janeiro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está para anunciar uma minirreforma ministerial, que deve incluir a demissão da ministra do Esporte, Ana Moser, ex-jogadora de vôlei e medalhista olímpica e que deve ser substituída por um político do "centrão".
Lula e Moser conversaram por cerca de uma hora na última terça-feira (5), no Palácio do Planalto, mas a saída da ministra ainda não foi oficializada. "O técnico entra com um time em campo, mas no decorrer do jogo ele vai mudando.

É muito difícil chamar uma pessoa para dizer: 'Eu vou precisar do teu ministério'. Essa é a política, nós precisamos construir maioria no Congresso", afirmou o petista no programa Conversa com o Presidente.
Moser deve ser substituída pelo deputado federal André Fufuca (PP), correligionário do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que vem pressionando o governo para ampliar o espaço do "centrão" nos ministérios. Em troca, Lula espera obter uma margem mais confortável de votos para aprovar seus projetos no Congresso.
As negociações entre o presidente e Lira, que foi aliado do ex-mandatário Jair Bolsonaro (PL), já duram quase dois meses.
"A reforma ministerial está caminhando", afirmou ontem o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento e Indústria, Geraldo Alckmin (PSB), após uma reunião com Lula.
Alckmin poder ter que deixar o Ministério do Desenvolvimento para dar lugar ao atual ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), cuja pasta atual seria entregue ao deputado Silvio Costa Filho, do Republicanos, partido do "centrão" e ligado à Igreja Universal do Reino de Deus.

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*Da Ansa

A movimentação pelas eleições municipais do próximo ano já agita os bastidores do Congresso e o Centrão vem pressionando por mais espaço no governo federal. Mesmo sem ceder aos principais anseios do bloco, o presidente Lula (PT) precisou demonstrar sua capacidade de articulação para domar os partidos da base e aliviar o bolsonarismo. 

Após quase oito meses de mandato, o Centrão já tentou assumir os Ministérios da Saúde e dos Esportes, de Nísia Trindade e Ana Moser, e vem negociando o comando de secretarias importantes, com grande aporte financeiro, para investir em 2024. Em um momento de aprovações importantes na Câmara e no Senado, o presidente abriu algumas concessões, mas, no geral, não deixou a corda esticar. 

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A cientista política Priscila Lapa concorda que Lula vem mantendo clareza na escolha das grandes pastas, como prometido na campanha, e que a maioria do Câmara bolsonarista pode ter travado o início da sua nova gestão em alguns momentos.  

"A impressão é de que ele estava se situando dentro do novo contexto político do país. Ao mesmo tempo que tem clareza de que precisa sinalizar para sua base de apoio, mantendo as escolhas ministeriais, precisa começar a enfrentar os termos dessa relação com o Centrão. Acredito que ele estava esperando o 'time' para as ações, uma vez que o Centrão ainda estava muito atrelado ao bolsonarismo", observou a analista.  

Sem dúvidas, um dos pontos-chave para que Lula marcasse posição foi a operação da Polícia Federal contra o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), e seus assessores. Priscila entende que as investigações deram espaço para que o presidente estreitasse a relação com as lideranças do bloco. 

"Lira se enfraqueceu muito perante a opinião pública, mas não perdeu o apoio dos pares, o que abriu a oportunidade para aproximação do presidente Lula", pontuou. 

Sem dúvidas a relação com o Centrão é caracterizada por altos e baixos. Foi assim com todos os presidentes, que precisaram enfrentar ou negociar com seus representes no Legislativo. 

Entre os riscos e benefícios de ter o Centrão como aliado, a cientista acredita que Lula deve impor limites para não implodir seu apoio popular. "Lula precisa ter muito jogo de cintura, está num momento crucial para essa relação com o Congresso para se fortalecer, mas é preciso não melindrar as bases de apoio popular, de partidos e pautas que são muito caras para seu eleitorado cativo, como a representação feminina". 

Resistindo às pressões vindas dos partidos do Centrão, que pedem mais espaço e cargos no governo Lula, o presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), Marcelo Freixo (PT-RJ), afirmou nesta quarta-feira (19) que somente o presidente Lula (PT) pode tirá-lo da função.

Em declaração para uma entrevista da GloboNews, Freixo fez questão de pontuar: "Quem me colocou na presidência da Embratur foi o presidente, quem pode me tirar da presidência da Embratur é o presidente Lula. Tenho muita tranquilidade nesse debate. O que me cabe é trabalhar".

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Sobre a recente mudança no Ministério do Turismo, que substitui Daniela Carneiro por Celso Sabino (UB-PA), o deputado licenciado disse ser "natural o União Brasil pedir o ministério [do Turismo] inteiro".

"Entendo a relação de governança, fui deputado, líder da oposição em relação ao governo passado. Tem que ter governança, diálogo. Acho natural o União Brasil pedir o ministério inteiro, acho que faz parte do jogo", afirmou. Além disso, Marcelo Freixo afirmou que mantém uma boa relação com o novo ministro do Turismo.

"Minha relação com Celso Sabino é a melhor possível. A gente foi amigo no Congresso, trabalhamos juntos em diversos projetos. Já conversei com Celso depois que ele assumiu".

Em meio ao rearranjo de forças nos ministérios, o líder do PSB na Câmara, Felipe Carreras (PE), afirmou que a entrada de partidos do Centrão na Esplanada é decisiva para a governabilidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O deputado disse, no entanto, que "não seria inteligente" tirar de Geraldo Alckmin, seu correligionário, a pasta do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, movimento que é especulado nos bastidores.

Depois de oficializar a troca no Ministério do Turismo a pedido do União Brasil, com a saída de Daniela Carneiro e a entrada de Celso Sabino, Lula precisa fazer novos movimentos para acomodar o PP e o Republicanos. Uma das negociações envolve o Desenvolvimento Social, comandado pelo petista Wellington Dias, mas o PT e o próprio Lula resistem a abrir mão da pasta responsável pelo Bolsa Família. O impasse deve ser resolvido somente em agosto, após o recesso do Congresso.

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"Democraticamente, a Câmara é formada, em sua maioria, por deputados de centro-direita", declarou Carreras. "Nós temos apenas 136 parlamentares do nosso campo de esquerda. O centro fazer parte do governo eu não acho só justo, acho inteligente, decisivo para a governabilidade. Eu acho uma jogada política muito inteligente do presidente Lula", emendou o líder do PSB.

Diante da possibilidade de as mudanças na Esplanada desagradarem partidos aliados ao Palácio do Planalto, atores políticos consideram que Alckmin poderia, em último caso, perder o comando do ministério em prol da governabilidade, já que ainda exerceria o cargo de vice-presidente. "Não acho que vão mexer no PSB", respondeu Carreras, ao ser questionado sobre a especulação em torno do MDIC. Ele ressaltou que seu partido faz parte também do maior bloco partidário da Câmara, junto com o União Brasil e o PP do presidente da Casa, Arthur Lira (AL).

"O vice-presidente Geraldo Alckmin foi decisivo para uma eleição tão apertada para o presidente Lula, justamente pelo seu perfil, foi governador de São Paulo durante quatro mandatos. Ele empresta uma imagem de muito equilíbrio, de centro-direita. Foi estratégico para a composição da chapa", argumentou Carreras. "Eu acho que ele está comandando muito bem a área no ministério. Eu não acho uma jogada no tabuleiro de xadrez inteligente do presidente Lula mexer no vice-presidente Alckmin", disse. Ele defendeu ainda os ministros Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública) e Márcio França (Portos e Aeroportos), ambos também do PSB.

Apenas Sabino no Turismo não resolve

Na avaliação de Carreras, a ida de Celso Sabino (União Brasil-PA) para o Ministério do Turismo ainda não resolve a formação da base aliada de Lula. Ele defendeu que mais espaços no Executivo sejam dados ao PP e ao Republicanos. Além disso, declarou que a demora na liberação de emendas e de cargos regionais ainda não foi resolvida pelo governo.

"Eu imagino que ainda não há clareza de uma base sólida do governo. Agora, deu uma arrumada, com essa questão do deputado Celso Sabino, na bancada do União Brasil, mas não resolveu", declarou Carreras. "O União Brasil, pela sua expressão, pelo seu tamanho, a terceira maior bancada, eu acho que precisa ocupar outros espaços, assim como, eu imagino, o próprio PP e o Republicanos, de alguma forma. Eu torço por isso, trabalho por isso, faço interlocução, como aliado de primeiro hora do presidente Lula", emendou.

O deputado disse que tanto na bancada do PSB quanto em outros partidos ainda há muitas críticas sobre o ritmo de liberação de emendas e de nomeação de aliados em cargos regionais. De acordo com ele, "não há gratidão" dos parlamentares apenas com o pagamento das emendas impositivas, que são obrigatórias. "A gente espera que no segundo semestre, logo em agosto, as coisas deslanchem."

"É muito ruim quando você gera uma expectativa na classe política e ela não é concretizada. A gente teve um ambiente, no primeiro semestre, muitas vezes, de fragilização dos líderes. Na medida em que tinha possibilidade de emendas extras para novos parlamentares, na medida em que era sinalizado um espaço regional para quem compunha a base, e isso não deslancha, recai sobre o líder, que tem obrigação de fazer gestão junto com o Palácio do Planalto", explicou.

Na avaliação de Carreras, o que foi decisivo para a aprovação da reforma tributária e do projeto que retoma o voto de desempate a favor do governo no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) foi a atuação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, junto ao Congresso. Ele também elogiou a "largueza política" do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que acabou apoiando a reforma, mesmo sendo ex-ministro do governo Bolsonaro.

O Centrão ganhou mais espaço no governo Lula nesta quinta-feira, 13, com a indicação do deputado federal Celso Sabino (União Brasil-PA) para o comando do Ministério do Turismo. Conhecido por apoiar o governo de ocasião em troca de cargos e emendas, o bloco está longe de se dar por satisfeito e almeja novos cargos. Lula tenta blindar pastas que são caras ao PT, como a Saúde e o Desenvolvimento Social, e afirmou que novas trocas na Esplanada só serão discutidas em agosto, após o recesso parlamentar.

Na mira do Centrão estão a chefia de outros ministérios e de empresas públicas, provocando pressão por uma reforma ministerial. O Planalto, com problemas de articulação no Congresso, precisa do apoio de parlamentares do bloco para aprovar projetos de seu interesse.

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Confira outros ministérios e empresas públicas que podem sofrer mudanças:

Ministério da Saúde

Comandado pela ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade, a Saúde tem orçamento atual de R$ 189 bilhões. O Centrão pressiona pela substituição da chefe da pasta, mas, até o momento, a ministra está blindada pela estrutura do governo, que não quer abrir mão de ter uma liderança técnica no ministério.

O presidente Lula afirmou, no último dia 5, que a ministra permanece no posto e pode "dormir tranquila". "Na semana passada, tinha visto uma pequena nota num jornal com alguém reivindicando o Ministério da Saúde. Fiz questão de ligar pra Nísia e dizer: Nísia, vá dormir e acorde tranquila, porque o Ministério da Saúde é do SUS", disse Lula.

O ministério que abriga programas sociais como o Bolsa Família foi colocado estrategicamente sob o controle de Wellington Dias, quadro histórico do Partido dos Trabalhadores. A pasta é alvo de pressão do Progressistas, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que busca emplacar seu líder, o deputado André Fufuca (PP-MA), no cargo.

Em entrevista concedida para a TV Record nesta quinta, o presidente da República negou a possibilidade de mudança. "Esse ministério é meu, não sai do PT", disse Lula. No último dia 7, a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, também defendeu a permanência de Dias, chamando a pasta de "coração do governo, a menina dos olhos de Lula", por abrigar as políticas públicas mais caras ao PT.

Uma alternativa cogitada pelo Centrão é divisão da pasta. Com isso, seriam criados os ministérios do Desenvolvimento Social, mantido com Wellington Dias, e do Combate à Fome, com indicação do PP.

Ministério dos Esportes

O Republicanos, que não possui nenhum ministério no governo Lula, também quer emplacar um nome na Esplanada. A tentativa do partido é convencer o governo a nomear o deputado pernambucano Silvio Costa Filho para o lugar de Ana Beatriz Moser, ex-jogadora de vôlei e empreendedora social que lidera a área do esporte desde a transição de governo, em 2022.

Embratur

Presidida por Marcelo Freixo (PSB-RJ), a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo é ligada ao ministério que agora vai para as mãos de Celso Sabino. A pressão é para que o comando da Embratur também passe para o União Brasil, que deseja um ministério "completo", como afirmado pelo líder do partido na Câmara, Elmar Nascimento (União Brasil-BA).

Funasa

No começo do ano, o governo editou uma Medida Provisória para extinguir a Fundação Nacional da Saúde, órgão ligado ao Ministério da Saúde, que foi controlado pelo Centrão durante o governo Bolsonaro. Contudo, a MP não foi votada pelo Congresso e perdeu a validade.

Agora, segundo o deputado Danilo Forte (União-CE), o governo deve publicar um decreto estruturando uma comissão provisória para a reestruturação da Funasa. Embora o Planalto queira mover o órgão para o Ministério das Cidades, o Centrão briga para que ele seja mantido sob o guarda-chuva da Saúde, para ser turbinado com emendas parlamentares devido ao orçamento da pasta.

Correios

Outro alvo do União Brasil são os Correios. Hoje, a empresa pública é presidida pelo advogado Fabiano Silva. Contudo, o governo tem sido firme na defesa da manutenção da estatal sob o comando do PT, pois, além de bem avaliado pela cúpula do Planalto, Silva foi uma indicação pessoal de Lula e pertence ao grupo de advogados Prerrogativas, que atuou na defesa do presidente durante a Lava Jato.

Caixa Econômica Federal

Presidida atualmente por Rita Serrano, a Caixa está na mira do PP, que quer indicar Gilberto Occhi, ex-ministro dos governos de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB), que já presidiu o banco, também no governo do emedebista.

Turismo é segunda troca na Esplanada

A troca no Turismo foi a segunda mudança ministerial de Lula em 193 dias, desde o início da atual gestão. Em 19 de abril, o general Gonçalves Dias pediu demissão do cargo de ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), após o vazamento de um vídeo que mostrava o ex-ministro circulando entre golpistas durante a invasão ao Palácio do Planalto em 8 de janeiro.

O Centrão quer comandar o Ministério dos Esportes e vem pressionando pela saída da ministra Ana Moser. Assim como foi feito com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o bloco cobra a gerência da pasta depois do apoio ao governo nas votações da Reforma Tributária e do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) na Câmara. 

O doutor em Ciência Política Pedro Soares pontuou que os Ministérios servem como suporte ao desenvolvimento do governo, ao mesmo tempo que são parte do Executivo. Em uma gestão de coalizão, como a vivida no Brasil, eles acabam sendo negociados por apoio à agenda política da situação. 

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"Os ministérios, seja ele qual for, são mecanismos de apoio do Executivo e, pelo fato de serem mecanismo importantes na estruturação, no suporte e no caminhar de um governo, eles terminam se tornando moeda de troca, principalmente naqueles regimes que adotaram o presidencialismo de coalizão, como nos países da América Latina de maneira geral, explicou. 

O presidente Lula (PT) conseguiu manter Nísia Trindade no cargo e, agora, se desdobra para garantir a permanência de Ana Moser. A diferença nos dois casos é a posição do Ministério dentro do governo e a quantidade de recursos disponíveis. A Saúde é uma das pastas prioritárias e mais robustas, enquanto o Ministério dos Esportes tem status de pasta secundária, sendo alvo mais fácil na pauta de negociações. 

O presidente do Republicanos em Pernambuco e vice-líder na Câmara, o deputado Silvio Costa Filho, aparece entre os nomes cotados a assumir o cargo de Ana Moser. A escolha contraria a carreira da ministra, que fez parte do grupo que trouxe a primeira medalha olímpica de vôlei para o Brasil e conhece as necessidades de investimento para o desenvolvimento de atletas. 

"De maneira 'racional', Silvio Costa Filho não seria a pessoa mais indicada. Não teria uma pessoa mais indicada do que uma personalidade que foi esportista", comentou o cientista. 

Nas redes sociais, atletas e apoiadores do atual governo fizeram uma campanha pela permanência da gestora. Na avaliação de Pedro Soares, Lula não vai ceder à pressão sobre a cadeira da ministra, no entanto, terá que compensar o Centrão para preservar a relação com o Congresso. 

"Não acredito que vá acontecer, porque a pressão para que Ana Moser fique é muito grande. Talvez haja uma troca, como a gente presencia isso desde o primeiro governo Lula. O governo Lula é extremamente articulador e sabe estabelecer uma troca dentro das alas políticas que fazem parte dessa grande coalizão", concluiu. 

Nessa terça-feira (11), a ministra se reuniu com o presidente Lula e com os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e de Comunicação da Presidência, Paulo Pimenta antes de viajar como representante do governo brasileiro na Copa do Mundo Feminina de Futebol, na Oceania. A previsão é que a pressão aumente enquanto a ministra estiver fora do país.

A pressão de deputados do Centrão para a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) ficar sob o guarda-chuva do Ministério da Saúde em vez do das Cidades, como prefere o governo Lula, se deve ao interesse pela execução de emendas - frações do Orçamento cujo destino é definido por congressistas, normalmente para financiar obras nas bases eleitorais.

A Constituição determina que 50% dos recursos de emendas parlamentares individuais sejam destinadas à área de Saúde. Colocar a Funasa no Ministério das Cidades reduziria o potencial de entrega de obras porque faria a estrutura ter menos dinheiro à disposição. Consequentemente, dificultaria que deputados e senadores faturassem politicamente com benfeitorias realizadas pelo órgão.

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O Orçamento de 2023 foi aprovado com R$ 21,2 bilhões para emendas individuais reservados. Trata-se de um gasto impositivo, que o Executivo não tem como impedir a execução. Congressistas têm acesso a esse dinheiro independentemente de estarem na base do governo ou na oposição.

O valor foi aumentado do ano passado para este por uma emenda constitucional, mas a obrigatoriedade de destinar metade dos recursos à Saúde foi mantida. A manobra foi uma forma de substituir as emendas de relator, derrubadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

A preferência pela disponibilidade de recursos do Ministério da Saúde faz com que os político do Centrão, nesse caso, deem pouca importância para o perfil não-político da ministra da área, Nísia Trindade.

Ela é uma das integrantes do primeiro escalão que mais desagrada ao Congresso. Deputados e senadores do Centrão fazem carga para que algum integrante do grupo a substitua no cargo, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) banca a permanência de Nísia.

Governo tentou extinguir Funasa

O governo de Lula tentou extinguir a Funasa e delegar suas atribuições ao Ministério das Cidades, comandado por Jader Filho. Houve forte reação do Congresso, e agora o Planalto negocia qual vai ser a nova versão do órgão.

O assunto foi discutido no Planalto na terça-feira, 11, em reunião com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, representantes da Casa Civil e com os congressistas Danilo Forte (União Brasil-CE), Dr. Hiran (PP-RR) e Daniella Ribeiro (PSD-PB).

O resultado da conversa foi o indicativo de retirada de pauta, pelo Senado, do projeto que ressuscita a estrutura da Funasa na forma como era antes do governo Lula. O Planalto correrá sério risco de derrota se a proposta, pautada para esta quarta-feira, 12, for votada. Haverá mais conversas entre o governo e congressistas sobre o assunto durante a tarde.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou a permanência da ministra da Saúde, Nísia Trindade, no governo, em meio à vontade do Centrão por mais espaço na Esplanada. Ao elogiar o trabalho da ministra à frente da pasta, ele disse que a ministra pode ficar tranquila sobre a continuidade no cargo.

"Na semana passada, tinha visto uma pequena nota num jornal com alguém reivindicando o Ministério da Saúde. Fiz questão de ligar pra Nísia e dizer: Nísia, vá dormir e acorde tranquila, porque o Ministério da Saúde é do SUS", declarou Lula, discurso na 17ª Conferência Nacional de Saúde, nesta quarta-feira, 5, em Brasília.

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"Temos uma mulher no Ministério da Saúde para cuidar do povo! Tenho muita sorte no Ministério da Saúde, todos eles foram extraordinários. Mas precisou uma mulher para fazer mais", acrescentou. Com orçamento de R$ 189 bilhões, o ministério é alvo do desejo dos parlamentares que vislumbram emendas, cargos e projeção eleitoral.

O Centrão busca ocupar mais espaços no governo, após uma "insatisfação generalizada" de deputados com a demora na liberação de emendas do governo federal. Um dos principais focos de reclamação dos parlamentares é justamente com as travas para empenhar verbas na Saúde, que tem um dos maiores orçamentos da Esplanada. No final de junho, ela se reuniu com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Como mostrou o Estadão, Lula resiste a trocar o comando da pasta. O presidente pediu que interlocutores informassem aos parlamentares que "de jeito nenhum" tiraria Nísia Trindade do Ministério da Saúde. Em entrevista na semana passada, o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, negou a possibilidade de saída de Nísia.

Na manhã desta quarta, 5, Lula se reuniu com a ministra no Palácio da Alvorada, residência oficial da presidência da República. O encontro também foi acompanhado pelos ministros Rui Costa (Casa Civil), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral), Alexandre Padilha (SRI) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União).

O Centrão ambiciona muito mais que os nove ministérios que já detém no governo Lula (PT). De olho no orçamento de R$ 162 bilhões previstos para a Saúde em 2023 e em como a gestão da pasta pode facilitar nas eleições de 2024, o bloco articulado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), pressiona pela saída da ministra Nísia Trindade. 

Os últimos quadros políticos no comando do Ministério da Saúde foram do Centrão. Em 2016, o deputado Ricardo Barros (PP) foi nomeado como ministro por Michel Temer (MDB) e, após eleito, Jair Bolsonaro (PL) optou por Luiz Henrique Mandetta (União) para o início da sua passagem na Presidência. 

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Diferente dos antecessores, o presidente Lula (PT) não quis um parlamentar na Saúde no início do novo governo e apresentou a cientista, professora e socióloga Nísia Trindade como uma escolha técnica para a pasta. 

"Ela é uma acadêmica superimportante, uma intelectual superimportante. Presidiu a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que é uma das principais instituições de pesquisa no Brasil, fundamental no contexto de enfrentamento da pandemia, apesar dos boicotes feitos pelo governo Bolsonaro", observou o doutor em Ciência Política, Rodolfo Marques. 

Com a missão em recompor programas sociais e fomentar a industrialização da Saúde com a criação de um complexo de parques de produção de insumos para auxiliar o Instituto Butantan e a Fiocruz, em seis meses de gestão, Nísia conseguiu reestruturar o Mais Médicos, o Brasil Sorridente e ampliou a Farmácia Popular. Contudo, parece que faltam holofotes aos feitos da ministra, ponto em que o Centrão se apega para aumentar a pressão sob seu cargo. 

Uma das ferramentas que pode destacar sua atuação é a 17ª Conferência Nacional de Saúde, que iniciou nesse domingo (2). O objetivo do evento é ouvir e debater com entidades, instituições, congressistas e com a sociedade civil sobre medidas em prol do Sistema Único de Saúde (SUS). 

O Centrão no Ministério da Saúde

A negligência com a Saúde foi um dos destaques negativos dos quatro anos de governo Bolsonaro. Antes mesmo da pandemia, Mandetta já discursava sobre a diminuição do SUS com a abertura do setor privado na Saúde ao passo em que o investimento em pesquisas científicas e repasses para hospitais universitários foram congelados.  

Na contramão do desejo de Lula (PT), ao deixar o MS nos cuidados da ex-presidente da Fiocruz, o Centrão não esconde o interesse em controlar um dos maiores orçamentos ministeriais, sobretudo após Nísia cortar a distribuição de recursos para projetos que não atendam às normas da pasta.  

 O cientista Rodolfo Marques indicou que o Centrão pretende se "equipar" para as eleições municipais do próximo ano. "A Saúde tem uma visualização e um operacionalização nas cidades. E, claro também, olhando 2026", projetou.  

Além de bilhões em caixa e da publicidade entorno da pasta, a figura indicada pelo Centrão terá poder de atrapalhar políticas de Saúde propostas por adversários e selecionar o destino de emendas parlamentares para cidades estratégias ao seu plano político. 

Lula resiste ao cerco do Centrão

Por enquanto, o presidente não deu sinais de que vai ceder à pressão. No entanto, governar contra a maioria da Câmara e sofrer perdas em votações fundamentais pode minar sua governabilidade e aprovação perante os brasileiros.  

Como uma saída que atenda ao anseio do Centrão e, ainda assim, garanta certo grau de autonomia à Nísia Trindade na pasta, Lula (PT) deve negociar as secretarias robustas, como a de Atenção Especializada e a própria Fundação Nacional de Saúde (Funasa), como lembrou Marques. 

"Seria uma maneira de compor a estrutura do ministério atendendo essa base do Centrão, sem perder a essência, sem perder a liderança da ministra Nísia e desse viés mais técnico e científico que Lula pretende implantar nessa pasta tão fundamental", avaliou o cientista político. 

Em ano que precede as eleições municipais o Centrão começou a cobiçar tomar assento em um dos ministérios do Governo Lula (PT): o Ministério da Saúde. Uma das explicações nessa tentativa de tirar Nísia Trindade da cadeira, está no fato que a pasta é a terceira com mais verba para as gestões implementarem. O orçamento previsto é na ordem de R$ 181,6 bilhões. 

A gorda verba salta aos olhos dos integrantes do Centrão como uma possibilidade político-eleitoral de ascender e tentar eleger seus integrantes em 2024, seja como prefeitos ou vereadores. 

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 Neste sentido, os aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) têm trabalhado para emplacar o nome de Ricardo Barros (PP-PR), que foi líder do Governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Câmara, para comandar o Ministério da Saúde. 

Mas Barros já tem experiência no Ministério da Saúde, pois comandou a pasta no Governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), justamente em um acordo do então presidente e o Centrão. Na época, a relação de Ricardo Barros com a Anisa teve tom de conflito. Um contrato de R$ 20 milhões em medicamentos que não foram entregues, por conta da determinação da Anvisa em barrar a importação dos produtos, gerou uma ação movida pelo Ministério Público Federal, em 2019.

   Já na gestão de Bolsonaro, Barros se envolveu no caso da compra da vacina Covaxin. Ele foi autor de uma emenda parlamentar que facilitou a compra das vacinas. Na ocasião, ele negou sua participação no caso.

  “Não participei de nenhuma negociação em relação à compra das vacinas Covaxin. Não sou esse parlamentar citado. A investigação provará isso”, escreveu, no Twitter. Ciente da movimetação e das articulações do PP para colocar um nome da legenda comandando a pasta, o presidente Lula (PT) já sinalizou que não tira Nísia do Ministério. Na última segunda-feira (19), o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, deixou claro que “não existe nenhuma chance” de a ministra da Saúde, Nísia Trindade deixar o Governo Lula. 

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No Twitter, internautas atacam o Centrão e fazem coro: Nísia Trindade fica! 

Nas redes sociais, neste domingo (25), o assunto ficou entre os assuntos mais comentados do Twitter. Muitas pessoas saíram em apoio à Nísia e atacaram o Centrão e Ricardo Barros.

"Esse é o deputado Ricardo Barros que o centrão pressiona para substituir a ministra Nísia Trindade. Ele é alvo de, pelo menos, 12 inquéritos STF envolvendo gestões suas a frente da Prefeitura de Maringá (1989-1993) e do Ministério da Saúde (2016-2018) e é investigado por envolvimento nas denúncias de compra 1.000% superfaturada da vacina indiana Covaxin. NÍSIA TRINDADE FICA", denunciou um perfil.

'Alô Centrão: Não ousem meter suas mãos podres no Ministério da Saúde!", escreveu com a imagem que tem a frase:  "O Ministério da Saúde adverte: o Centrão faz mal à saúde. Nísia fica!" "NISIA TRINDADE FICA. Vamos derrotar o centrão corrupto cúmplice da extrema direita bolsonarista golpista.", escreveu outro usuário do Twitter. 

 "A tentativa de destituir a ministra da Saúde é grave. O centrão está tentando, de todas as formas, queimar a Nísia Trindade, que é uma indicação técnica. No lugar, querem colocar o Dr. Luizinho (PP). tá tão feio que estão usando a mídia e a propaganda do PP na TV para isso.", cravou um internauta. 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai abrir espaço para o grupo de Arthur Lira (PP-AL) no primeiro escalão do governo. A garantia foi dada ontem por Lula, em reunião com o presidente da Câmara, no Palácio da Alvorada. Na conversa, Lula se comprometeu a tratar do assunto no retorno de sua viagem internacional.

Como mostrou o Estadão, uma ala do PP, partido de Lira, quer comandar o Ministério da Saúde. Lula resiste a entregar a pasta, hoje ocupada por Nísia Trindade, mas admite ceder cargos nessa estrutura. Além disso, o presidente decidiu substituir a ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União-RJ) pelo deputado Celso Sabino (União-PA), aliado de Lira. Lula e Sabino vão se encontrar hoje em Belém (PA).

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Para justificar a troca, o governo usa o argumento de que Daniela já pediu a desfiliação do União Brasil, partido que hoje comanda três ministérios. Aliados de Lira observam, no entanto, que a mudança envolve uma pasta com orçamento pequeno, o Turismo, e cobiçam espaço maior no primeiro escalão.

Em mensagens no Twitter após o encontro de ontem, Lira afirmou que esteve no Palácio da Alvorada, a convite de Lula, para discutir pautas destinadas ao crescimento do País, especialmente a reforma tributária e o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). "Não se falou de mudanças no Ministério do presidente Lula", escreveu o presidente da Câmara.

MEDIDAS PROVISÓRIAS

Lira disse ter ouvido de Lula a intenção de reduzir o envio de Medidas Provisórias, definidas por ele como "um anseio do Congresso Nacional". Foi o segundo encontro entre os dois en 11 dias. Após ameaçar não pautar projetos de interesse do Palácio do Planalto enquanto o governo não resolvesse o problema da articulação política, Lira adotou tom conciliador no Twitter. Disse que a reunião entre ele e Lula ocorreu agora porque os dois vão viajar e ficariam cerca de 15 dias sem se encontrar. O presidente tem compromissos na Itália e na França, na próxima semana, e Lira estará em Portugal, a partir de quarta-feira.

"Tratamos do bom momento da economia brasileira, a intenção de trabalharmos juntos pelo país, e as recentes aprovações de matérias pela Câmara dos Deputados com esse objetivo", destacou o deputado.

Horas antes, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que o governo fará uma força-tarefa com o objetivo de destravar nomeações para cargos nos Estados e monitoramento semanal. Pelos seus cálculos, há 403 indicações pendentes, feitas por partidos, que não foram nem inseridas pelos ministérios no Sistema Integrado de Nomeações e Consultas (Sinc).

Padilha e Rui Costa, ministro da Casa Civil, vêm disputando influência sobre as nomeações políticas. No Congresso, a culpa pela demora nas indicações é atribuída a Costa.

O ministro das Relações Institucionais disse que esse foi um encaminhamento da reunião ministerial de anteontem. Segundo ele, a coordenação desse esforço será de seu ministério.

"Mas a composição partidária não está em discussão em relação ao Ministério da Saúde", destacou ele. "Há outros ministérios que foram discutidos com a composição partidária, que é parte da democracia. O Ministério do Turismo é um exemplo disso", completou Padilha, um dos fiadores de Nísia Trindade no governo.

BEIJA-MÃO

Ainda ontem, o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, visitou Lira na residência oficial da Câmara. Anteontem, foi a vez de Rui Costa, conversar com o presidente da Câmara.

O "beija-mão" não foi à toa. Em seis meses de gestão, Lira conseguiu transformar Lula em refém de sua agenda. Com apenas 140 votos da esquerda e o espectro político de centro dividido, sem dar segurança nas votações, o governo não consegue aprovar nenhum projeto de lei se não tiver apoio do Centrão.

Em conversa com Rui Costa, na quarta-feira, o líder do União Brasil, Elmar Nascimento, disse que o governo precisa atender o chamado "blocão" nas trocas ministeriais para ampliar sua base de sustentação na Câmara. Ao Estadão/Broadcast, Elmar afirmou apenas ter relatado ao ministro a necessidade de o governo corrigir falhas na articulação política. "Para bom entendedor, meia palavra basta", disse ele.

O Centrão liderado por Lira se movimenta há algumas semanas para controlar o Ministério da Saúde, que foi por muito tempo feudo político do PP e tem um orçamento de R$ 188,3 bilhões neste ano.

Na prática, o PP mudou de estratégia para conseguir o comando da Saúde. O partido fez chegar ao governo que poderia apadrinhar um nome "técnico" para a pasta. A ideia é indicar alguém do setor, e não mais um político, como forma de reduzir a resistência de Lula. Uma ala da bancada, porém, defende a nomeação do deputado Dr. Luizinho (PP-RJ), que também é médico.

A atual ministra Nísia Trindade, ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), não é ligada a nenhum partido e deputados têm reclamado da falta de interlocução com ela, até mesmo do PT. Há queixas, ainda, de demora na liberação de emendas parlamentares por parte do Ministério da Saúde.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A briga do Centrão para ocupar espaços no governo Lula vai muito além do Ministério do Turismo. Na fatura cobrada, o grupo também quer a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), que hoje é comandada pelo ex-deputado Marcelo Freixo (PT), um dos principais aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Rio.

Por exigência do União Brasil, a saída da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, está praticamente definida. Lula ainda terá uma conversa nesta semana com o prefeito de Belford Roxo (RJ), Wagner Carneiro, conhecido como Waguinho, para acertar "compensações" pela dispensa de Daniela, que podem incluir indicações para a chefia da Embratur. Mas o União Brasil já considera a Embratur como uma "extensão" do ministério.

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Waguinho é marido de Daniela e, após rota de colisão com o presidente do União Brasil, deputado Luciano Bivar (PE), deixou o partido e se filiou ao Republicanos, assumindo o comando da legenda no Rio. Daniela e outros cinco deputados fluminenses entraram no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para se desfiliar do União Brasil sem perder o mandato, sob o argumento de assédio político. Embora a decisão judicial ainda não tenha saído, a ministra também já negocia a filiação ao Republicanos.

SABINO

O nome cotado para substituir Daniela no Ministério do Turismo é o do deputado Celso Sabino (União Brasil-PA), aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). A indicação dele, no entanto, não está certa. Waguinho diz que Sabino foi "desrespeitoso" por fazer campanha em grupo de WhatsApp da bancada de deputados do União Brasil pedindo apoio para ocupar a cadeira de Daniela. Deputada licenciada, a ministra está nesse grupo.

"O presidente vai trocar uma mulher lulista e evangélica por um bolsonarista?", questionou Waguinho em entrevista ao Estadão/Broadcast, ao lembrar que Sabino foi aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) (mais informações nesta página). No ano passado, o prefeito de Belford Roxo e Daniela fizeram campanha para Lula num território tipicamente bolsonarista.

Evangélico, Sabino foi eleito pelo PSDB em 2018, mas deixou a legenda após se alinhar ao governo Bolsonaro e defender o apoio do partido a Lira em vez de Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa pela presidência da Câmara.

Nos bastidores, Lira tem dito que não indicou Sabino, mas, sim, pediu para o Planalto resolver o problema da articulação política e conquistar apoio para formar uma base sólida no Congresso. O União Brasil tem três ministérios (Turismo, Comunicações e Integração), mas já ajudou a derrotar o governo em votações na Câmara, como a do Marco do Saneamento.

"O União Brasil vem apresentando desejo de reformulação da representação dos seus três ministros indicados. Isso é absolutamente natural", disse ontem o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, após reunião entre Lula, ministros e líderes do governo no Congresso.

SAÚDE

Como mostrou o Estadão, o que o PP de Lira quer mesmo é o Ministério da Saúde, dono de orçamento de R$ 188,3 bilhões. A pasta é dirigida por Nísia Trindade, ex-presidente da Fiocruz e sem filiação partidária. Assim como Daniela, Nísia é vista como nome da "cota de Lula" na equipe.

O grupo de Sabino deseja mais do que o Turismo, que tem orçamento considerado baixo, com despesas previstas de R$ 2,15 bilhões neste ano, segundo o Portal da Transparência. É por isso que a disputa agora é pela Embratur. A agência está nas mãos de Freixo, que em janeiro se filiou novamente ao PT, após ficar 15 anos no PSOL e passagem de um ano pelo PSB, partido pelo qual disputou o governo do Rio, no ano passado.

A Embratur também carece de recursos, mas possui muitos cargos. Recentemente, após Lula vetar trecho de Medida Provisória aprovada pelo Congresso que repassava verba do Sistema S à Embratur, houve acordo para que Sesc e Senac destinassem anualmente R$ 100 milhões para a promoção do turismo.

O Planalto avalia oferecer a Embratur para que a dupla Waguinho-Daniela faça indicações ali, na cota do Republicanos. Mas o União Brasil não aceita e quer o órgão federal no pacote do partido. Além disso, para uma ala do Republicanos apoiar o governo a dança das cadeiras terá de ser muito maior. O partido, que tem ligações com a Igreja Universal do Reino de Deus, está de olho no Ministério da Integração, hoje com Waldez Góes.

Ex-governador do Amapá, Góes entrou na equipe de Lula na cota do União Brasil, embora fosse do PDT, sigla da qual se licenciou. O "problema" é que o padrinho de Góes é o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Alcolumbre marcou para 21 de junho a sabatina de Cristiano Zanin para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (mais informações na pág. A9). O governo não quer nenhum atrito com Alcolumbre. (Colaboraram Rayanderson Guerra e Sofia Aguiar)

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Centrão se dividiu na Câmara. A formação de um novo bloco de partidos, com 142 deputados, contrariou o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que, após o racha, articula contraofensiva para não perder poder. Agora, os aliados de Lira se preparam para apresentar um megabloco, desta vez com 164 deputados, unindo PP, União Brasil, PSDB, Cidadania, PSB, Avante e PDT.

A queda de braço começou depois que o Republicanos, partido que integrava o Centrão ao lado do PP de Lira e do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, deixou o grupo e se aliou ao MDB, PSD, Podemos e PSC. A nova correlação de forças tem impacto na base aliada do governo Luiz Inácio Lula da Silva, nas negociações dos partidos com o Palácio do Planalto e reflete a disputa antecipada pela cadeira do presidente da Câmara.

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O deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA) é o favorito de Lira para a sucessão ao comando da Casa, em fevereiro de 2025. Articulador do novo bloco, o deputado Marcos Pereira, presidente do Republicanos, também busca se fortalecer na disputa e, ao deixar o Centrão, conseguiu montar um grupo que incluiu o MDB e o PSD, partidos com ministérios.

O movimento que rachou o Centrão agradou ao Planalto principalmente por ter surgido no momento em que Lira vem criando problemas para o governo por causa da disputa com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O bloco que desafia Lira planeja ter a mesma formação durante quatro anos. O arranjo pode conferir mais vagas a aliados do governo na Comissão Mista de Orçamento (CMO).

Na prática, os blocos são formados para dar musculatura aos partidos na eleição da cúpula da Câmara e também nas comissões. O tamanho de cada um define quantas vagas serão ocupadas nesses colegiados. A estrutura também é decisiva para as votações em plenário.

O Estadão apurou que Marcos Pereira espera atrair o apoio do PT para sua possível candidatura à presidência da Câmara, em 2025, mas ele nega qualquer tentativa de se opor a Lira. "Somos aliados e leais ao Arthur. Ele é nosso líder maior e comandante principal", afirmou Pereira ao Estadão. O deputado observou que o impacto dessas articulações dependerá dos acordos "pilotados" por Lira.

"São partidos do centro, que possuem alguns pensamentos iguais sobre o andamento da Casa. Claro que não 100%, mas a grande maioria é governista e tem tudo para dar certo", afirmou o líder do novo bloco, Fábio Macedo (Podemos-MA).

Na outra ponta, o deputado Alex Manente, vice-líder da federação PSDB-Cidadania, admitiu as conversas com Lira. "Naturalmente, após o primeiro bloco, haverá a formação de outros, até para poder ter novo jogo de poder na Câmara", afirmou ele.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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