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Após ser derrotado pela antiga oposição (PSDB, DEM, PPS e PSB) na eleição para o comando da Câmara e respaldar o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, o Centrão - grupo de 12 partidos liderado por PP, PSD e PTB - trabalha hoje para conquistar a presidência da Casa em 2017.

"A campanha da eleição (de 2017) para presidente da Casa já começou. Precisamos estar juntos para influenciar na composição da Mesa e das comissões", disse o deputado Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força, presidente do Solidariedade, integrante do Centrão.

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O coletivo rejeita a unificação da base aliada na Casa defendida pelo governo. "Estamos mostrando que o Centrão está junto, está unido aqui na Casa", afirma o líder do PP na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PB), uma das principais lideranças do grupo. Segundo ele, o grupo seguirá unido nas decisões e disputas da Casa. "Nossa aliança continua forte", ressaltou o líder do PSD, Rogério Rosso (DF). "Nosso grupo nunca enfraqueceu, ao contrário do que dizem", diz o líder do PTB, Jovair Arantes (GO).

O grupo, no entanto, vem sofrendo defecções em sua composição. A mais importante veio do PR. Com uma bancada de 40 deputados, a sigla retirou apoio no segundo turno da disputa pelo comando da Câmara ao candidato do Centrão, Rogério Rosso, e votou em Rodrigo Maia (DEM-RJ). "Há uns partidos e deputados querendo entrar", relativiza Paulinho. Oficialmente, porém, minimizam ações de adversários.

"Em breve, estaremos todos no mesmo barco", acrescentou o líder do DEM, o deputado Pauderney Avelino (AM). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente em exercício Michel Temer nomeou novamente nesta quinta-feira, 28, para cargos no governo federal indicados de deputados do Centrão - grupo de 13 partidos liderado por PP, PR, PTB, PSD e Solidariedade (SD). Foi a segunda leva de nomeações para o segundo e terceiro escalões feita pelo Palácio do Planalto, só nesta semana, como um aceno para acalmar parlamentares do grupo.

O Centrão é a principal base de sustentação de Temer na Câmara e vinha reclamando do atraso nas nomeações. Nesta quinta-feira, o Diário Oficial da União (DOU) traz a nomeação de Ricardo Peres Demicheli para exercer, internamente, o cargo de diretor executivo da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater). O dirigente é ligado ao deputado Zé Silva (SD-MG).

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O DOU também traz a nomeação de Juarez Delfino da Silveira para diretor de Gestão Estratégia do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Silveira é ligado ao deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SP), presidente do Solidariedade.

O partido comandado por Paulinho controla tanto a Anater quanto o Incra. Os dois órgãos são ligados à Secretaria da Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, cujo secretário, José Ricardo Ramos Roseno, também é indicado pela legenda. Na última terça-feira, 26, Temer já tinha nomeado outra pessoa ligada ao Solidariedade.

Joaquim Medanha de Ataídes foi nomeado para comandar a Superintendência de Seguros Privados (Susep), autarquia federal vinculada ao Ministério da Fazenda. A nomeação foi possível após acordo entre o partido e o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), que detinha o comando da autarquia até então. Ataídes era presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros de Goiás (Sincor-GO), mesmo Estado de Arantes.

Na terça-feira, Temer também tinha nomeado dois diretores apadrinhados pela bancada do PMDB para Companhia Nacional de Abastecimento (Conab): Cleide Edvirges Santos, indicada por Mauro Lopes (MG), e Marcus Luis Hartmann, indicação do deputado Peninha Mendonça (SC).

Novas nomeações

A expectativa de líderes do Centrão é de que novas nomeações sejam publicadas no DOU nos próximos dias. Temer decidiu liberar as indicações, para evitar possíveis rebeliões no grupo, que estava insatisfeito com a derrota para a antiga oposição (PSDB, DEM, PPS e PSB) na eleição para presidência da Câmara.

No caso do Solidariedade, Temer também precisa do apoio do partido para aprovar as reformas trabalhista e da Previdência Social. O presidente da legenda também é presidente da Força Sindical, uma das maiores centrais sindicais do País.

A decisão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de descontar as faltas dos salários de parlamentares que não comparecerem às sessões de votação em agosto ganhou o apoio, com ressalva, de alguns líderes de partidos que compõem o chamado Centrão - PP, PSD, PR, PTB, PSC e partidos nanicos. A preocupação, no entanto, é de que seja respeitada a agenda eleitoral dos parlamentares durante as semanas que antecederão as eleições municipais.

O líder do PTB, Jovair Arantes (GO), disse que a declaração de Maia é o "anúncio do óbvio", mas ponderou que é preciso haver uma tolerância com a lógica do calendário eleitoral. Jovair afirmou que "quem está nos Estados não está à toa" e que é preciso um acerto prévio com os líderes partidários antes de cortar salários. "Ele (Maia) tem de dar celeridade e efetividade aos trabalhos, mas tem de entender que é ano eleitoral e isso é importante para o País", defendeu.

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Jovair é um dos líderes que ainda não conversaram com Maia sobre a pauta da Casa no retorno do recesso. Ao Broadcast Político, serviço de notícia em tempo real do Grupo Estado, o líder do PTB insistiu que é preciso conciliar as necessidades (de votação e das eleições), desde que se "combine o jogo com os líderes", caso contrário poderá haver "turbulência" nas bancadas. "É papel dele botar a Casa para funcionar, desde que combine", emendou.

Derrotado na eleição para sucessão do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), disse que o objetivo da base aliada é colocar a Câmara para trabalhar, mas reconheceu que o desafio é conseguir um quórum expressivo diante de uma agenda de convenções partidárias (que vão até 5 de agosto) e a candidatura a prefeito de alguns deputados. Em outras eleições, as convenções, por exemplo, aconteciam em julho e não em agosto.

O desconto na folha de pagamento dos parlamentares em caso de falta é expressivo. Cada deputado recebe um salário de R$ 33,7 mil, mas os descontos ocorrem em 62,5% da remuneração, ou seja, incidem sobre R$ 21,1 mil. Para chegar ao valor do desconto, é preciso considerar o número de sessões realizadas no mês. Só não há descontos em caso de missão oficial, doença ou falecimento de parente de até segundo grau.

O líder do PR, Aelton Freitas (MG), também concorda com a medida. "Ele (Maia) tem essa prerrogativa, Cunha fez isso várias vezes e isso funcionou", comentou. Freitas lembrou que faz um mês que a Casa não produz efetivamente. "Se eu fosse ele tomaria medida administrativa também. É natural que haja clamores, reclamações", acrescentou.

Freitas concordou com a tese de Jovair de que os líderes precisam ser consultados, pregou que haja uma adequação de forma concentrada da agenda de votações, mas ressaltou que é preciso avaliar o quórum da primeira semana para depois aplicar a penalidade administrativa. Ele acredita que é possível conciliar a agenda eleitoral e parlamentar em agosto. "Tudo que tem critério funciona", finalizou.

Era Cunha

Durante sua gestão, Cunha tratou o plenário com mão de ferro e foi intolerante com as faltas. Antes da presidência do peemedebista, os parlamentares não hesitavam em faltar às sessões. Se em um dia houvesse quatro sessões, o parlamentar que comparecesse a apenas uma votação teria o dia de trabalho pago normalmente.

Na administração Cunha, ele escolhia uma das votações para considerar a presença em plenário. Se o parlamentar comparecesse, por exemplo, a três das quatro votações e a sessão computada para efeito de falta fosse justamente a que ele não apareceu, recebia desconto em folha. Após muita reclamação, Cunha - que tratava pessoalmente da questão das faltas e descontos em folha - decidiu fazer o desconto proporcional à presença dos parlamentares nas votações. Ainda não se sabe se Maia adotará a linha rígida de Cunha.

Apesar do discurso de pacificação, menos de uma semana depois da eleição do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara, a base aliada voltou a divergir sobre o melhor momento para levar ao plenário a cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

De um lado, os líderes do Centrão (PP, PSD, PR, PTB, PSC e partidos nanicos), grupo ligado ao peemedebista, são cautelosos e consideram que não haverá quórum suficiente para a votação em agosto, depois do recesso legislativo.

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Do outro, os partidos do grupo de Maia - DEM, PSDB, PPS e PSB - afirmam que convocarão as bancadas para tentar assegurar um número mínimo para votar a cassação de Cunha em agosto. "O PSB vai cobrar presença, igual escolinha", afirmou o líder do partido, Paulo Foletto (ES). "Virá todo mundo e terá quórum elevado", disse o líder do PPS, Rubens Bueno (PR). Para ele, a ausência da maioria dos deputados neste período seria "desmoralizante".

No meio da pressão, Maia afirmou nesta terça-feira, 19, que poderá pautar o processo entre os dias 8 e 12 de agosto. "Na primeira semana acho difícil, mas a partir da segunda é possível. Eu só não quero dar data porque se não tiver quórum vocês vão ficar me cobrando que eu adiei a votação. Vamos ter uma noção melhor na primeira semana, como vai se construir o quórum para dar uma data objetiva", disse.

A primeira semana de atividades no Congresso vai coincidir com a realização das convenções partidárias, que definirão os candidatos para a disputa municipal. Outro fator que pode influenciar é o início da Olimpíada no Rio. "Não sei se vai ter quórum", afirmou o líder do PTB, Jovair Arantes (GO).

"O presidente falou que se não tiver um quórum de 460, ele não vai colocar para votação (o processo contra Cunha). É um risco, mas acredito que será votado", considerou o líder do PR, Aelton Freitas (MG). O processo foi enviado pela Comissão de Constituição e Justiça à secretaria-geral da Mesa e não há prazo definido para que Maia dê início aos debates no plenário.

Anticorrupção

Outro item que deve entrar na pauta de votações da Câmara no segundo semestre é o projeto das 10 medidas de combate à corrupção encampadas pelo Ministério Público. Segundo Maia, a expectativa é de que as medidas sejam analisadas até 9 de dezembro, Dia Internacional contra a Corrupção. Ao receber um grupo de juízes e procuradores ontem, Maia indicou que o tema será uma de suas prioridades.

A comissão que vai analisar o pacote foi instalada na semana passada, quatro meses após a proposta ser apresentada. "Queremos estar até lá com a matéria votada", disse o relator do projeto no colegiado, Onyx Lorenzoni (DEM-RS).

Anexo

O novo presidente da Câmara desistiu de iniciar as obras de construção do anexo da Câmara. Maia alegou que não é o momento de a Casa utilizar recursos públicos para a construção de um prédio. Maia informou ontem o primeiro-secretário da Mesa Diretora, Beto Mansur (PRB-SP), de que não levará adiante o projeto, bandeira de campanha de Cunha.

A Casa já havia desembolsado R$ 50 mil para os primeiros trabalhos de escavação de solo. Maia afirmou que a modernização do complexo pode ser feita "quando o País estiver voltando a crescer economicamente". "No momento de crise, não cabe esse investimento."

Maia se disse preocupado com a repercussão do gasto. "Neste momento, acho que a sinalização da construção de um anexo não vai cair bem aos ouvidos da sociedade."

Inicialmente, foi cogitada a construção do anexo com a participação privada, mas não houve interesse de empresas e o projeto do "Parlashopping" - que custaria R$ 1 bilhão - foi abandonado. A Mesa Diretora decidiu então gastar R$ 320 milhões do próprio bolso na obra que expandiria a antiga estrutura da Câmara, sem lojas.

Suíça

Recursos de contas atribuídas ao deputado afastado Eduardo Cunha continuarão bloqueados na Suíça. A Justiça do país europeu indicou nesta terça-feira que vai devolver o dinheiro ao Brasil apenas se o parlamentar for condenado ou se houver decisão de um tribunal. Cunha renunciou à presidência da Câmara neste mês. O Supremo Tribunal Federal já havia afastado o parlamentar de suas funções.

Cunha é réu em duas ações penais na Corte, além de ser alvo de uma denúncia e três inquéritos relacionados à Lava Jato. À reportagem, o Ministério Público da Suíça confirmou que as contas de Cunha estão congeladas desde abril de 2015, quando ele passou a ser investigado por lavagem e corrupção. Os valores não foram revelados. Cunha nega irregularidades e diz que era usufrutuário da conta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Derrotados com a ajuda do Palácio do Planalto na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, líderes do Centrão (PP, PR, PSD, PTB, PSC e partidos nanicos) prometem não atrapalhar a votação de propostas de interesse do governo, após a retomada das atividades no Congresso Nacional, em agosto.

Apesar do abatimento com a derrota, a ordem dentro do grupo é aproveitar o recesso legislativo para "recolher os mortos e cuidar dos feridos".

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"Não gosto de comentar nada logo após a derrota. Prefiro esperar acalmarem os ânimos um pouco. Temos um agrupamento importante, mas mudou o comando da Casa e vamos aguardar para ver como isso vai ser", afirmou o líder do PTB, Jovair Arantes (GO).

Jovair foi um dos coordenadores da campanha de Rogério Rosso (PSD-DF), que também preferiu minimizar a derrota e a participação do governo na corrida pelo comando da Casa. "Agora somos parte da mesma base. Com equilíbrio e maturidade, vamos apoiar o presidente Michel Temer e procurar ter uma maior coesão, com menos divisão", afirmou Rosso, líder do partido. Ele falou com o presidente em exercício logo após o resultado no plenário.

'Efeito Cunha'

Apesar de declarar fidelidade, líderes do Centrão consideram que Temer poderá enfrentar uma "tormenta" caso o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) resolva apontar sua artilharia contra integrantes do PMDB e do governo. Mesmo derrotado na Casa, Cunha ainda tem uma base aliada que pode tentar obstruir votações, por exemplo.

Na análise do Centrão, o governo, ao entrar em campo para derrotar Rosso na disputa pela presidência da Casa, acabou por "entregar a cabeça de Cunha". Alguns deputados lembram que o revés na campanha de Rosso, considerado um aliado do deputado fluminense, ocorreu menos de 48 horas depois de Cunha, ao se sentir acuado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), fazer ameaças contra seus adversários. "Hoje foi comigo; amanhã será com vocês", afirmou Cunha no colegiado que julga seu processo de cassação. Nesta quinta-feira, 14, ele voltou a repetir esse discurso e acabou derrotado, tendo seu recurso rejeitado pela CCJ.

Outro elemento que pode provocar "estremecimentos" na base é a leitura de parlamentares de que foi feito um "acordão" entre o grupo que elegeu Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o Planalto para a disputa de fevereiro de 2017. Na ocasião, estará em jogo um mandato de dois anos no comando da Casa.

O líder do PP, Aguinaldo Ribeiro (PB), outro coordenador da campanha do Centrão, considerou como um dos motivos para a derrota o clima criado dentro da Casa contra Cunha, considerado o "arquiteto" do grupo. "Acho que o efeito Cunha foi muito forte, a realidade é essa. Mas a Casa definiu por duas excelentes candidaturas. O importante é que a decisão foi tomada dentro da base do governo", afirmou Ribeiro.

No balanço do Centrão, a participação do governo em prol de Maia e a debandada da bancada do PR contribuíram para a derrota do grupo. Na noite da disputa, o líder do partido, Aelton Freitas (MG), chegou a procurar Rosso e informou a ele que, dos 43 integrantes da bancada, ele poderia entregar entre sete a dez para o candidato.

"No segundo turno não tínhamos nenhum compromisso com nenhum dos candidatos. Questionei um a um da bancada e, de cada dez, oito estavam com Maia", afirmou Freitas. Segundo ele, o ministro dos Transportes, Maurício Quintella Lessa, também deu o aval pela candidatura do DEM. "Consultamos o nosso ministro. Ele também disse que tinha preferência pelo Maia", ressaltou o líder.

'Sem interferência'

Procurado, o líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), nega que o governo tenha tido qualquer interferência na disputa. "O governo não entrou. O ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) nos disse para ficarmos distantes", afirmou. Sobre o racha no Centrão, do qual o PSC também faz parte, Moura considerou: "Não tenho que ficar preocupado com o Centrão, mas com a base como um todo, o que importa é ela estar unida".

Para ele, o andamento do processo de Cunha dentro da Casa também não vai contaminar a governabilidade. "Não tem essa história de o governo ter entregado a cabeça dele de bandeja. A situação de Cunha vai ter que ser enfrentada em algum momento e temos que dar continuidade aos nossos trabalhos." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com a saída de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara, o Centrão, sua principal base de apoio formada por PP, PR, PSD, PTB, PSC e partidos médios, ficou dividido nesta terça-feira (12) e refazia as contas do número de votos que conseguiria ter nas principais candidaturas do bloco.

No mesmo momento em que o peemedebista tentava convencer integrantes da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) de votar contra a sua cassação, alguns líderes do Centrão faziam uma reunião de emergência em uma das salas da quarta secretaria. Convocado às pressas, o encontro buscava uma nova estratégia para tentar evitar um possível revés na candidatura do líder do PSD, Rogério Rosso (DF), na disputa pelo comando da Câmara.

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Com apoio do Palácio do Planalto, Rosso era considerado favorito até a véspera da disputa. O clima de tensão dentro do grupo se estabeleceu, contudo, após o lançamento oficial pelo PMDB do deputado Marcelo Castro no páreo. Com lápis e papel na mão, alguns integrantes do Centrão apontavam, até o final da tarde de ontem, para uma possível derrota de Rosso.

De acordo com um dois líderes do Centrão ouvidos pelo Estado, Rosso tinha naquele momento cerca de 140 votos contra 150 de Castro. Na véspera, o candidato do PSD liderava as projeções.

Um dos motivos apontados para Rosso não estar à frente foi a falta de um "comandante" que pudesse segurar o número de candidaturas registradas por integrantes do grupo. "Acabou o Centrão. Temos hoje oito candidatos. Que sinal vamos dar para o plenário?", desabafou um deles.

A divisão deve fortalecer o ex-ministro da Saúde Marcelo Castro, que não conta com apoio do Palácio do Planalto, mas deve angariar votos do PT, PC do B e PDT, em razão de ter sido contra o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.

Também não está descartado o apoio ao peemedebista de integrantes da antiga oposição (PSDB, DEM e PPS), que veem numa derrota do Centrão uma possibilidade de se viabilizarem na disputa de 2017, quando estará em jogo um mandato de dois anos à frente da Câmara.

O PSDB, por exemplo, tem costurado apoio agora para receber respaldo a um eventual candidato no próximo ano.

Série de vitórias

Caso seja derrotado nesta quarta-feira, 13, o Centrão deverá colocar fim a um histórico de vitórias dentro da Casa. O grupo foi formulado por Eduardo Cunha na disputa pela presidência da Câmara, realizada em fevereiro de 2015.

Na ocasião, Cunha venceu com quase o dobro de votos o candidato do governo Dilma, Arlindo Chinaglia (PT-SP).

À época, o placar foi de 267 votos para Cunha, 136 para Chinaglia e 100 para Julio Delgado, o terceiro colocado.

O potencial do grupo, capitaneado pelo deputado fluminense, foi posto à prova novamente durante a votação do processo de impeachment, ocorrido em abril deste ano. Com a ajuda dos principais líderes do Centrão, Eduardo Cunha conduziu a sessão que aprovou o afastamento da petista da Presidência. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na tentativa de quebrar a hegemonia do grupo de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a ala majoritária do PT negocia o apoio ao candidato do DEM, Rodrigo Maia (RJ), para a sucessão à presidência da Câmara. Acompanhada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se reuniu nos últimos dias com o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), a articulação política já divide o PT.

A ideia é que a nova oposição - PT, PCdoB e PDT - se una a antigos adversários, como DEM, PSDB e PPS, para enfrentar o Centrão, bloco que abriga cerca de 270 deputados e foi fundamental para aprovar o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. A negociação também envolve o PSB.

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Para dirigentes da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), grupo de Lula, somente com essa estratégia será possível se contrapor ao presidente em exercício, Michel Temer. Nos bastidores, o comentário é que Maia seria o único nome capaz de enfrentar o candidato do Centrão, que deve ser Rogério Rosso (PSD-DF), ligado a Cunha.

A bancada do PT, porém, rachou. Integrantes da tendência Mensagem ao Partido - segunda maior força no espectro ideológico do partido - e de outras correntes mais à esquerda não aceitam apoiar um nome do DEM. Argumentam que Maia votou a favor da deposição de Dilma e sempre fez oposição a Lula.

Esse grupo defende a candidatura de Marcelo Castro (PMDB-PI), que foi ministro da Saúde de Dilma e ficou contra o impeachment. Há também os que têm simpatia por Fernando Giacobo (PR-PR). "A nossa preferência é por um candidato que tenha votado contra o impeachment, mas isso não é condicionante. Vamos apresentar uma agenda de pauta social e queremos um candidato com potencial de ir para o segundo turno", disse o líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA).

Articulações

Não é apenas no PT que a articulação a favor de Rodrigo Maia causa polêmica. A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), pré-candidata à Prefeitura do Rio e adversária de Maia, é contra o acordo. Já o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), está conversando com o candidato do DEM. Ao mesmo tempo, Aécio emitiu sinais para o Planalto ao dizer que o PSDB pode não lançar concorrente a mandato-tampão na Câmara, desde que o governo apoie os tucanos para a presidência da Casa, em 2017.

A proposta não foi vista com bons olhos no Planalto. Ministros do PMDB alegam que o partido não pode correr riscos - lembram que a gestão Cunha provou ao PT o quanto um presidente da Câmara pode desestabilizar o governo.

Waldir Maranhão fechou acordo com Rodrigo Maia. O presidente interino da Câmara demitiu o secretário-geral da Mesa Diretora, Silvio Avelino, porque não gostou de ver publicada no Diário da Câmara a decisão do colégio de líderes que antecipou de quinta-feira para terça a eleição de seu sucessor.

Para o lugar de Avelino, Maranhão nomeou Wagner Soares Padilha, que foi assessor da liderança do DEM. O secretário adjunto será Lourimar Rabelo, que é próximo de deputados do PT, como José Guimarães (CE).

Governo

O Planalto vê com preocupação o movimento para dividir a base aliada. Em conversas reservadas, ministros dizem que o governo não deixará Maia ir para "o lado de lá". Embora o discurso oficial seja o de que o Planalto não vai interferir na disputa da Câmara, nos bastidores há muitas negociações de cargos em andamento.

"Diante desse quadro, não faz sentido lançarmos uma candidatura apenas para marcar posição", afirmou o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), que defende o aval a Maia. "Não vamos eleger o líder do governo Michel Temer. O que está em discussão aqui é quem defende a política feita à luz do dia e quem prega os métodos de Eduardo Cunha."

Para o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), não é hora de definir os candidatos à sucessão de Cunha por ideologia partidária. "Nós queremos que o nome represente o conjunto da Casa", comentou.

Maia disse ao Estado que só formalizará sua candidatura depois de costurar o apoio dos partidos de esquerda. "Eu posso ser o nome que vai unificar a Câmara", observou ele. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Responsável pela abertura e a condução do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sofreu na terça-feira, 14, sua maior derrota política desde que assumiu a presidência da Câmara, em fevereiro de 2015.

Os votos decisivos para a aprovação do parecer pela cassação de seu mandato partiram justamente de quem os aliados de Cunha apostavam que seriam a seu favor: Tia Eron (PRB-BA) e Wladimir Costa (SD-PA).

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Integrantes do Centrão, grupo liderado por Cunha, já davam como certa, após o resultado, a cassação do peemedebista no plenário e a realização de novas eleições na Casa. Por ser o maior bloco informal da Câmara, com cerca de 250 deputados, o grupo quer eleger o sucessor de Cunha. Os cotados são Jovair Arantes (PTB-GO), Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Rogério Rosso (PSD-DF) e o atual líder do governo, André Moura (PSC-SE).

Para aliados, a única chance de Cunha se salvar agora é se a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovar um recurso que ele prometeu apresentar nos próximos dias ou um parecer do deputado Arthur Lira (PP-AL) mudando o rito de votação do processo por quebra de decoro parlamentar, o que permitiria a aplicação de uma punição mais branda.

O peemedebista já começou a operar para obter maioria no colegiado. Após pressão do presidente afastado da Câmara, o PTN e o Solidariedade anunciaram na terça-feira mudança em integrantes na comissão. O Solidariedade tirou o deputado Major Olímpio (SP), contra o parecer de Lira e favorável à cassação de Cunha, e o substituiu pelo deputado Lucas Vergílio (GO), que votará a favor de Cunha. Já o PTN trocou o único membro da vaga de titular a que tem direito no colegiado. A sigla substituiu o deputado Bacelar (BA), que é favorável à cassação, pelo deputado Carlos Henrique Gaguim (TO), aliado de Cunha.

Autores da representação, PSOL e Rede concluíram que o resultado no Conselho de Ética deixa Cunha com poucas chances de se salvar no plenário. A previsão é de que a votação final ocorra antes do recesso de julho. "No plenário, Eduardo Cunha não tem nenhuma chance", disse o líder do PSOL, Ivan Valente (SP). Em nota, Cunha afirmou que vai recorrer.

Fortalecidos com o processo de impeachment, partidos nanicos e do chamado Centrão, determinantes até agora no afastamento de Dilma Rousseff, formalizam nesta quarta-feira, 18, um novo bloco na Câmara que será composto por 225 parlamentares de 13 partidos (PP, PR, PSD, PRB, PSC, PTB, Solidariedade, PHS, PROS, PSL, PTN, PEN e PTdoB). Com isso, será o maior da Casa, que tem 513 deputados, e, portanto, com maior cacife para levar as reivindicações do grupo ao presidente em exercício Michel Temer.

O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ajudou a articular a formação do novo bloco, que inclui o chamado baixo clero da Casa. Os partidos do Centrão foram disputados por Temer e Dilma durante a tramitação do impeachment na Câmara e negociaram cargos com os dois lados. Temer deu a eles vagas importantes na Esplanada e no segundo escalão do novo governo.

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O medo entre aliados do presidente em exercício ouvidos pela reportagem é de que ele se torne um refém do Centrão, que o obrigou, por exemplo, a colocar o PRB no Desenvolvimento.

O primeiro pleito do grupo é emplacar o novo líder do governo na Câmara. O nome defendido por eles é o do líder do PSC, André Moura (SE), um dos principais aliados de Cunha. Mas o grupo também quer influenciar na agenda legislativa com propostas como a que legaliza jogos de azar.

Temer reuniu-se com o grupo nesta terça, 17, mesmo. O "novo Centrão" chegou a levar o pedido para a indicação de Moura para a liderança do governo, mas Temer não se decidiu. "O presidente ainda não definiu a indicação. A prerrogativa é do presidente, mas vamos buscar solução que nos unifique", afirmou o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima.

'Mãos dadas'

Na reunião, Temer manifestou, segundo Geddel, apreço "de governar de mãos dadas ao Congresso" para agilizar votações de medidas provisórias e da revisão da meta fiscal. O presidente em exercício, no entanto, não estabeleceu uma pauta específica de prioridades para votações.

Com a indefinição, a sessão de terça da Câmara acabou sem nenhuma votação, mesmo com quatro medidas provisórias ainda do governo Dilma trancando a pauta. A reunião do colégio de líderes prevista para a tarde de terça acabou adiada para quarta, quando a expectativa é de que o novo líder já esteja definido.

Além de Moura, defendido pelo Centrão, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) disputa a indicação. O nome dele é defendido por Moreira Franco, responsável pela área de infraestrutura do governo, e por integrantes da antiga oposição ao governo petista, como PSDB e PPS.

Justamente para evitar um racha na base, o PMDB, com uma bancada de 66 deputados - a maior da Casa -, ainda não decidiu se vai participar do grupo. O receio é de que a entrada oficial do partido do presidente aponte a preferência de Temer pelo grupo. Caso o partido resolva entrar, o bloco poderá chegar a ter mais de 290 parlamentares - número grande o bastante para aprovar projetos de lei (mínimo de 257 votos), mas ainda insuficiente para aprovar emendas à Constituição Federal (308 votos). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A insatisfação da base aliada na Câmara com o governo Dilma Rousseff movimentou na noite de anteontem o bloco H da quadra 302 da Asa Norte, bairro nobre de Brasília. Enquanto no 3.º andar lideranças de nove partidos discutiam a formação de um "centrão" para isolar o PT, no 1.º andar petistas reclamavam do governo. Com um encontro casual no elevador, participantes das reuniões se misturaram e as queixas foram dirigidas a um único endereço: o Palácio do Planalto.

A articulação de partidos da base contra o PT foi liderada pelo presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), e representantes dos governistas PMDB, PP, PSD, PR, PDT, PTB, PSC e PROS, além do oposicionista SDD. A intenção é montar um bloco nos moldes do "centrão" que se formou em 1987, na Constituinte - e que, no caso, defendia posições de centro-direita -, para conduzir as votações independentemente da vontade do governo. "É como se fosse a base, sem PT e PC do B, se unindo para valorizar a Câmara", disse o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ). "Queremos que o governo deixe a Câmara trabalhar", disse o líder do PSD, Moreira Mendes (RO).

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Os parlamentares reclamam da falta de interlocução política, da presidente aos ministros. Afirmam que sofrem para conseguir marcar audiências até com secretários dos ministérios. Dizem ainda que deputados petistas teriam "informação privilegiada" para conseguir capitalizar ações do governo nas suas bases. "Se não criarmos um caminho no Congresso vamos ser massacrados pelo PT nas eleições", disse um dos participantes. Um novo encontro está previsto para terça.

A reunião do "centrão", no apartamento de Luiz Fernando Faria (PP-MG), no 3.º andar, começou por volta das 21h30. No mesmo horário começaram a chegar petistas na casa do vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), no 1.º andar.

O objetivo era discutir os nomes para as três comissões que o PT comandará na Casa. Mas antes disso começou a discussão sobre emendas parlamentares. "Fomos atropelados e começamos a discutir as emendas represadas", contou Vargas. Deputados de todas as legendas - PT inclusive - reclamam que o governo deixou de empenhar R$ 447 milhões no fim de 2013 que tinham sido prometidos.

Por volta da meia-noite, Alves, Cunha e outros participantes da reunião do 3.º andar entraram no elevador para deixar o prédio. Segundos depois, o elevador parou no 1.º andar. Petistas o aguardavam e os participantes dos dois encontros se cruzaram. "Quando encontramos o pessoal do PT vimos que o clima estava até mais pesado que lá em cima", disse um dos líderes. OLABORARAM VERA ROSA e RICARDO DELLA COLETTA. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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