Para emplacar CPI do MEC, oposição terá ofensiva no Senado
Requerimento obteve as 27 assinaturas, mas perdeu três delas no final de semana
Senadores da oposição estão organizando uma ofensiva contra os interesses do Governo Bolsonaro, no intuito de persuadir congressistas que ainda não assinaram o requerimento da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MEC. A informação é do jornal O Globo e sucede os empecilhos para a instalação do pedido, protocolado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). A comissão quer investigar denúncias de corrupção e improbidade no Ministério da Educação.
De acordo com a reportagem, serão abordados José Serra, que apoiou a CPI da Pandemia; Marcelo Castro, que preside a Comissão de Educação; Otto Alencar, que teve atuação relevante na CPI da Pandemia, além de outros senadores do PSD, partido que ocupa a segunda maior bancada do Senado (com 11 titulares) após as movimentações de filiação da janela partidária.
Na última sexta-feira (8), Randolfe anunciou ter conseguido as 27 assinaturas, mas perdeu três delas no final de semana. O senador Renan Calheiros (MDB-AL), que relatou a CPI da Pandemia, também atua para convencer os colegas a apoiar a instalação da comissão.
Na avaliação do emedebista, ainda há muitos senadores que possam contribuir com a CPI, inclusive no PSD de Rodrigo Pacheco, presidente do Senado. “Só Omar Aziz (presidente da CPI da Pandemia) assinou no PSD. E o PSD é o partido que deve indicar o relator ou a vice-presidência da comissão porque é a maior bancada juntamente com o MDB”, disse o parlamentar. Tal qual Arthur Lira (Progressistas-AL), Pacheco é um obstáculo para a oposição no Congresso e já demonstrou desinteresse em criar uma CPI.
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As denúncias
Uma primeira denúncia apontou para um suposto tráfico de influência que visou favorecer aliados políticos de pastores evangélicos ligados ao ex-ministro Milton Ribeiro e ao presidente Jair Bolsonaro (PL). O chefe do Executivo teria, inclusive, feito pedidos para privilegiar o lobby evangélico diretamente. Com o escândalo chegando ao público, surgiram também denúncias de emprego irregular de verbas públicas, advocacia administrativa, corrupção ativa e passiva, usurpação de função pública e crimes de responsabilidade.
Em audiência pública realizada pela Comissão de Educação, três prefeitos confirmaram o suposto esquema envolvendo pastores na pasta sob a gestão do ex-ministro Milton Ribeiro, que, em áudio vazado, indica que eles teriam o aval de Bolsonaro para atuar.
Os prefeitos Gilberto Braga (PSDB), de Luís Domingues (MA); José Manoel de Souza (PP), de Boa Esperança do Sul (SP); e Kelton Pinheiro (Cidadania), de Bonfinópolis (GO) relataram que receberam pedidos de propina dos pastores para a liberação de recursos.
No último dia 28 de março, Milton Ribeiro se demitiu. O pedido de exoneração foi feito por meio de carta ao presidente Jair Bolsonaro. A decisão de Ribeiro aconteceu após o vazamento de vídeo em que ele aparece realizando lobby, com verbas do ministério, com pastores evangélicos.