Conheça as mulheres que disputam o Palácio do Planalto

Quatro candidatas de três espectros políticos marcam as Eleições 2022 com a maior participação feminina da história

por Vitória Silva ter, 30/08/2022 - 11:52
Agência Senado/Divulgação Da esquerda à direita: Simone Tebet, Soraya Thronicke, Vera Lúcia e Sofia Manzano Agência Senado/Divulgação

As Eleições 2022 registraram um recorde para a corrida presidencial: foram quatro candidaturas femininas formalizadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As presidenciáveis são novatas e veteranas, do centrão, esquerda e direita. A única vez que o pleito feminino obteve esse destaque foi em 2014, quando as candidatas eram Dilma Rousseff (PT), Luciana Genro (PSOL) e Marina Silva (Rede).  

As candidatas deste ano são as senadoras Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil), além da cientista social e sindicalista Vera Lúcia (PSTU); e da professora e economista Sofia Manzano (PCB). Conheça o perfil de cada uma. 

Simone Tebet (MDB) 

Com o desempenho mais bem avaliado no primeiro debate presidencial, ocorrido em 28 de agosto, na Band, a senadora Simone Tebet, do MDB-MS, é a candidata à Presidência da República que melhor tem pontuado nas pesquisas de simulação. Na pesquisa do Instituto FSB, contratada pelo Banco BTG Pactual e divulgada nessa segunda-feira (29), ela surge em quarto lugar com 4% das intenções de voto, atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 43%; Jair Bolsonaro (PL), com 36%; e de Ciro Gomes (PDT), com 9%. 

Tebet, que foi destaque em 2021 pelo seu trabalho na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, ao lado da senadora Eliziane Gama (Cidadania-AM), também foi a primeira líder da bancada feminina do Senado Federal. Da ala progressista, está mais alinhada ao Centrão do que à esquerda, mas teve o último mandato marcado por um intenso trabalho de oposição ao presidente Jair Bolsonaro. 

Com pontuação próxima a de Ciro Gomes, a candidata deve seguir com os discursos firmes, na tentativa de conquistar mais do eleitorado do Centrão, que também é parte do eleitorado do candidato do PDT; assim como deve tentar conquistar mais do eleitorado de esquerda, uma vez que tem investido na argumentação de “alternativas à polarização”.  

No histórico de Tebet, há o voto favorável ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que a parlamentar considerou ser “o resultado normal de uma democracia forte e consolidada”. Fazendeira e ruralista, também já votou a favor da PEC 71/2011, que prevê a indenização de ruralistas em terras indígenas, apesar de recentemente ter se posicionado a favor da demarcação. Ambos os posicionamentos podem atrapalhar a proximidade com o eleitorado que hoje é de Lula e de candidatos menores da esquerda. 

Simone Tebet tem 52 anos, é mãe, advogada, professora e senadora pelo estado do Mato Grosso do Sul.  Em 2002, elegeu-se deputada estadual pelo seu estado e em 2004 foi a primeira mulher eleita prefeita de Três Lagoas. Em 2008, finalizou a votação reeleita prefeita, com 76% dos votos válidos. Agora candidata à Presidência, já divulgou algumas das propostas no seu plano de governo. Sua vice é a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP). 

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Vera Lúcia Salgado (PSTU) 

A pernambucana Vera Lúcia, candidata do PSTU, é a segunda mulher candidata à Presidência a pontuar nas pesquisas de intenção de voto. Na pesquisa FSB/BTG Pactual, ela surgiu com 1%. Em 2018, também foi candidata à presidência da República, obtendo 55.762 votos, ou 0,05% dos votos válidos. À época, sua chapa era completamente composta por pessoas negras. Este ano, sua vice será a indígena Kunã Yporã, de 39 anos. Yporã é da etnia Tremembé e vem do estado do Maranhão.   

Vera participou, como candidata, de 10 eleições gerais ou municipais desde 1998, quando foi candidata a vice-governadora de Sergipe. Ela já pleiteou os cargos de prefeita de Aracaju, governadora de Sergipe, deputada federal e, mais recentemente, presidente da República, em 2018. Apesar das tentativas, nunca conseguiu se eleger para um cargo público. 

Nascida no povoado de Cercadinho, em Inajá, Pernambuco, Vera foi datilógrafa, faxineira e garçonete. A pré-candidata também trabalhou em uma fábrica de calçados, onde se tornou sindicalista. A partir do sindicalismo, a militante filiou-se aon Partido dos Trabalhadores. Em 1992, porém, ela e seu grupo romperam com o partido. Depois, fundaram o PSTU. A candidata tem 54 anos e é cientista social. 

A candidata do PSTU promete apresentar “um programa socialista para o Brasil, sem conchavos com a burguesia”. Seu material de pré-campanha afirma que ela é uma “alternativa socialista e revolucionária” para o país. Apesar de socialista, defende o armamento da população, para “assegurar a autodefesa armada nos bairros, dos movimentos sociais, sindicatos, ativistas que lutam em defesa da natureza, indígenas e da juventude”. 

Soraya Thronicke (União Brasil) 

Com carreira política nascida em um dos ascendentes braços da direita brasileira, Soraya Thronicke tenta um assento no Palácio do Planalto pela primeira vez, como candidata do União Brasil (fusão do PSL com o DEM). A candidata tem sido chamada nas redes sociais de “Juma Marruá”, em alusão à personagem mística da novela Pantanal. 

O apelido pegou após suas declarações no debate presidencial na Band, quando disse que tem mulher “que vira onça” em seu estado, Mato Grosso do Sul. Suas falas também chamaram atenção pelo confronto direto com Jair Bolsonaro. 

Em 2018, porém, Soraya se elegeu senadora com apoio de Bolsonaro. Na verdade, seu slogan de campanha era “A senadora de Bolsonaro”, o que virou tema de discussão entre ela e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que entregou à ex-aliada a alcunha de “traidora”. Apesar da oposição, Thronicke defendeu, em sua última campanha, o porte de armas e a criminalização do aborto, e até o momento não fez declarações que confirmem a permanência do posicionamento para o novo pleito. 

Advogada e empresária, a senadora de 49 anos é dona de uma rede de motéis em seu estado e tem falas alinhadas ao interesse dos empresários, especialmente os do agronegócio. Seu patrimônio declarado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) este ano foi de R$ 783 mil. O vice de Soraya é o economista e ex-secretário da Receita Marcos Cintra. A candidata não tem pontuado nas pesquisas. 

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Sofia Manzano (PCB) 

A paulista Sofia Manzano é a candidata de retorno do Partido Comunista Brasileiro à Presidência em 2022, após o partido não ter tido candidatura presidencial no pleito de 2018. Nas eleições de 2014, Manzano também foi candidata a vice na chapa pura com Mauro Iasi (PCB). Atualmente titular da própria chapa, tem como vice o pecebista Antônio Alves. O PCB define o programa da pré-candidata como “anticapitalista” e “anti-imperialista”. 

Apesar de também não ter pontuado nas pesquisas recentes e ter ficado de fora do primeiro debate presidencial televisivo, ela deve somar, junto às demais candidatas, à oposição ao presidente Jair Bolsonaro. Em seu site, o PCB define o governo federal como “a expressão concentrada dos interesses dos banqueiros, dos grandes monopólios industriais, financeiros, comerciais e de serviços, do agronegócio e do imperialismo”. 

A carreira política da candidata começou durante o período de redemocratização do Brasil. Ela se filiou ao Partido Comunista em 1989, ainda aos 17 anos. Nos anos 1990, presidiu a União da Juventude Comunista (UJC), além de atuar no movimento estudantil na PUC-SP. 

Sofia tem 51 anos, é formada em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, mestra em Desenvolvimento Econômico pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e doutora em História Econômica pela Universidade de São Paulo (USP). 

 

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