Bolsonaro diz que maioria dos imóveis é do ex-cunhado
Segundo Jair Bolsonaro, as críticas à compra de imóveis é maneira de desgastá-lo
O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), disse, em entrevista gravada à Jovem Pan, que as críticas à compra de imóveis com dinheiro em espécie por seus familiares é uma maneira de desgastá-lo. "Por que faz isso em cima da minha família? Metade dos imóveis é de um ex-cunhado meu. O que eu tenho a ver com um ex-cunhado? Não vejo esse cara há um tempão", declarou o chefe do Executivo.
De acordo com reportagem publicada pelo UOL, metade dos imóveis adquiridos pela família Bolsonaro foi comprada total ou parcialmente com dinheiro em espécie.
Ao ser questionado na terça-feira (30) sobre o assunto, Bolsonaro questionou: "Qual é o problema de comprar com dinheiro vivo algum imóvel, eu não sei o que está escrito na matéria... Qual é o problema?"
No trecho da entrevista gravada na quarta-feira (31), em Curitiba (PR), e exibida nesta quinta pela Jovem Pan, o presidente acusou os críticos de quererem eleger o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário na disputa pelo Palácio do Planalto. "Bota minha mãe, que já faleceu, nesse rol também. Vem para cima de mim e ponto final. É uma maneira de desgastar, não vão conseguir desgastar. Eles querem eleger sabe quem, né? Não vão ter sucesso", disse o candidato à reeleição.
O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi sorteado como relator da ação em que o senador Randolfe Rodrigues (Red-AP) pede o bloqueio de contas de Bolsonaro e de seus familiares para investigar a compra de imóveis com dinheiro em espécie. Na petição, o parlamentar também exige busca e apreensão de celulares e computadores, além da tomada de depoimentos.
Apesar de não ser ilegal usar dinheiro em espécie para a compra de imóveis, a prática levanta suspeitas de lavagem de dinheiro por não ser comum. Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, declarações de bens e renda da família Bolsonaro entregues ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que o presidente e seus filhos não têm o costume de guardar dinheiro vivo em casa.
Randolfe diz que os fatos devem ser apurados com urgência para que o caso seja esclarecido e eventuais danos às finanças públicas sejam reparados. "O salário de um parlamentar não justifica esse patrimônio milionário. Por isso, é direito de todos os brasileiros a transparência sobre o uso indevido do dinheiro público", argumentou o senador, na ação.
Indicado pelo presidente da República para o Supremo por ser "terrivelmente evangélico", André Mendonça tem histórico de alinhamento com o Executivo. Em julho, Bolsonaro chegou a dizer que o ministro era um "freio" na Corte. "O ativismo judicial, acredito, não será aprovado porque esse pastor tem o poder de pedir vista no processo. O freio que colocamos lá dentro", declarou o presidente, em culto da Assembleia de Deus.