Bolsonaro nega dar palpite sobre as urnas eletrônicas
Em julho, Bolsonaro chegou a reunir embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada para colocar em dúvida a confiabilidade das urnas, sem apresentar provas ou indícios de irregularidades
O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta segunda-feira, 17, que "não dá palpite" sobre as urnas eletrônicas porque o assunto está sendo tratado pelas Forças Armadas. O chefe do Executivo, contudo, chamou o sistema eletrônico de votação do País de "ultrapassado" e "antigo".
Em julho, Bolsonaro chegou a reunir embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada para colocar em dúvida a confiabilidade das urnas, sem apresentar provas ou indícios de irregularidades. Após o resultado do primeiro turno da eleição, o candidato reduziu as críticas.
"Não existe sistema eletrônico que seja perfeitamente blindado. Se nunca teve (problemas), vai chegar a hora. O que a gente sempre busca é mais uma camada de transparência. É isso que nós lutamos no passado. E, no momento, as Forças Armadas foram convidadas a integrar uma comissão de transparência eleitoral", afirmou Bolsonaro, em entrevista à Rádio Tupi, do Rio de Janeiro.
"Este trabalho está com as Forças Armadas. Eu não dou palpite. As Forças Armadas têm uma equipe enorme lá no comando de defesa cibernética que trabalha nessa questão. Todos são unânimes em dizer que não existe sistema impenetrável, inviolável. Até na Nasa a molecada entra", emendou o presidente.
Ao chamar a urna eletrônica de "ultrapassada" e "antiga", Bolsonaro disse que os bancos gastam "uma fortuna" por ano para evitar o sequestro de dados de clientes.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelou que a testagem das urnas utilizadas no primeiro turno comprovou sua lisura. A amostragem foi realizada com 2.044 eleitores de 58 seções que concordaram em ceder suas digitais. Houve 0% de divergência entre os votos digitados e os computados. Outra apuração, do Tribunal de Contas da União (TCU), concluiu a mesma coisa. Um terceiro teste foi feito pelos militares, mas seus resultados não foram divulgados.
Críticas
O chefe do Executivo também voltou a criticar o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes. "As medidas que o PT entra contra mim, quase todas são aceitas. A recíproca não é verdadeira. O que é que eu critico na postura do Alexandre de Moraes? Ele não aceita sugestões, não feitas por mim, mas pela comissão de transparência eleitoral", afirmou o presidente.
No último dia 11, Bolsonaro convocou seus apoiadores a permanecerem perto das seções eleitorais no próximo dia 30 até sair o resultado do segundo turno da eleição para o Palácio do Planalto. Durante discurso em Pelotas (RS), o chefe do Executivo também colocou em dúvida o número de votos recebidos por Lula na primeira etapa da disputa.
"No próximo dia 30, de verde e amarelo, vamos votar. E, mais do que isso, vamos permanecer na região da seção eleitoral até a apuração do resultado. Tenho certeza que o resultado será aquele que todos nós esperamos, até porque o outro lado não consegue reunir ninguém", declarou Bolsonaro, na ocasião. "Todos nós desconfiamos, como pode aquele cara (Lula) ter tantos votos se o povo não está ao lado mesmo?", emendou o presidente.
No primeiro turno, Lula obteve 57,2 milhões de votos válidos, ou 48,43% do contabilizado pela Justiça Eleitoral. Bolsonaro, candidato à reeleição, recebeu 51 milhões de votos, ou 43,20% do total.
Após o primeiro turno, a pedido da campanha, Bolsonaro tem evitado questionar de forma enfática as urnas, como fazia antes. Aliados do candidato à reeleição avaliam que ficou mais complicado colocar em xeque o sistema eleitoral brasileiro depois da "onda" que elegeu diversos bolsonaristas para a Câmara e o Senado na primeira etapa da disputa. O PL, partido do presidente, terá a maior bancada nas duas Casas a partir do ano que vem.