Saúde tem sigilo sobre estoque de vacinas, diz ex-ministro

Equipe de transição alega também que não foram compradas vacinas contra a Covid e demais doenças para o ano que vem

por Vitória Silva sex, 25/11/2022 - 19:15
Reprodução/Redes Sociais José Gomes Temporão, ex-ministro da Saúde Reprodução/Redes Sociais

Em coletiva nesta sexta-feira (25), o grupo técnico responsável pela área da saúde no governo de transição divulgou informações sobre o processo e como tem sido acessar os dados do Ministério. De acordo com José Gomes Temporão, ex-ministro da Saúde do Governo Lula e membro do grupo de saúde da equipe, o Ministério da Saúde de Jair Bolsonaro (PL) estabeleceu sigilo sobre os estoques de vacinas. 

"O que nós tivemos foi uma política de contra-comunicação. Enquanto estados, municípios, cientistas, pesquisadores sanitaristas e as mídias se esforçaram em divulgar e informar adequadamente a população sobre as medidas de prevenção, o uso de máscaras, higiene, vacinação e distanciamento, o governo se organizou para divulgar informação estritamente antagônica. Não use máscara, não se vacine, use medicamentos sem eficácia, se coloque em risco. O TCU [Tribunal de Contas da União] fez uma análise específica sobre os problemas relacionados à questão das políticas da comunicação e viu que toda a questão dos estoques foi colocada sob sigilo. Acreditem, o Ministério da Saúde estabeleceu o sigilo”, disse Temporão. 

Segundo o grupo técnico, chefiado pelo médico sanitarista Arthur Chioro e composto também pelo senador Humberto Costa (PT-PE), milhares de vacinas contra a Covid-19 estão próximas ao vencimento, enquanto milhares de pessoas de todas as faixas etárias ainda não tomaram vacinas de reforço ou até mesmo a primeira dose, como ocorre entre crianças. 

Chioro mencionou que o quadro atual é de "absoluta insegurança" e de "descalabrado" em relação ao programa nacional de imunização da população. Não foram adquiridas, até o momento, as vacinas contra covid e demais doenças para o ano que vem. 

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Humberto disse que há um quadro preocupante em relação à vacinação das crianças, que "está muito aquém daquilo que seria desejado para todas as faixas". Há seis milhões de crianças de seis meses a dois anos no Brasil, mas apenas um milhão de doses foram distribuídas, e voltadas apenas para crianças com alguma comorbidade. "Só vacinaram crianças que têm outras doenças. Ao mesmo tempo, o sistema Datasus não tem registros sobre esses dados. Então, nós estamos meio às cegas, um milhão de doses foram distribuídas e não sabemos efetivamente como foi, nem se foram aplicadas", disse Costa.  

A equipe alega ainda que, nos últimos anos, o setor público de saúde deixou de receber uma parcela significativa de recursos. Apenas para atender necessidades emergenciais estima que são necessários R$ 22,7 bilhões. 

 

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