Declaração de Lula sobre a guerra inflama a oposição

Em entrevista à imprensa enquanto voltava de Pequim, Lula falou sobre o papel dos EUA e da Europa no incentivo à guerra na Ucrânia

por Vitória Silva seg, 17/04/2023 - 13:05
Marcelo Camargo/Agência Brasil Ciro Nogueira, presidente do PP Marcelo Camargo/Agência Brasil

As declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seu retorno do Grande Palácio do Povo em Pequim, na China, seguem rendendo comentários na comunidade nacional e internacional. Nas redes sociais, o ex-ministro da Casa Civil e presidente do Progressistas, Ciro Nogueira, alegou que o Brasil "voltou a se linhar com o atraso das ditaduras" e sugeriu que o país está perdendo seu perfil de neutralidade.

"O grande presidente do Brasil Getúlio Vargas, durante a 2ª Guerra Mundial que dividiu o mundo, não atacou os Estados Unidos ou elogiou os Nazistas em público. Foi prudente. Nada falou. Só agiu ao conquistar grandes benefícios para o país. Lula deveria se inspirar em Getúlio", escreveu Nogueira, nas redes.

A crítica foi feita após a repercussão de uma fala de Lula sobre a guerra na Ucrânia. Em entrevista à imprensa, o mandatário mencionou países que "financiam" a guerra com a venda de armas e citou que Estados Unidos e União Europeia devem passar a falar mais em paz.

"É preciso que se constitua um grupo de países dispostos a encontrar um jeito de fazer a paz. É preciso ter paciência para conversar com o presidente da Rússia e da Ucrânia, mas é preciso, sobretudo, convencer os países que estão vendendo armas e incentivando a guerra, pararem. É preciso começar e saber como parar. A China tem um papel muito importante, agora outro país importante é os Estados Unidos. É preciso que os Estados Unidos e União Europeia parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz, para a gente poder convencer o Putin e o Zelensky de que a guerra, por enquanto, só está interessando aos dois", declarou o petista.

Lula tem defendido criar um "G20” de países que não têm nenhum envolvimento com a guerra, para incentivar o diálogo e restauração da paz.

Para Ciro Nogueira, as relações diplomáticas brasileiras devem ser guiadas pelo “pragmatismo”. “O Brasil voltou! Voltou a se alinhar com o atraso das ditaduras. Voltou as costas para seu principal aliado nas Américas. Voltou a inchar ministérios. Voltou à contabilidade criativa. Voltou a desfilar com o MST até pelo mundo! Voltou a colocar a ideologia antes da meritocracia”, completou Ciro Nogueira. 

Embed:

"Dilmo", ironizou Flávio Bolsonaro sobre as declarações de Lula

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também criticou a postura de Lula na China. De acordo com o parlamentar, o Brasil provocou a potência norteamericana "de graça" e a ação poderá gerar sanções ao povo brasileiro.

Na comunidade internacional, circula a informação de que a posição de Lula gerou mal-estar em Washington, por se assemelhar à "propaganda russa e chinesa", mas não há qualquer indício de sanção estadunidense ao Brasil e nem do rompimento de relações. Não é a primeira vez que o Brasil, ou Lula, se manifestam de forma incisiva sobre um assunto envolvendo a postura internacional dos Estados Unidos.

“Dilmo é um irresponsável que não mede o peso de suas palavras pelo cargo que exerce! Brasil sempre foi parceiro dos EUA! DE GRAÇA, por suas asneiras, o país poderá sofrer algum tipo de sanção pela maior potência econômica do mundo!”, escreveu Flávio.

Vale lembrar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pai do senador, chegou a afirmar, durante seu mandato, que o Brasil responderia com "pólvora" a uma suposta sanção de Joe Biden ao Brasil, por conta dos incêndios que atingiam a floresta amazônica. O governo dos Estados Unidos ignorou a fala dele.

COMENTÁRIOS dos leitores