Pré-vestibulares gratuitos lutam para aprovar feras

Por causa dos preços cobrados pelos cursinhos privados, estudantes de baixa renda enxergam nos “cursinhos comunitários” a esperança para ingresso na universidade

por Aline Cunha qua, 03/09/2014 - 10:15

Quem vai enfrentar provas de vestibulares e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) precisa estudar muito. Com a concorrência aumentando a cada ano e o tempo escasso, os jovens buscam os pré-vestibulares para se aprofundar mais nos assuntos abordados e pedidos de acordo com as matérias. O conteúdo precisa ficar o tempo todo na ponta da língua. Esse tipo de preparatório ganhou destaque pela proximidade e a grande bagagem que podem proporcionar aos estudantes. É normal perceber que quando as épocas de vestibular se iniciam na fase final do ensino médio, os candidatos começam a procurar os cursinhos mais famosos, aqueles que tem um número maior de indicações e aprovações. Essa é a maneira que facilita o aprendizado que foi esquecido ou perdeu qualidade no decorrer dos anos de estudo.

Mas isso não é tão simples para estudantes das redes públicas ou de baixa renda. Muitos não têm condições financeiras para pagar um cursinho preparatório e aprofundar seus assuntos. Foi por esse motivo que várias instituições criaram os pré-vestibulares voltados para esses alunos.  O Projeto Interação e o Pré-Vestibular da Universidade de Pernambuco (Prevupe) são alguns dos “cursinhos comunitários” voltados, principalmente, para aqueles que desejam ser aprovados em uma boa universidade, mas que dispõem de poucos recursos para tornar seu sonho realidade.

O Interação é um projeto de extensão da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que está vinculado com a Pro Reitoria de Extensão (PROEXT) com o intuito de facilitar a entrada de alunos da rede pública nas instituições públicas de nível superior, como a própria UFPE, a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Universidade de Pernambuco (UPE) e o Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), entre outros.

Todos os que lecionam no Interação são voluntários, alunos de diversas graduações e instituições do Estado, que se juntam para ensinas os alunos.  O responsável pelo projeto, Jônatas Lins, declara que a margem de aprovação é entre 184 e 198 alunos por ano, mas o número de matriculas vem diminuindo. “ Acredito pelo fato do Enem ser a nova porta de acesso ao ensino superior no Brasil, algumas pessoas não o veem com seriedade, por causa de todas as falhas que ocorreram em anos anteriores. Também é visível que a universidade publica não é algo que chame a atenção mais de todos que querem o ensino superior por causa da abertura das vagas em faculdades particulares”, afirma.

O Prevupe  já atendeu cerca de 20 mil pessoas. O projeto, que é realizado em 34 municípios de Pernambuco, consegue atender a um grande número de estudantes porque recebe recursos do Governo do Estado. As aulas, feitas nos finais de semana, são gratuitas e exclusivas para estudantes que cursaram ou que estão cursando o 3º ano do ensino médio em instituição pública. O coordenador geral do projeto, Carlos Roberto da Silva, relata que a iniciativa é bem sucedida e cresce a cada ano. “ O Prevupe existe a mais de 15 anos e só no ano passado atendeu mais de 8 mil alunos da rede pública”, afirma. Em 2013, mais de 2 mil alunos conseguiram passar nas principais universidades do estado e cerca de 5.400 alunos foram classificados através do sistema de cotas da UPE E UFPE.

As dificuldades de fazer um bom trabalho

O projeto Interação, por ser feito de forma gratuita e voluntária, sofre com a falta de apoio de organizações. Jônatas Lins relata que apesar da Federal ajudar, ainda não é suficiente para suprir todas as necessidades. “É um trabalho duro para que possamos lecionar com melhor qualidade, pois todos os nossos professores são voluntários e a maioria é de estudantes de graduação. Esse projeto é uma via de mão dupla, não é apenas ensinar e sim aprender com eles na sala de aula”, conta.

Outro ponto que é posto em conta é que uma das dificuldades é a falta de visibilidade e melhores condições para se lecionar as aulas. “Espaços para melhor atender os alunos e aos nossos professores, uma sala para a coordenação que daria suportes técnicos, uma biblioteca para atender melhor a todos. É bem difícil, porque sabemos que nem todos os livros são baratos. Desse jeito nós talvez conseguíssemos diminuir a evasão e ter uma aprovação maior nos vestibulares desses alunos”, declara.

 

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