Lírio Ferreira e Cláudio Assis não podem entrar na Fundaj

Após vexame durante um debate no Cinema da Fundação, no último sábado (29), os cineastas estão proibidos de participar de eventos na Fundação Joaquim Nabuco

por Paula Brasileiro seg, 31/08/2015 - 13:28
Reprodução/Facebook Debate sobre o filme 'Que horas ela volta?' causou polêmica nas redes socias Reprodução/Facebook

Os cineastas Lírio ferreira e Cláudio Assis causaram desconforto durante um debate realizado no Cinema da Fundação, no último sábado (29). Após a exibição do filme Que horas ela volta?, de Anna Muylaert, os dois teriam dito frases sexistas e não deixaram a própria diretora da produção falar. Nesta segunda (31), a Fundaj se posicionou diante o ocorrido anunciando que os dois realizadores não poderão participar dos eventos da fundação, bem como suas produções, pelo período de um ano. 

'Que horas ela volta?' mostra a empregada como uma 2ª mãe

Em nota publicado no Facebook, a Fundaj informou a proibição e lamentou o comportamento dos cineastas. A instituição já havia se manifestado em relação ao fato, através da mesma rede social, pedindo desculpas aos frequentadores do Cinema da Fundação: "A situação desagradável e o constrangimento causados servirão de exemplo para novas medidas a serem tomadas pela Fundaj, instituição que não corrobora nenhuma expressão de preconceito. Ao contrário, vem trabalhando há mais de seis décadas para tornar a sociedade melhor".

O evento do sábado repercutiu bastante nas redes sociais. O diretor de arte Thales Junqueira postou em seu perfil do Facebook: "Quero que o debate do Que horas ela volta? realizado ontem no Cinema do Museu seja postado na íntegra. As pessoas precisam assisti-lo. Não só porque conseguimos levantar reflexões importantes - e novas - sobre o filme, mas também pelo show de machismo escandaloso de Lírio Ferreira e Claudio Assis que tentaram impedir uma mulher diretora de falar sobre seu próprio cinema. Show de machismo, sexismo, gordofobia: insetos em volta da lampada".

A jornalista Carol Almeida também se manifestou: "Agora, sobre a perversidade de tudo isso. O que tinha acabado de ser projetado naquela sala de cinema era um filme sobre protagonismo feminino, sobre dar à mulher o lugar de fala que historicamente lhe foi negado. E aí o filme acaba, se acendem as luzes da vida tal como ela é e neste momento surgem dois homens para interromper a fala de uma mulher diretora. Não importa o quanto eles gostaram do filme, ou do quanto estariam lá porque era amigos dela. O fato é que: eles reproduziram exatamente o machismo do qual a própria Anna, sendo mulher e realizadora de cinema, certamente sempre sofreu (e, como se vê, ainda sofre)".

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