Variante Delta avança e 3ª dose ainda está sendo discutida

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu dois pedidos de autorização para pesquisa clínica a fim de investigar os efeitos de uma dose de reforço contra o novo coronavírus

por Jameson Ramos sex, 20/08/2021 - 16:38
Julio Gomes/LeiaJá Imagens/Arquivo Homem sendo vacinado no centro de vacinação do Recife Julio Gomes/LeiaJá Imagens/Arquivo

O mundo científico está discutindo a necessidade da dose de reforço das vacinas contra a Covid-19. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu dois pedidos de autorização para pesquisa clínica a fim de investigar os efeitos de uma dose de reforço contra o novo coronavírus. 

O primeiro estudo é da Pfizer/BioNTech, que avalia a segurança e o benefício de uma dose de reforço da sua vacina Comirnaty. O segundo caso é do laboratório AstraZeneca, que desenvolveu uma segunda versão do imunizante que está em uso no Brasil, buscando a proteção contra a variante B.1.351 do Sars-CoV-2, identificado primeiro na África do Sul.

Um dos braços do estudo prevê que uma dose da nova versão da vacina seja aplicada em pessoas que foram vacinadas com duas doses da versão original da AstraZeneca. 

Diante do atual cenário pandêmico do país, que enfrenta o avanço da variante Delta, A Anvisa está recomendando que o Programa Nacional de Imunização (PNI) considere a possibilidade de indicar a dose de reforço da CoronaVac em caráter experimental para grupos que receberam duas doses da mesma vacina, priorizando públicos-alvo como pacientes imunocomprometidos ou idosos. 

A diretora da Anvisa, Meiruze Freitas, alerta que antes do avanço das doses adicionais, é preciso atentar para a necessidade de ampliação e integralidade da cobertura vacinal para todos os cidadãos aptos. "É prioritário que essa cobertura seja integral, com a aplicação de duas doses ou dose única, conforme a vacina", avalia.

O que mostra os estudos

Dois estudos feitos pela farmacêutica Sinovac, que produz a CoronaVac em parceria com o Instituto Butantan, verificou que a dose de reforço da vacina aumenta a imunidade das pessoas, seja 28 dias, seis ou oito meses após a aplicação das duas primeiras doses. 

Para esses primeiros resultados, a Sinovac testou adultos chineses de 18 a 59 anos e idosos acima dos 60 anos. Nenhum dos estudos verificou efeitos adversos graves nos pacientes, sendo comum apenas a dor no local da aplicação do imunizante.

Ministro confirma 3ª dose

Na última quarta-feira (18), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou que a pasta irá aplicar a dose de reforço, começando pelos profissionais da saúde e idosos. Queiroga diz que o objetivo é reforçar a proteção contra a Covid-19 diante do avanço de variantes no Brasil, em especial a Delta - considerada mais letal.

Ao LeiaJá, o Ministério da Saúde "informou que ainda não tem uma data de quando esse reforço deve começar no país e que espera por dados científicos que embasem a necessidade da terceira dose. A pasta não disse se dispõe de doses suficientes para iniciar este reforço, se haverá a necessidade da compra de mais imunizantes e qual vacina será necessária para essa maior cobertura da imunização”.

Reforço começa no Rio

O secretário municipal do Rio de Janeiro disse na última segunda-feira (16), que idosos da Ilha de Paquetá irão receber, ainda neste mês, a dose de reforço contra o novo coronavírus. As doses serão aplicadas como parte do estudo realizado na ilha, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz. 

Esta terceira dose fará parte do estudo de observação dos efeitos da vacinação heteróloga, quando são aplicadas doses de vacinas diferentes em uma mesma doença.

Avanço da variante Delta no Brasil

Recente levantamento do Ministério da Saúde mostra que o Brasil já confirmou 1.051 casos da variante Delta, que deixou 41 vítimas fatais. Esta cepa da Covid-19 é considerada mais transmissível que as outras e mais letal. A variante já circula em 13 estados e no Distrito Federal. 

Na quarta-feira (20), o Governo de Pernambuco confirmou que as investigações epidemiológicas realizadas pelos municípios indicam que a variante Delta já circula no território. No dia 12 de agosto, a Secretaria de Saúde divulgou que dois homens, de 24 e 59 anos, tiveram as suas amostras positivas para a variante. Eles são moradores de Olinda e Abreu e Lima.

Ainda não foi possível rastrear a origem da infecção em Pernambuco, o que - segundo a Secretaria de Saúde - comprova que o vírus circula entre as pessoas, independente de terem viajado ou não para locais onde há registros de casos. 

“Com os resultados encontrados até o momento, não conseguimos identificar os casos que positivaram para a doença antes desses pacientes. Seguiremos reforçando o sequenciamento genético das amostras, principalmente dos contactantes relacionados aos dois pacientes, para rastrear a possível presença da Delta no Estado”, reforçou o secretário estadual de Saúde, André Longo.

O secretário destacou ainda que a circulação da variante Delta em Pernambuco reforça a importância dos cuidados e, principalmente, da vacinação contra a Covid-19. 

“É fundamental que a população entenda a necessidade do uso correto de máscaras, do distanciamento social e da higienização adequada das mãos. É necessário compromisso e responsabilidade. A pandemia não acabou. O vírus continua circulando, com a introdução de variantes preocupantes, como é o caso da Delta. Completar o esquema vacinal, com as duas doses, é essencial para a eficácia da imunização", ressaltou Longo. 

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