Além da pandemia, crise frustra comércio na Festa do Morro
Habituados a ver o entorno do Santuário de Nossa Senhora da Conceição lotado de devotos, vendedores relatam que as vendas estão paradas
A tímida movimentação de fiéis frustrou a expectativa do comércio de fim de ano no ciclo de homenagens à Nossa Senhora da Conceição, na Zona Oeste do Recife. Nesta terça-feira (7), vendedores mais antigos lamentaram a falta de clientes ao comparar com anos anteriores, enquanto estreantes estão animados pela procura de artigos religiosos na 117ª Festa do Morro.
Desapontado pela ausência das tradicionais caravanas do Interior, Romildo Paulino, dono de uma barraca ao lado da igreja há 40 anos, enxerga que a crise econômica já atrapalha mais do que a pandemia.
“A própria situação dificulta. Muita gente ainda não recebeu o 13º [salário], um ano de muito desemprego. Então isso tudo dificulta com a própria doença dessa pandemia”, disse.
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Os consumidores perceberam que produtos como terços, calendários e até mesmo da água mineral tiveram um aumento de preço.
Questionada sobre as críticas da clientela, a autônoma Juliana dos Santos brincou: “aparece um ou outro perdido que reclama, que é chorão”.
Há seis anos na celebração da padroeira afetiva do Recife, a comerciante Edivânia Rodrigues relatou que as vendas "estão péssimas" e explica que o reajuste teve que ser repassado aos clientes para garantir o lucro se propõe a enfrentar o sol para tirar o sustento.
“Ano passado a gente comprou mais barato e esse ano aumentou”, pontuou ao comentar sobre a logística de transporte dos produtos que vêm de fora do estado.
Em seu primeiro ano na Festa da Santa, Sandra da Silva conta que reservou um dinheirinho para investir na venda de calendários. Essa foi a forma que encontrou para trabalhar perto de casa, já que está desempregada. “Tô sem trabalhar, sem fazer nada em casa e como tenho filho vim vender”, concluiu.