Humberto diz que Moro e Bolsonaro enganaram manifestantes
O senador disse que o ministro e o presidente deveriam ter evitado que quem foi às ruas no último domingo pagasse mico ao defender o Coaf no Ministério da Justiça e Segurança Pública, uma vez que o próprio governo queria deixa-lo no da Economia
Líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE) afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, “enganaram os manifestantes” que foram às ruas no último domingo (26). De acordo com Humberto, o Planalto recuou com relação a transferência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para o Ministério da Economia e não comunicou previamente aos que foram às ruas defender a manutenção do Coaf sob a tutela de Moro.
“Bolsonaro e Moro deveriam ter sido honestos e avisado essa posição aos seus seguidores, muitos deles milicianos virtuais, na semana passada. Se os eleitores do capitão reformado e admiradores do ex-juiz soubessem que os dois eram contra a permanência do Coaf no Ministério da Justiça e Segurança Pública, não teriam ido às ruas pagar mico acusando o Congresso Nacional de fazer aquilo que tanto Bolsonaro quanto Moro estão defendendo”, disparou.
Nessa terça-feira (28), o Senado aprovou por 48 votos a 30 a ida do Coaf para a pasta comandada por Paulo Guedes. Medida contou com o apoio do governo, que quis evitar a volta da Medida Provisória para a Câmara dos Deputados e arriscar que o texto que reduz o número de ministérios perdesse a validade.
A posição de Bolsonaro e Moro contra o funcionamento do Coaf na Justiça foi divulgada em carta encaminhada ao Senado nesta terça, lida pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-RO), antes da votação da Medida Provisória. No documento, os dois, junto com os ministros Paulo Guedes (Economia) e Onyx Lorenzoni (Casa Civil), pediram a aprovação da matéria da mesma maneira em que ela passou na Câmara dos Deputados, na última quarta-feira.
“Digo uma vez mais: Bolsonaro toma o povo como ignorante e culpa o Congresso por seus próprios atos”, alfinetou Humberto. O parlamentar sugeriu que os manifestantes do domingo que defendiam o Coaf com Moro poderiam organizar um outro ato, agora, contra o próprio ministro e o presidente.
O senador entende que a opinião de Moro sobre onde deve ficar o Coaf é irrelevante, pois o ministério não é dele e tem mais de 100 anos de história. “O Coaf sempre funcionou muito bem na Fazenda. Desde 2014, várias dessas operações policiais e processos judiciais foram feitos com base em informações do Coaf. Agora, se alguém quer ter esse órgão na mão para transformá-lo num instrumento de disputa política e perseguição, é outra história”, observou.
“O Coaf, sob o guarda-chuva do então ministério da Fazenda, conseguiu chegar em Queiroz, no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, e identificar toda a movimentação milionária realizada nas contas dele. Depois disso, muita coisa foi descoberta nesse caso. Por que alguns querem tirá-lo de lá?”, indagou, acrescentando, Humberto.