PM aponta arma para apoiadores de Lula em Juiz de Fora
Grupo realizava ato para receber o ex-presidente e teria sido impedido de prosseguir, após conflito com bolsonaristas. Manifestação era pacífica
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foram ameaçados por um policial militar durante uma discussão com um grupo de bolsonaristas em Juiz de Fora, Minas Gerais. De acordo com lideranças de esquerda, a abordagem policial foi solicitada pelos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).
O caso aconteceu na manhã desta quarta-feira (11). Lula deve visitar a cidade mineira durante a tarde para cumprir agenda de pré-campanha. Bolsonaristas, portanto, teriam organizado um protesto à visita e acabaram entrando em conflito verbal com os ativistas, que tinham um ato favorável a Lula ocorrendo no mesmo momento.
À ocasião, um dos militares apontou uma arma para os ativistas do MST desarmados. Nas redes sociais, já circulam diversos vídeos nos quais o policial pode ser visto em posição de atirar. É possível ouvir pessoas dizendo "Atira!" e "Nós estamos numa manifestação pacífica", enquanto outros tentavam acalmar o militar. Um outro policial é visto ignorando a situação e mexendo no celular.
"Cerca de 20 bolsonaristas com um carro de som tentaram bloquear a saída do aeroporto e nós estávamos em um grupo de 60 pessoas e nos posicionamos sobre a rotatória, sem atrapalhar o trânsito, em manifestação pacífica", disse Nei Zavaski, membro da coordenação estadual do MST em Minas.
De acordo com o UOL, o comando da Polícia Militar vai analisar o procedimento adotado pelo militar que aparece nas imagens apontando a arma em direção à cabeça de um dos manifestantes.
"O policial faz uma análise do que está passando. E nós vamos depois fazer uma análise mais aprofundada para saber se a utilização [da arma] foi adequada, oportuna, até porque havia um número bastante grande de pessoas que poderiam se enfrentar. Mas o equipamento foi o adequado", disse o major Jean Amaral. Segundo o militar, os policiais estão utilizando "equipamento de menor potencial ofensivo, calibre 12, de borracha, mas não houve a necessidade de disparo".
O comando da Polícia Militar em Juiz de Fora demonstrou preocupação com os possíveis atos de violência entre simpatizantes de Lula e de Bolsonaro na cidade.
"A preocupação existe. Nós estivemos, ao longo dos últimos dias, nos organizando para que o efetivo policial estivesse adequado à movimentação de pessoas. Juiz de Fora tem uma tradição ligada ao PT, hoje a prefeita [Margarida Salomão] é do PT, e nós temos o costume de acompanhar candidatos do PT na cidade sempre com muita movimentação de simpatizantes", continuou Amaral.
O policial disse também que o efetivo da PM nos eventos de Lula hoje é de 60 militares, além da Guarda Municipal.