Entenda a força evangélica disputada por Lula e Bolsonaro

Bolsonaro tem a preferência de 50% dessa parcela da população, enquanto Lula figura com 32% das intenções de voto dos evangélicos

por Jameson Ramos sex, 23/09/2022 - 16:40
Ricardo Stuckert/Agência Brasil Lula e Bolsonaro são os principais presidenciáveis Ricardo Stuckert/Agência Brasil

O eleitorado evangélico representa 25% da população votante do Brasil. De olho nessa parcela da sociedade, os candidatos à Presidência da República estão intensificado as suas visitas às igrejas e os encontros com os principais líderes religiosos do país, principalmente o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), principais concorrentes. 

Segundo último levantamento do Datafolha, divulgado na noite de quinta-feira (22), Bolsonaro tem 50% das intenções de voto dos evangélicos, enquanto o petista aparece atrás na preferência, com 32%. Mesmo sendo um número significante para o atual mandatário, a campanha do presidente enxerga que é necessário o máximo de  possível de fiéis engajados para que ele consiga a reeleição.

Inclusive, Bolsonaro não tem medido esforços para agradar essa parcela da sociedade, investindo - principalmente -, nas pautas morais. Em um sinal claro de que quer mostrar que é o "candidato da família e dos bons constumes", pautas defendidas pelos evangélicos, o presidente levou o pastor Silas Malafaia para o funeral da rainha, o que teve uma grande repercussão na imprensa nacional e internacional.

No dia nove deste mês, o presidente Lula participou de um encontro com lideranças evangélicas em São Gonçalo, Rio de Janeiro. No encontro, o ex-presidente fez um discurso que parecia mais uma pregação e o palco foi transformado num púlpito. O petista, que já chegou a se posicionar favorável ao aborto, por exemplo, tem evitado falar de assuntos que contrariam o que é defendido pelos evangélicos na reta final da campanha. 

Segundo o cientista político Henrique Lucena, os evangélicos conseguiram uma força muito relevante no Brasil de alguns anos para cá. “Principalmente a partir dos anos 90, essas denominações neopentecostais de terceira onda, vinda dos Estados Unidos, começaram a se instalar no Brasil e ganharam força ao longo do tempo, não só ela como vários protestantes como os Luteranos e os batistas. Mas esses neopentecostais de terceira onda, que são as Assembléias de Deus e Universal do Reino de Deus, foram galgando o espaço ao longo do tempo”, destaca.

Lucena acentua que a falta do Estado em alguns segmentos da sociedade, como nas camadas mais pobres, possibilitou a penetração e fortalecimento dos evangélicos nessas localidades. “Eles são uma força que não pode ser ignorada. Lembrando que os evangélicos não são um grupo coeso e uniforme. Existem várias denominações que são extremamente importantes, como a Assembléia de Deus Vitória em Cristo, do pastor Silas Malafaia. Essas sim tem uma atuação militante. E o que acontece é que essas que têm uma atuação militante acreditam que - para se fazer valer a sua missão espiritual -, precisam também entrar na política”, assevera o especialista.

O cientista político lembra que os evangélicos foram importantes para a eleição de Jair Bolsonaro em 2018, mas o então deputado não foi eleito só por causa desse segmento. “O que a gente pode constatar é que em grande medida houve uma migração de votos para ele porque era um candidato antissistema, tínhamos o lavajatismo, o antipetismo. Mas, em resumo, os evangélicos são muito importantes, sim [para definir o futuro presidente]”, pontua Henrique Lucena.

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