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O eleitorado evangélico representa 25% da população votante do Brasil. De olho nessa parcela da sociedade, os candidatos à Presidência da República estão intensificado as suas visitas às igrejas e os encontros com os principais líderes religiosos do país, principalmente o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), principais concorrentes. 

Segundo último levantamento do Datafolha, divulgado na noite de quinta-feira (22), Bolsonaro tem 50% das intenções de voto dos evangélicos, enquanto o petista aparece atrás na preferência, com 32%. Mesmo sendo um número significante para o atual mandatário, a campanha do presidente enxerga que é necessário o máximo de  possível de fiéis engajados para que ele consiga a reeleição.

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Inclusive, Bolsonaro não tem medido esforços para agradar essa parcela da sociedade, investindo - principalmente -, nas pautas morais. Em um sinal claro de que quer mostrar que é o "candidato da família e dos bons constumes", pautas defendidas pelos evangélicos, o presidente levou o pastor Silas Malafaia para o funeral da rainha, o que teve uma grande repercussão na imprensa nacional e internacional.

No dia nove deste mês, o presidente Lula participou de um encontro com lideranças evangélicas em São Gonçalo, Rio de Janeiro. No encontro, o ex-presidente fez um discurso que parecia mais uma pregação e o palco foi transformado num púlpito. O petista, que já chegou a se posicionar favorável ao aborto, por exemplo, tem evitado falar de assuntos que contrariam o que é defendido pelos evangélicos na reta final da campanha. 

Segundo o cientista político Henrique Lucena, os evangélicos conseguiram uma força muito relevante no Brasil de alguns anos para cá. “Principalmente a partir dos anos 90, essas denominações neopentecostais de terceira onda, vinda dos Estados Unidos, começaram a se instalar no Brasil e ganharam força ao longo do tempo, não só ela como vários protestantes como os Luteranos e os batistas. Mas esses neopentecostais de terceira onda, que são as Assembléias de Deus e Universal do Reino de Deus, foram galgando o espaço ao longo do tempo”, destaca.

Lucena acentua que a falta do Estado em alguns segmentos da sociedade, como nas camadas mais pobres, possibilitou a penetração e fortalecimento dos evangélicos nessas localidades. “Eles são uma força que não pode ser ignorada. Lembrando que os evangélicos não são um grupo coeso e uniforme. Existem várias denominações que são extremamente importantes, como a Assembléia de Deus Vitória em Cristo, do pastor Silas Malafaia. Essas sim tem uma atuação militante. E o que acontece é que essas que têm uma atuação militante acreditam que - para se fazer valer a sua missão espiritual -, precisam também entrar na política”, assevera o especialista.

O cientista político lembra que os evangélicos foram importantes para a eleição de Jair Bolsonaro em 2018, mas o então deputado não foi eleito só por causa desse segmento. “O que a gente pode constatar é que em grande medida houve uma migração de votos para ele porque era um candidato antissistema, tínhamos o lavajatismo, o antipetismo. Mas, em resumo, os evangélicos são muito importantes, sim [para definir o futuro presidente]”, pontua Henrique Lucena.

O pastor evangélico Silas Malafaia rebateu as declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, atacou o PT e provocou o ex-presidente para que ele fale a verdade para os brasileiros. "Quando o homem mente descaradamente ele se parece com o diabo. Lula, que tal você falar toda a verdade e deixar de enganar o povo brasileiro?", afirmou, em vídeo postado no YouTube.

Mafalaia ainda afirmou que o ex-presidente "foi o mandão" das "roubalheiras" e "cachorradas" do PT. "Não vai dar mais para sua bravata enganar a gente não", disse. "A paciência do povo já está cheia de tanta safadeza, de tanta roubalheira, de tanto engano."

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Em evento com sindicalistas nesta semana em São Paulo, Lula citou em tom de brincadeira os métodos utilizados pelos pastores neopentecostais. "Os pastores evangélicos jogam a culpa em cima do diabo. Acho fantástico isso. Você está desempregado é o diabo, está doente é o diabo, tomou um tombo é o diabo, roubaram o seu carro é o diabo", disparou o ex-presidente.

No vídeo, Malafaia rebate. "Você está enganado, Lula. Nós sabemos que o diabo é um ser que odeia o ser humano. Mas nós não tiramos as responsabilidades das pessoas de suas ações", afirmou o pastor, que acusou o PT de ser o responsável pelos escândalos de corrupção. "O mensalão não foi o diabo não: foi o PT. A roubalheira escandalosa da Petrobras, não é o diabo não, é o seu partido, é o PT", disse.

O pastor sugeriu que o ex-presidente pedisse a Deus para ter ajuda para largar a bebida. "Não tenho ódio de você, não. Mas deixa eu falar uma coisa para você, que você vai entender: saiba que Jesus liberta da cachaça. Jesus liberta o homem da cachaça", ironizou.

"Porque satanás usa isso. Quem decide somos nós. O diabo usa as coisas, mas a decisão é do ser humano. Ele tem livre arbítrio e é um ser inteligente. Jesus liberta o homem da cachaça que transforma ele, esse vício miserável. Deus te abençoe. Deus tenha misericórdia de você", disse o pastor.

Sem citar diretamente a presidente Dilma Rousseff, Malafaia afirmou ainda que o governo do PT cometeu "estelionato eleitoral vergonhoso" e que é esse governo, e não o diabo, o responsável pela atual crise econômica. "Quem cometeu estelionato eleitoral enganando o povo, baixando a energia elétrica para depois explodir no preço, não é o diabo não, é o PT", disse. "Não é o diabo que tirou o emprego do povo brasileiro não Lula: é a política econômica do governo do PT".

Aos sindicalistas, Lula disse também em tom de galhofa que os dirigentes sindicais deveriam assimilar os métodos dos pastores. "Vocês sindicalistas têm que aprender a fazer isso porque cobram mensalidade, cobram contribuição sindical e não resolvem (as demandas da categoria)."

Segundo Malafaia, o ex-presidente "não entende nada de igreja evangélica e de pastor" e falou besteira ao afirmar que os pastores dizem aos fiéis "que o dízimo salvará". "Tu tá falando besteira. Nenhum pastor prega que dízimo salva, não tem isso na bíblia."

Aos sindicalistas, também em tom de brincadeira, Lula disse que eles deveriam assimilar os métodos dos pastores em relação ao dízimo. "Vocês sindicalistas têm que aprender a fazer isso porque cobram mensalidade, cobram contribuição sindical e não resolvem (as demandas da categoria)", afirmou Lula.

Enquanto o governo Dilma Rousseff e o PT tentam enfrentar a pauta conservadora defendida pela bancada religiosa no Congresso, que tem à frente o evangélico Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou em tom de brincadeira os métodos utilizados pelos pastores neopentecostais, em palestra a sindicalistas na noite dessa quarta-feira (20) em um hotel no centro de São Paulo.

Lula, bem humorado, explicava aos sindicalistas que nas ocasiões em que não é possível atender às reivindicações da categoria a melhor saída é colocar a culpa no governo quando, sem motivos aparentes, passou a falar dos evangélicos. "Os pastores evangélicos jogam a culpa em cima do diabo. Acho fantástico isso. Você está desempregado é o diabo, está doente é o diabo, tomou um tombo é o diabo, roubaram o seu carro é o diabo", disparou Lula, arrancando gargalhadas da plateia.

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Lula comparou a retórica dos pastores a um processo judicial nos moldes do mensalão, no qual ex-dirigentes petistas foram condenados por desvios de dinheiro público com base na teoria do domínio dos fatos, que responsabilizou lideranças como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu por atos de seus subordinados sob a argumentação de que ele tinha o controle da situação. "Eu acho legal (culpar o diabo) porque é direto. Não tem nem investigação. É direto. O culpado está ali. É a teoria do domínio do fato", brincou Lula.

Diante da receptividade calorosa da plateia, que não parava de rir, ele brincou com a cobrança de dízimo nas Igrejas evangélicas. "E a solução também está ali. É Deus. Pague o seu dízimo que Jesus te salvará", disse em tom eloquente, imitando uma pregação religiosa.

Por fim, o ex-presidente disse também em tom de galhofa que os dirigentes sindicais deveriam assimilar os métodos dos pastores. "Vocês sindicalistas têm que aprender a fazer isso porque cobram mensalidade, cobram contribuição sindical e não resolvem (as demandas da categoria)."

Tensão

As brincadeiras de Lula ajudaram a aliviar o clima de pessimismo e tensão dos sindicalistas incomodados com os rumos do governo Dilma que participaram do Seminário Nacional de Estratégia promovido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf).

Pouco antes da fala de Lula, o presidente da Contraf, Roberto Von Der Osten, o Betão, criticou as reduções de direitos trabalhistas que fazem parte do pacote de ajuste fiscal e o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, defendeu o fim do fator previdenciário, aprovado pelo Congresso contra a vontade de Dilma.

Lula pediu apoio dos sindicalistas ao governo. Segundo ele, é preciso acabar com o mau humor que toma conta do Brasil. "Nenhum país do mundo vai para a frente com a descrença e o mau humor que tem hoje no Brasil", disse Lula, para quem as reclamações são exageradas. "Se eu não morri de fome até os cinco anos comendo calango no Nordeste não é agora, depois de velho, que uma crisezinha vai me derrubar", completou o ex-presidente.

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