Eleições: primeiro turno é mais previsível do que em 2018

A uma semana para o primeiro turno, a mudança de entendimento dos eleitores corresponde a um cenário mais consolidado em 2022

por Victor Gouveia dom, 25/09/2022 - 10:00
Clauber Cleber Caetano/PR e Ricardo Stuckert Jair Bolsonaro e Lula Clauber Cleber Caetano/PR e Ricardo Stuckert

Se em 2018, alguns acontecimentos antes do primeiro turno, como a prisão do ex-presidente Lula (PT) e a facada em Jair Bolsonaro (PL) deixaram a disputa em aberto. Neste ano, o eleitor chega às urnas em um cenário muito mais consolidado para a Presidência. A uma semana do primeiro turno das eleições, o pleito de 2022 se construiu de uma forma totalmente diferente do há quatro anos.

O retorno ativo de Lula à política, a experiência da gestão de Bolsonaro e o antagonismo precoce estimulado pelos dois influenciou os eleitores e anteciparam o próprio ciclo eleitoral. "Nós temos uma eleição que foi muito antecipada, ou seja, na prática, a disputa eleitoral começou ainda no ano passado", pontuou o doutor em Ciências Políticas Vanuccio Medeiros.

Em uma conjuntura na qual a politização é alimentada, em seu entendimento, a postura do eleitor de 2022 pode ser considerada uma das principais diferenças em comparação a 2018. "É uma eleição em que você vê que o eleitor já tem uma clareza muito grande e as pesquisas já indicam isso, que o voto é muito decidido desde o começo do ano", avaliou.

Tanto do ponto de vista das forças em disputa quanto o próprio desempenho dos candidatos nas pesquisas comprovam que o eleitor não abriu espaço para 'outsiders', como se elegeu Bolsonaro. Em 2018, o interesse por mudança culminou na escolha do candidato ainda desconhecido da maioria e sem histórico em cargos majoritários. Antes, se defendeu a candidatura de alguém que se posicionava como apolítico, hoje, a defesa se dá por pessoas já conhecidas e se inclina em um viés ideológico.

Nesse contexto, a corrida presidencial se mostra bem mais previsível, considera o cientista. Apesar da polarização já marcar o voto em 2018, o resultado se mostrava mais incerto. Neste ano, a própria estabilidade dos números e a posição dos candidatos configura um cenário mais controlado em relação às previsões. 

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