Endividado? Veja dicas para organizar as finanças em 2019
Segundo levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), apenas 9% dos brasileiros afirmaram ter condições de pagar as despesas de início de ano
Ano novo, dívidas novas. Quem não se planejou, sofre para honrar os compromissos do início de 2019, como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e material escolar. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada entre novembro e dezembro de 2018, seis em cada 10 pernambucanos estão endividados, o que representa 66,8% da população e correspondente à 340.010 famílias. Para te ajudar a sair do vermelho, o LeiaJá conversou com um economista, que deu dicas de planejamento financeiro.
Segundo o economista da Fecomércio-PE Rafael Ramos, o motivo do aumento no número de endividados no Estado se dá pelo tradicional calendário de consumo e pela falta de organização dos compradores. “É importante que o planejamento financeiro familiar seja feito em conjunto, cortando despesas como serviços que não são essenciais naquele momento. Também é preciso entender que o controle de gastos exige sacrifícios, mudança de hábitos e reajustes de consumo, o que é difícil para muitas famílias”, enfatizou.
Para ele, “quando a gente vai para os números, é preciso saber quanto esse endividamento vai comprometer o orçamento familiar. Se chegar até 15%, não é algo preocupante. O que preocupa são as famílias que não tem renda fixa e não conseguem pagar os tributos”. Apenas 9% dos brasileiros afirmaram ter condições de pagar as despesas de início de ano e 11% não fizeram nenhum tipo de planejamento para 2019, foi o que apontou o levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).
Constituída pela contadora Danielle Aleixo, o sócio de um estúdio de tatuagem Michel Fernando, a filha Laura, de 12 anos, e o mascote Thor, a Família Aleixo faz parte da parcela de endividados e se desdobra para honrar os compromissos mensais. “A gente trabalha, e no aperto, consegue pagar tudo. Mas todo início de ano é complicado, além das contas ‘normais’, tem essas pra gente quebrar a cabeça”, declarou Michel.
Inserida no SPC e quitando um empréstimo, a família acredita que o endividamento foi consequência dos gastos supérfluos, “antes eu ia lá e comprava mesmo. Aí você acaba gastando demais. Hoje, penso se realmente é necessário”, declarou Danielle. As refeições fora de casa, a compra de itens de vestuário e os passeios, comprometeram o orçamento familiar, revelou Michel, ao admitir o corte de gastos. “A gente teve que diminuir as idas ao cinema e à praia justamente para poder poupar”, observou.
Cartão de crédito: assistente ou vilão?
Com um dos maiores juros do mercado, em torno de 300%, o cartão de crédito foi outro fator que afetou as finanças da família. “Ele se tornou um vilão porque, as vezes, você nem precisa daquilo e compra”, declarou Danielle. Além dos longos parcelamentos, a má utilização foi preponderante para o endividamento. “Se você tem um cartão, vai lá e compra, quando vem a fatura é que você entra em pânico. O problema é que as contas do cartão viram uma bola de neve, por que você vai passando e quando vê já acabou comprando mais do que devia. De uns anos pra cá, venho me atentando a isso”, admitiu a contadora.
No levantamento da Fecomércio-PE, 93% das famílias informaram que o tipo de dívida está atrelado ao uso do cartão de crédito. “Cartão de crédito não é extensão de renda, não ultrapasse 25% do orçamento em parcelas para não comprometer sua capacidade de pagamento. Além das dívidas sazonais, existem as correntes, como água, alimentação e energia”, indicou o economista Rafael Ramos, antes de exemplificar o processo acelerado de endividamento com o cartão. “Se você fizer uma conta de R$ 1.000 e não pagá-la, em um ano essa conta vira R$ 4.000. Sendo mal utilizado, ele é muito perigoso”, completou.
Para o economista, a melhor forma de se prevenir financeiramente é separar 20% da renda para possíveis gastos pontuais ou casos de emergência. De acordo com Rafael, “não financiar despesas fixas, utilizar no máximo um cartão e controlar as datas de vencimento”, são os primeiros passos para utilizar o suporte do crédito com segurança.
Na prática
Com o início da reeducação financeira e a mudança de hábitos, a Família Aleixo faz parte dos 37% dos brasileiros que pretendem juntar dinheiro e sair do vermelho. “Meu foco agora é a quitação geral, para poder respirar com o cartão. Depois, pretendo poupar para sair do aluguel e conquistar minha casa própria”, revelou a contadora.
Para isso, ela mantém um pequeno empreendimento em casa para complementar a renda e atender às demandas mensais. “Nos fins de semana ou a noite, quando volto do escritório, começo a minha produção de picolés gourmet e salgadinhos por encomenda. O negócio vem apresentando um bom retorno, e essa renda extra têm ajudado muito a gente”, afirmou.
Sobre investir em empreendedorismo para ampliar a renda, Rafael Ramos advertiu em relação à análise prévia do investimento e do mercado geral. “Depende do perfil de cada um, se você pretende ter um retorno rápido e quanto pode gastar. É interessante procurar um profissional, analisar os níveis de risco do investimento”, salientou.
Confira as quatro dicas do economista: