Os embates do PMDB e PT e a “jogada inteligente” de Dilma

Petistas têm opiniões divergentes em relação à decisão da presidente em escolher Temer para coordenar a política de seu governo

por Élida Maria qui, 16/04/2015 - 17:52
Fernando da Hora/LeiaJáImagens/Arquivo Dilma entregou ao peemedebista o Ministério do Turismo nesta quinta (16) Fernando da Hora/LeiaJáImagens/Arquivo

Em menos de seis meses à frente do governo neste segundo mandato como presidente da República, é notório a dificuldade e o jogo de cintura que Dilma Rousseff (PT) precisa ter com partido de seu principal aliado, o PMDB, do vice-presidente Michel Temer. Enquanto uma ala como a de Temer faz aliança com a chefe do Executivo, outros peemedebistas como é o caso do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), faz o papel afrontador em relação ao governo e é visto como um personagem de quadrinhos, o “Hulk”, por petistas mais críticos. 

Para diminuir a “pressão” da legenda em cima do governo, há quem acredite que a decisão de entregar a coordenação política a Michel Temer foi uma jogada inteligente, mas essa avaliação não é maioria no meio político. A postura divergente do PMDB é cheia de particularidades, assim como ocorre em Pernambuco. No Estado, o senador Jarbas Vasconcelos e o vice-governador, Raul Henry assumem posturas opositoras ao governo federal. Já outros peemedebistas como o prefeito de Petrolina, Julio Lossio, apoia a petista. “Vejo que o presidente recebeu missão para ajudar o governo e o país”, analisou Lossio, sobre a função que Temer assumiu no governo de Dilma.

Para a presidente estadual do PT, deputada Teresa Leitão, a unidade entre o PT e o PMDB necessidade de muitas articulações. “É preciso estratégias do PT. Tem que discutir muito na política”, avaliou a parlamentar. Ela também analisou a postura de Eduardo Cunha. “Contraditoriamente ele faz parte da base de apoio, embora tenha contribuído muito pouco até o momento com a governabilidade, mas ele também está recebendo o troco. Ele está sendo hostilizado em todos os estados que ele vai discutir a reforma política e não é pelo PT, ele está sendo hostilizado pelos movimentos sociais, pelos sindicatos e por todos aqueles que se sentem prejudicados com essa pauta tão obscura que ele está trazendo para discussão no Congresso”, destacou.

Teresa Leitão frisou existir pautas bem mais interessantes e importantes para serem tratadas no Congresso Nacional, reprovando o Projeto de Lei 4330 – da terceirização - defendido pelo peemedebista. “Tantas coisas são importantes de serem discutidas. A pauta da reforma política, tantas  coisas que a gente precisava colocar na agenda e ele fica preocupado com essa agenda tão conservadora e tão obscurantista”, alfinetou.

Questionada sobre a decisão de Dilma em entregar a coordenação política a Temer, a presidente do PT em Pernambuco aprovou a atitude da chefe do Executivo. “Na verdade ela não deu, ela dividiu. Uma presidenta não está fora da discussão política em nenhum momento. Acho que foi um gesto importante porque se a principal crise está na relação com o PMDB, o PMDB também tem que contribuir para resolver. Então, neste aspecto, acho que foi uma jogada inteligente”, avaliou Leitão afirmando que Temer irá dividir a coordenação política com o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, além da própria Dilma. 

Diferente da opinião da deputada estadual, o vereador do Recife, Osmar Ricardo (PT) não se intimidou em dizer que a presidente errou em escolher Temer para um cargo tão importante. “Dilma errou e eu acho que não vai animar (o PMDB) porque ele (Michel Temer) na verdade está perdendo o controle do PMDB e quando ele perde o controle, quem está governado, mandando hoje no Congresso,  é o cara que é o rival dele, que quer tomar inclusive a presidência do partido no lugar dele”, criticou, reprovando a decisão de Dilma. “Tirar um grande companheiro que tem uma história limpa do Rio Grande do Sul para colocar o Temer que tem uma história manchada no Congresso, e o partido dele não se une, a diferença é muito grande”, repudiou o parlamentar.

Osmar Ricardo também acusou Eduardo Cunha de ser organizador de quadrilha e reforçou que a função assumida por Temer não vai ajudar a mudar a relação de entendimento entre PT e PMDB. “Eu acho que não vai mudar em muita coisa não, porque na verdade quem está lá são aqueles que têm o monopólio do poder no Congresso que é muito grande. Está ai a PEC, o aumento de 300% dos partidos políticos e outras lambanças que estão fazendo no Congresso que o Eduardo Cunha é o chefe da quadrilha”, disparou o vereador. 

Apesar das opiniões divergentes entre petistas da Assembleia Legislativa de Pernambuco e da Câmara do Recife, Dilma continua dando cargos ao PMDB. Na tarde desta quinta-feira (16) ela empossou o peemedebista e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, como ministro do Turismo

COMENTÁRIOS dos leitores