Relatos, fotos e vídeos de gols em Copas do Mundo de fora da área, de pênalti, de falta, de mão, de bico e de cabeça tem aos montes. Cada um com sua importância. Mas, nenhum aconteceu de forma tão inusitada como um de Leônidas da Silva – primeiro brasileiro a ser artilheiro num Mundial -, em 1938, na França, a terceira Copa da história. O Diamante Negro, apelido que virou nome de chocolate, balançou as redes da Polônia descalço. Isso mesmo, sem chuteiras. E o gol foi validado.

Lêonidas da Silva recebeu um presente do goleiro polonês, que escorregou ao cobrar o tiro de meta. A bola sobrou para o brasileiro completar descalço para o gol. A chuteira? Havia estourado minutos antes e o jogador estava se preparando para trocá-la. O tento foi validado e o Brasil venceu a Polônia por 6x5, porém, o título daquela Copa do Mundo ficou com a Itália. Os brasileiros ficaram em terceiro.

Anos depois, em uma entrevista, Lêonidas falou sobre o gol. “Cada jogador tinha apenas uma chuteira. O campo estava lamacento e a chuteira acabou arrebentando. Como eu tenho um pé pequeno, foi difícil encontrar uma chuteira para mim, para trocar com alguém da reserva. O uniforme do Brasil tinha as meias pretas, com frisos verde e amarelo. O juiz não percebeu que eu estava sem chuteira, ou eu não poderia continuar jogando. Fiquei no campo até que apareceu uma jogada, veio a bola e eu acabei fazendo gol com pé descalço”, contou o ex-jogador em 1986.

Ainda na Copa do Mundo da França de 38, outro fato curioso envolveu o Diamante Negro. O brasileiro marcou um gol de bicicleta – criação dele -, mas que foi anulado pelo árbitro. O argumento era de que o lance, ainda desconhecido na Europa, era proibido.