Tópicos | Jogos Olímpicos de 2024

O abandono das instalações esportivas na Grécia e o alto custo de manutenção do Parque Olímpico da Barra da Tijuca são alguns exemplos do colapso do atual modelo de legado olímpico. Nesse contexto, Roma, Hamburgo e Budapeste retiraram recentemente suas candidaturas para os Jogos de 2024.

Em setembro do ano passado, a prefeita Virginia Raggi disse que a Olimpíada é "um sonho que se torna pesadelo" e anunciou a saída da capital italiana da disputa. Segundo ela, a realização do evento, ao custo previsto de 5,3 bilhões de euros (cerca de R$ 17,8 bilhões), significaria "hipotecar o futuro" de Roma, que está endividada e ainda paga a conta dos Jogos de 1960. O Comitê Olímpico Nacional Italiano (Coni) disse à reportagem do Estado, por telefone, que não comenta o tema.

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A disparidade entre o orçamento inicial e o gasto final das cidades-sede é um problema recorrente, assim como os altos valores para a construção de estruturas muitas vezes desnecessárias para a cultura esportiva local, que acabam transformando-se em "elefantes brancos".

"Grandes grupos econômicos, envolvidos com a construção das obras, têm interesse que os Jogos Olímpicos sejam mega. Quanto mais caro, mais lucro para essas empresas que estão ligadas à terra urbana", atesta Gilmar Mascarenhas, professor de Geografia Urbana na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Os países, assim como suas populações, estão insatisfeitos com esse formato megalômano do Comitê Olímpico Internacional (COI). E foi justamente a perda do apoio dos alemães que fez Hamburgo sair do páreo.

Em novembro de 2015, um referendo público constatou que 51,6% dos cidadãos eram contrários à campanha, estimada em 7,4 bilhões de euros (aproximadamente R$ 24,9 bilhões).

"A principal questão é que a divisão do custo entre cidade e Estado não era clara até o dia da votação. Outros problemas políticos, como o doping russo e o escândalo do futebol da Fifa, também tiveram algum impacto", justifica o Comitê Olímpico Alemão. A crise de refugiados e os ataques terroristas influenciaram. "Um evento dessa natureza exige um controle muito grande no fluxo de estrangeiros, notadamente no que diz respeito à segurança interna. Para minimizar o risco, os países preferem então não sediá-los", comenta Otto Nogami, professor do MBA Executivo do Insper.

A última a retirar a candidatura foi Budapeste. Segundo um relatório do Comitê Olímpico da Hungria, a organização dos Jogos custaria 2,48 bilhões de euros (algo em torno de R$ 8,3 bilhões). A desistência foi ratificada em uma assembleia, com 22 votos pró e seis contra, convocada depois que um grupo político reuniu 266 mil assinaturas a favor de um referendo da população.

Para Mascarenhas, as desistências evidenciam a necessidade de mudança e de intervenção do COI ao processo que elege as sedes olímpicas.

As candidatas remanescentes são Paris e Los Angeles, e o COI já se mobiliza. Na sexta-feira, na Coreia do Sul, a entidade confirmou a intenção de escolha simultânea das sedes de 2024 e 2028 no mesmo processo, em setembro, no Peru.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) confirmou nesta quarta-feira (17) que recebeu quatro inscrições de candidaturas paras os Jogos Olímpicos de 2024. Los Angeles (EUA), Roma (Itália), Paris (França) e Budapeste (Hungria) já tinham comitê de candidatura montado e apenas oficializaram o interesse em receber os Jogos.

De acordo com o presidente do COI, Thomas Bach, os quatro projetos estão "completamente em linha" com a Agenda 2020, programa do movimento olímpico que prevê, entre outras ações, o corte de custos no processo de candidatura e organização dos Jogos. Ainda segunda Bach, "todas as quatro candidaturas têm um claro foco no desenvolvimento sustentável, legado, e em especial como as estruturas serão usadas após a Olimpíada".

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Pelo Twitter de sua assessoria de imprensa, o COI até brincou, publicando em uma imagem os documentos recebidos das quatro cidades: quatro pen drives. "Novo look dos documentos de 2024 sob a Agenda 2020", escreveu a entidade. A escolha da sede dos Jogos de 2024 será feita em setembro do ano que vem.

Um ídolo do esporte olímpico brasileiro é um dos garotos propaganda da candidatura de Los Angeles para receber os Jogos de 2024, daqui a oito anos. Na terça-feira (16) à noite, a cidade norte-americana apresentou sua campanha para sediar a Olimpíada e contou com o apoio de Thiago Pereira, que mora e treina no segundo município mais populoso dos EUA.

""Eu apoio os Jogos de Los Angeles 2024. Escolhi não apenas porque moro aqui, mas por acreditar na cidade. Competi nos quatro cantos do mundo e posso dizer que L.A. (Los Angeles) é diferente", disse Thiago Pereira, representante dos atletas no evento de lançamento da campanha.

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O curioso é que o brasileiro, de 30 anos, indicou que se vê competindo em Los Angeles, quando terá 38. "Poucos atletas tiveram a chance de competir uma Olimpíada em casa. Eu terei essa oportunidade em agosto no Rio de Janeiro. Mas, se Los Angeles for eleita, eu terei essa chance novamente, já que aqui é minha segunda cidade", afirmou.

Além de Thiago, estiveram presente no evento Casey Wasserman, presidente do comitê organizador, Eric Garcetti, prefeito de Los Angeles, Eric Garcetti, e Lisa Baird, representante do Comitê Olímpico dos EUA. O órgão fez uma prévia interna para escolher Los Angeles como candidata americana. Boston venceu, mas desistiu da campanha, abrindo espaço para a cidade californiana.

No lançamento da campanha, Los Angeles apresentou a logomarca e o slogan da candidatura. A logo já é considerada a mais bonita dentre as candidatas, e tem um anjo de corpo bastante atlético indo de encontro à luz do sol, o que gera uma interessante coloração. O slogan é: "Siga o sol", numa referência ao fato de Los Angeles ser um famoso destino de praia e sol.

A cidade já foi sede dos Jogos Olímpicos em duas oportunidades: em 1932 e 1984, e tem como um dos argumentos para vencer o fato de já contar com boa parte da estrutura necessária para receber a Olimpíada. Mas os americanos têm rivais de peso: Roma (sede em 1960) e Paris (em 1900 e 1924), além da azarã Budapeste, capital da Hungria. A escolha será em setembro de 2017. Hamburgo também queria se candidatar, mas a população rejeitou a ideia em votação.

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