Ao aparecer liderando a pesquisa do Instituto Opinião, de Campina Grande (PB), para o Senado, Jarbas Vasconcelos poderia ser apontado como um candidato quase que imbatível à reeleição não fossem os ingredientes adversos que enfrentará para viabilizar seu nome. Postulante a senador não depende exclusivamente dele, da sua vontade e do seu potencial. Depende dos outros. Historicamente, quem elege senador, com raras exceções, é o candidato a governador, o puxador de votos da chapa majoritária. Jarbas tem um capital político. Hoje, segundo o levantamento, o senador tem quase metade das intenções de voto dos pernambucanos – na verdade 49,5%. Mas se não tiver incluído numa chapa de um governador competitivo não vai a lugar nenhum. Por isso, Jarbas está à espera do governador Eduardo Campos. É dele que depende para entrar na disputa. Sem o apoio de Eduardo, as chances do peemedebista se restringirão. Há ainda outro cenário complicador para Jarbas: se o próprio Eduardo resolver disputar o Senado. Neste caso, só restará a ele tentar um mandato de deputado federal. Quanto ao deputado Eduardo da Fonte (PP), que aparece em segundo lugar com 16%, representa o chamado fato novo. Segundo deputado federal mais votado nas eleições de 2010, tendo ficado atrás apenas de Ana Arraes, mãe do governador, Dudu da Fonte, como é mais conhecido, tem como estratégia integrar uma chapa para o Senado cujo governador seja apoiado por Dilma e Lula, porque o seu partido está na base governista. Correr por fora, para tentar uma terceira via, como Carlos Wilson fez em 1994, não passa pela cabeça de Dudu. Quanto ao ministro Fernando Bezerra, que aparece em terceiro, sua candidatura só existe de fato, hoje, no Vale do São Francisco, sua base eleitoral. Para crescer e se viabilizar, tanto para governador quanto ao Senado, Bezerra tem que adotar uma estratégia para se inserir no resto do Estado, principalmente na Região Metropolitana, onde se observam seus menores índices de intenção de voto.
O DIFERENCIAL - Eduardo da Fonte ficou animado com os 16% de intenção de voto que recebeu para o Senado. Ele atribuiu ao seu trabalho no Congresso, mas o que os seus aliados dizem que é que a cruzada contra o aumento das tarifas de energia elétrica tem traduzido em bons resultados na mídia, dando um diferencial ao seu mandato. O seu alvo principal em Pernambuco é a Celpe, que, segundo ele, pratica preços exorbitantes nas suas tarifas.
O pato manco
Quem deu a dica para a presidente Dilma propor o plebiscito para uma Constituinte exclusiva sobre a reforma política foi o presidente da OAB, Marcos Vinicius, segundo uma fonte palaciana. Como é vista como inconstitucional, Vinicius deu uma de pato manco.
Sem sair das ruas
Enquanto os pernambucanos se concentravam, ontem, no jogo do Brasil contra o Uruguai, um grupo de manifestantes, estimado em quatro mil pessoas, promoviam um protesto nas imediações do Centro de Convenções. Em determinado momento, os ânimos se acirraram e por pouco não houve conflito entre os mais exaltados e a Polícia Militar.
Fora de órbita
Depois dos protestos, o governador Eduardo Campos, pré-candidato do PSB ao Planalto, deu uma recuada estratégica nas incursões pelo País. Foi convidado, por exemplo, para fazer uma palestra dirigida a um grupo de mil pequenos produtores rurais em Santa Catarina, mas ainda não confirmou se irá. Como diz Ney Maranhão, Eduardo assunta a maçaranduba do tempo.
Oposição fraqueja
Do jornalista Ilimar Franco, de O Globo, em sua coluna de ontem: “A oposição não gostou da participação dos seus na reunião com a presidente Dilma. Dizem que o governador Geraldo Alckmin (SP) “amarelou”. Cobrado, o governador Beto Richa (PR) desculpou-se dizendo que quem o antecedeu (Alckmin) interveio “puxando o saco” da presidente. Também não gostaram das loas ao “pacto” na saída”.
CURTAS
ABANDONO - É vergonhosa a situação da falta de conservação da BR-232, que liga Recife a Caruaru. Quem foi obrigado a circular por ali nesses dias de festejos juninos sofreu com os buracos, mato e falta de acostamento. O engraçado é que muitas autoridades circularam pela estrada e não deram um pio.
APOSTA EM LÓSSIO - Vice-prefeito de Petrolina, o empresário Guilherme Coelho gostou dos 3% atribuídos ao prefeito do município, Júlio Lóssio, na pesquisa para governador do Instituto Opinião, de Campina Grande (PB). “Quando se candidatou pela primeira vez a prefeito Lóssio largou com 2%. Ele é um fenômeno nas ruas”, diz, animado.
Perguntar não ofende: O Congresso começou a ouvir a voz rouca das ruas?