Djalma Guimarães

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Seu Bolso

Perfil:Economista pela UFCG e Mestre em Engenharia de Produção pela UFPE. É Docente, Projetista e Consultor Empresarial da i9 Projetos.

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365 dias depois

Djalma Guimarães, | dom, 03/05/2015 - 15:21
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Quanta coisa acontece em 365 dias? É tempo suficiente para a lua dar 12 voltas ao redor da terra, é o tempo de gestação de alguns tipos de baleia. Mas também é tempo suficiente para a deterioração da confiança do consumidor nos rumos da economia.

Tentando entender o que aconteceu (Copa, eleições, etc.)

No primeiro semestre a atenção de boa parte da população estava voltada para a “seleção”, a chegada dos times, a obras, os estádios, e as manifestações contra a copa. Passado o vexame dos “7X1“, se inicia um processo eleitoral  antecipado, no qual predominou o marketing e os ataques pessoais, ficando a discussão de temas estruturais de lado.

Na economia durante esse período já surgiam indícios da necessidade de ajustes, mas governo e oposição se negavam a incorporar medidas de ajuste econômico claramente em seus discursos. As medidas econômicas de ajuste foram utilizadas por alguns partidos para atemorizar o eleitorado, alegando se o oponente vencesse o pleito, o país viveria um período de arrocho sem precedentes.

A margem da seara política a inflação estava em alta, consumo das famílias se contraía e o déficit nas contas públicas se ampliava. Mas o governo preferiu esperar o resultados das urnas para iniciar qualquer esforço de ajuste. Que fora outrora atribuído a possibilidade de uma vitória oposicionista.

Mal baixara a poeira das eleições e o governo adota medidas de ajuste. É válido notar que ajustes econômicos já foram realizados no Brasil no início de mandatos de vários governos, mas o ajuste promovido pelo governo foi realizado de forma intempestiva e sem uma preparação do ambiente econômico e político.

Não adentraremos na crise política, nas denúnicas da Petrobrás e etc., que também corroboraram para tal sentimento pessimista da população.

Esta retrospectiva nos ajuda a entender os dados abaixo: 

 

Abr/2014 (%)

Abr/2015 (%)

Melhor

Igual

Pior

Melhor

Igual

Pior

Finanças pessoais

(-6 meses)

37,82

54,49

6,09

16,75

65,22

18,04

Economia do Brasil

(-6 meses)

46,38

40,26

8,21

2,74

33,01

63,45 

Fonte: Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau

Em abril de 2014 apenas 6,09% dos recifenses acreditavam que a situação de suas finanças pessoais era pior do que a de nov/13, já em abr/15 este percentual triplicou, atingindo 18,04%. Em relação ao ambiente econômico, apenas 8,21% dos entrevistados acreditavam que a situação da economia estava pior, já mês passado tal percentual saltou para 63,45%, valor 7,7 vezes maior. Ou seja, de maneira geral percebe-se que o contexto econômico atual é muito pior que o de nov/14.

Observando a expectativa do recifense em relação aos próximos 6 meses da economia, também se observa um cenário nada otimista. A tabela abaixo ilustra tal tendência. 

 

Abr/2014

Abr/2015

Melhor

Igual

Pior

Melhor

Igual

Pior

Finanças pessoais(+6 meses)

62,32

32,37

2,58

33,92

51,13

11,9

Econoia do Brasil (+6 meses)

57,62

25,84

11,24

8,05

38,81

50,72

Fonte: Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau

Em abr/14 apenas 2,58% dos entrevistados esperavam uma piora na sua situação financeira nos próximos 6 meses, em abril passado tal patamar havia atingido 11,9%. A mudança mais radical aconteceu na percepção sobre o futuro da economia brasileira. A série história do Índice de Confiança do Consumidor de Recife inferida pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau sempre apresentou o recifense como um povo extremamente otimista em relação aos rumos da economia, fato que pode ser observado no percentual de recifense que acreditava que a situação da economia iria melhorar em seis meses (57,62%) em abril de 2014, mas tal cenário se inverteu, na pesquisa de abr/15, 50,72% dos entrevistados acreditam que a situação da economia brasileira piorará em seis meses.

Tal inversão de sentimento do consumidor é muito ruim para a economia, pois consumidores menos confiantes gastam menos, o que afeta o ritmo de crescimento da economia. Tal queda na confiança é um componente crítico para um ciclo vicioso de: menos consumo, menos investimento, menos emprego e mais crise. 

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