A alta dos juros nos Estados Unidos, que deve ocorrer em 2015, deve aumentar a volatilidade no mercado financeiro internacional, mas o Brasil está preparado para enfrentar esse movimento com certa tranquilidade, afirmou o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em rápida entrevista a jornalistas neste sábado.
O dirigente destacou que a elevação de juros nos EUA, que estão com taxas próximas de zero desde 2008, deve trazer mais volatilidade ao mercado "do que experimentamos no nos últimos 12 meses". "O Brasil tem se preparado para esse movimento, tem regime de câmbio flutuante, acumulou reservas e tem uma política monetária hoje que está em posição diferente do que estava há 12, 14, 18 meses atrás", disse o dirigente. "Temos capacidade de enfrentar esse período de transição com uma certa tranquilidade."
##RECOMENDA##Além disso, Tombini citou o programa bem sucedido de intervenção do BC no mercado de câmbio por meio de swap. O presidente do BC destacou que o processo de normalização da política monetária nos EUA, é positivo, pois é decorrente da maior economia do mundo crescendo mais rapidamente. "Isso será bom para o comércio internacional."
Sobre a economia brasileira, Tombini frisou que o país apresenta sinais de recuperação. "Foi o caso do terceiro trimestre. Indicadores do Banco Central mostram uma reação moderada neste terceiro trimestre que deve ser a tônica no quarto trimestre", afirmou.
Tombini ressaltou que, apesar do crescimento ter desacelerado nos últimos anos, o País está bem próximo do que seria o pleno emprego. "A receita para crescer, que de fato já está sendo adotada no Brasil é a recuperação dos investimentos, em particular dos investimentos em infraestrutura", afirmou o presidente do BC.
"Olhando pra frente, já estamos fazendo um programa robusto de investimento em infraestrutura, que tem um impacto na produtividade dos diversos segmentos da economia", disse Tombini. "É isso que o Brasil precisa para subir o crescimento potencial." O tema, aliás, foi um dos principais da reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da reunião do G-20, grupo formado pelas economias mais ricas do mundo, que termina neste domingo em Washington.
"O crescimento potencial das economias emergentes e avançadas caiu. Nossa agenda está alinhada com esses desafios e naturalmente estas coisas não acontecem rapidamente, mas temos que insistir com essa agenda, porque é ela que vai levar a um maior crescimento não inflacionário no caso do Brasil", disse ele.