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O juiz da 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba, Luiz Antonio Bonat, decidiu nesta quinta-feira, 5, soltar o advogado Maurício Ferro, ex-diretor Jurídico da Braskem e cunhado de Marcelo Odebrecht. A ordem do juiz da Operação Lava Jato no Paraná vem na esteira de uma decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, que tirou de Curitiba o único caso contra o ex-ministro Guido Mantega (Fazenda/Governos Lula e Dilma) na vara de Bonat.

Embora Gilmar tenha se referido apenas a Mantega, o juiz Bonat entendeu que o ministro do Supremo declarou a nulidade de uma série de medidas que acarretariam na suspensão da prisão preventiva de Ferro, preso na Operação Carbonara Chimica, desdobramento da Lava Jato que investiga supostas propinas de R$ 118 milhões da Odebrecht a políticos e a Mantega.

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Ferro estava preso desde 21 de agosto. O advogado Nilton Serson, apontado como laranja de Ferro, também foi preso. Ele teria lavado R$ 78 milhões de propinas da empreiteira por meio de 18 contratos fictícios de "prestação de serviços" à Braskem.

Na visão sustentada por procuradores, Mantega teria recebido propinas da ordem de R$ 50 milhões para facilitar a edição de medidas provisórias que beneficiavam empresas do grupo Odebrecht, permitindo refinanciamento de dívidas.

O caso de Mantega foi transferido para a 10.ª Vara do Distrito Federal, seguindo ordem de Gilmar.

"Diante da decisão proferida pelo eminente ministro Gilmar Mendes, é também consequência da mesma a suspensão da prisão preventiva decretada em face de Maurício Ferro, bem como das medidas cautelares impostas a Guido Mantega e Nilton Serson, inclusive a fiança", anotou Luiz Antonio Bonat.

O juiz da Lava Jato mandou expedir alvará de soltura de Ferro e de Serson. Também ordenou ofício à Polícia Federal solicitando a baixa da restrição imposta a Guido Mantega de não sair do País. "No que concerne aos passaportes de Guido Mantega e de Nilton Serson, depositados perante a Secretaria deste Juízo, ficam eles disponíveis às defesas, para retirá-los."

O decreto de Bonat se estende até ao confisco de bens dos investigados. "Em relação às medidas cautelares patrimoniais, tão logo examinada a questão pelo Juízo competente, deverá este Juízo ser comunicado para desbloqueio."

De acordo com Gustavo Badaró, advogado de Maurício Ferro, as acusações que pesam sobre seu cliente "são análogas às que pesam sobre Mantega".

O criminalista Fábio Tofic Simantob, que defende Mantega, nega enfaticamente envolvimento do ex-ministro em práticas ilícitas.

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tirou de Curitiba o único caso contra o ex-ministro Guido Mantega, que corria na 13ª Vara Federal. Gilmar determinou que o caso seja enviado à Justiça Federal do Distrito Federal.

A decisão foi tomada na terça-feira, 3, e vale apenas para Mantega, apesar de outras pessoas serem réus na mesma ação. A denúncia havia sido aceita em agosto de 2018, quando Sergio Moro ainda era o juiz do caso, hoje sob responsabilidade de Luiz Antonio Bonat.

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Nela, o ex-ministro é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo procuradores, ele teria recebido da empreiteira Odebrecht para atuar na edição de medidas provisórias que beneficiavam empresas do grupo, permitindo refinanciamento de dívidas.

De acordo com Fábio Tofic Simantob, advogado de Mantega, a medida de Gilmar apenas garante o cumprimento de outras decisões tomadas pela Segunda Turma do Supremo, que haviam tirado de Curitiba as menções feitas ao ex-ministro em delações premiadas.

Com a decisão, caem todas as medidas cautelares sobre Mantega, como a apreensão de passaportes e o uso de tornozeleira eletrônica.

O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, dos governos Lula e Dilma, acusado de propinas milionárias pela Operação Lava Jato, guardava R$ 35.937,46 em suas contas bancárias. É o que concluiu o Banco Central sobre os ativos de Mantega, ao tentar efetivar bloqueio de até R$ 50 milhões, no âmbito da 63.ª fase da Operação Lava Jato, batizada Carbonara Chimica.

As investigações miram supostas propinas de R$ 118 milhões em contrapartida à edição das Medidas Provisórias 470 e 472, que concederam o direito de pagamento dos débitos fiscais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) com a utilização de prejuízos fiscais de exercícios anteriores.

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A força-tarefa da Lava Jato chegou a pedir a prisão de Mantega, que foi rejeitada pelo juiz Luiz Antonio Bonat, da 13.ª Vara Federal do Paraná. O magistrado impôs ao ex-ministro o uso de tornozeleira eletrônica, que, depois, acabou sendo derrubado por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes.

Bonat determinou também o bloqueio de R$ 555 milhões de todos os investigados. Com relação a Mantega, o juiz impôs a cautelar em até R$ 50 milhões. A outros executivos da Odebrecht, o valor chega aos R$ 128 milhões.

No entanto, pela segunda vez, reduzidos valores foram encontrados nas contas do ex-ministro. Em três contas, foram identificados os valores de R$ 28.079,81, R$ 5.219,66 e R$ 2.637,99.

Em setembro de 2016, ele já havia sido alvo da Arquivo X, fase 24 da Lava Jato, que mirava supostas propinas em contratos do pré-sal. À época, apenas R$ 4.447,55 foram encontrados.

Mantega já é réu na Lava Jato por supostas propinas de R$ 50 milhões da Odebrecht, envolvendo suposta contrapartida à edição das Medidas Provisórias. A Carbonara Chimica foi deflagrada com o objetivo de aprofundar as investigações.

Apesar dos valores ínfimos em suas contas no Brasil, Mantega já confessou ter uma conta secreta de US$ 600 mil na Suíça, valor atribuído por ele como resultado da venda de um imóvel que herdou do pai.

A força-tarefa, no entanto, tem afirmado que ele tem omitido e dado versões "totalmente incoerentes" sobre suas contas no exterior. "A toda evidência, a conduta adotada por Guido Mantega em propositalmente omitir a existência de valores no exterior revela a persistência de seu intuito de ocultação de recursos ilícitos", dizem os procuradores.

Defesa

Na época da Carbonara Chimica, o advogado Fábio Tofic Simantob, que defende o ex-ministro Guido Mantega, foi taxativo. "Esta operação é muito importante para a defesa de Guido Mantega porque vai ajudar a provar que ele nunca recebeu um centavo da Odebrecht ou de quem quer que seja."

O juiz federal Luiz Antonio Bonat, da 13ª Vara Federal de Curitiba, decretou a prisão preventiva do advogado Nilton Serson, apontado como suposto 'laranja' do chefão jurídico da Odebrecht, Marcelo Ferro. Eles são alvo da Operação Lava Jato, em sua 63ª etapa, batizada de Carbonara Chimica, que mira supostas propinas de R$ 118 milhões da empreiteira.

Serson, que estava em prisão temporária - prazo de cinco dias prorrogáveis -, já admitiu ter recebido R$ 78 milhões da Braskem, braço petroquímico da Odebrecht. Ele confessa ter recebido a cifra e atribui a serviços de natureza jurídica.

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No entanto, boa parte dos valores ainda está no exterior. Ao tentar efetivar o bloqueio da cifra, determinado pelo juiz Luiz Antonio Bonat, o Banco Central encontrou apenas R$ 2,7 milhões declarados no Brasil.

A Lava Jato, no entanto, aponta que entre 11/01/2012 e 14/06/2019, foram realizadas ao menos 37 operações de internalização de valores advindos de contas bancárias mantidas em outros países, as quais totalizam o valor de R$ 22.465.760,60. "Apenas em 2019, Nilton Serson recebeu em conta bancária mantida no Banco Rendimento R$ 2.975.091,00 provenientes do exterior, o que indica que o investigado permanece movimentando suas contas mantidas no estrangeiro".

"Nesse contexto, o resultado do afastamento de sigilo bancário de Nilton Serson revelou que no período de 28/06/2007 a 11/09/2014, Nilton Serson remeteu ao menos R$ 51.455.393,41 para o exterior", afirma a força-tarefa.

Bonat acolheu o pedido da Lava Jato: "Ressalte-se, ademais, que, até o momento, não foi possível efetuar o rastreamento completo dos valores mantidos pelo investigado no exterior, parcialmente pelo fato de que esta Força-Tarefa ainda não possui documentação completa referente às contas correntes por ele mantidas na Confederação Suíça".

"Enquanto não houver rastreamento completo do dinheiro, com a identificação de sua localização atual, e repatriação para o Brasil, há um risco de dissipação do produto dos crimes", anotou.

Na Lava Jato, Serson é visto como um suposto 'laranja' de Maurício Ferro, o ex-diretor jurídico da Odebrecht. Com Ferro, a força-tarefa encontrou chaves de criptografia que podem dar acesso a pastas da Planilha do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht que até então estão inacessíveis para o Ministério Público.

Uma investigação interna da Braskem embasou a Lava Jato 63. A devassa ajudou a encontrar os repasses e contratos supostamente simulados entre o advogado e a empresa. Um dos termos prevê "monitoramento/manutenção dos votos dos ministros do Supremo", sem detalhes, ou citação a nomes de integrantes da Corte.

Livre da tornozeleira eletrônica, graças a uma decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ministro Guido Mantega (Fazenda/Governos Lula e Dilma) entregou nesta quinta-feira, 29, à Justiça Federal em Curitiba um conjunto de treze passaportes. A medida atende determinação do juiz Luiz Antonio Bonat, da 13.ª Vara Criminal Federal, no âmbito da Operação Carbonara Chimica, fase 63 da Lava Jato que investiga supostas propinas a Mantega e a outro ex-ministro petista, Antônio Palocci.

Os passaportes foram entregues às 13h42, segundo certidão da Secretaria da Vara de Bonat. São treze passaportes - quatro brasileiros, sete diplomáticos e ainda dois italianos.

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A entrega dos documentos foi uma imposição do juiz da Lava Jato para evitar deslocamentos de Mantega ao exterior. Bonat também ordenou ao ex-ministro que não mantenha contato com outros investigados da Operação Carbonara Chimica.

A etapa 63 da Lava Jato mira supostas propinas a Palocci e a Mantega em troca da aprovação das Medidas Provisórias 470/2009 e 472/2009, que instituiriam um novo refinanciamento de dívidas fiscais e permitiriam a utilização de prejuízos fiscais das empresas como forma de pagamento (Refis da Crise).

A operação foi deflagrada no dia 21 com a decretação da prisão do advogado Nilton Serson e do ex-vice-Jurídico da Odebrecht Maurício Ferro, supostamente ligados ao esquema.

A Polícia Federal indicou que o nome da operação remete aos codinomes dos investigados na planilha da Odebrecht - "Italiano" e "Pós-Itália". O primeiro se referia a Antônio Palocci e o segundo a Guido Mantega, este supostamente destinatário de R$ 50 milhões, o que é negado enfaticamente por seu advogado, o criminalista Fábio Tofic Simantob.

Os procuradores da força-tarefa do Ministério Público Federal no Paraná chegaram a pedir a prisão preventiva de Mantega, sob argumento que ele teria omitido valores no exterior, mas o juiz Bonat substituiu a cautelar pela imposição do uso de tornozeleira eletrônica.

A instalação do equipamento estava prevista para esta quinta, 29, mas seus advogados apelaram ao Supremo alegando que a 13.ª Vara de Curitiba não teria competência para processar e julgar Mantega.

Segundo a defesa, a decretação das medidas cautelares estaria fundamentada em fatos tratados em ação penal que tramita na Justiça do Distrito Federal.

Nesta quarta-feira, 28, o ministro Gilmar Mendes suspendeu a tornozeleira em Mantega.

"A aplicação imediata da medidas cautelares decretadas na decisão reclamada, sobretudo a colocação da tornozeleira eletrônica junto ao corpo, prevista para acontecer em 29 de agosto de 2019, poderia causar dano de difícil reparação ao reclamante, consubstanciado nas restrições à liberdade que passaria a sofrer", afirmou Gilmar na decisão.

O advogado Nilton Serson, apontado como "laranja" do ex-vice-presidente Jurídico da Odebrecht Maurício Ferro - cunhado do ex-presidente da empreiteira Marcelo Odebrecht - se entregou à Polícia Federal nesta segunda-feira, 26. Com prisão temporária decretada no âmbito da Operação Carbonara Chimica, fase 63 da Lava Jato, Serson retornou dos Estados Unidos, onde reside. Ele é suspeito de ter forjado 18 contratos de prestação de serviços para a Braskem, braço petroquímico da Odebrecht, para lavar R$ 78 milhões em propinas que a empreiteira teria repassado a políticos e a agentes públicos.

A fase 63 da Lava Jato, deflagrada por ordem do juiz Luiz Antonio Bonat, da 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba, decorre da acusação do processo contra Guido Mantega, ex-ministro dos governos Lula e Dilma Rousseff, por acerto de R$ 50 milhões em propinas ao PT por favorecimento à Odebrecht na edição da Medida Provisória 470.

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A Lava Jato descobriu que Serson recebeu R$ 78 milhões da Braskem, por intermédio de Ferro, de forma suspeita. Apuração interna da própria Braskem apontou falta de documentos que comprovassem a efetivação dos serviços pagos. Documentos enviados pela Suíça também mostraram que Serson recebeu valores em uma conta secreta do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, a máquina de fazer propinas do grupo.

Defesa

O criminalista Celso Vilardi, que defende o advogado Nilton Serson, declarou: "Nilton Serson já está à disposição das autoridades e vai esclarecer que não praticou qualquer ilícito. Ele vai esclarecer a verdade."

O advogado Nilton Serson, que teve prisão decretada pela Justiça Federal, alvo da 63.ª fase da Operação Lava Jato, informou que mora em Miami e vai se apresentar às autoridades no Brasil. Por meio de sua defesa, ele pediu a revogação da medida cautelar. Ele é suspeito de ser "laranja" na lavagem de dinheiro da Odebrecht, ligado ao ex-chefão jurídico do grupo, Maurício Ferro.

Serson e Ferro tiveram prisão temporária decretada pelo juiz federal Luiz Antônio Bonat, titular da Lava Jato em Curitiba, alvos da Operação Carbonara Chimica.

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A nova fase da Lava Jato decorre da acusação do processo contra Guido Mantega, ex-ministro dos governos Lula e Dilma Rousseff, por acerto de R$ 50 milhões em propinas ao PT por favorecimento à Odebrecht na edição da Medida Provisória 470.

A Lava Jato descobriu que Serson recebeu R$ 78 milhões da Braskem, por intermédio de Ferro, de forma suspeita. Apuração interna da empresa apontou falta de documentos que comprovassem a efetivação dos serviços pagos. Documentos enviados pela Suíça também mostraram que Serson recebeu valores em uma conta secreta do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, a máquina de fazer propinas do grupo.

"Tão logo soube da presente medida passou a providenciar seu retorno ao país, a fim de prestar todos os esclarecimentos necessários a este Juízo, colocando-se a inteira disposição para quaisquer informações e cumprimentos de atos processuais", informa o pedido apresentado pela advogada Lia Felberg.

"O averiguado está residindo nos Estados Unidos da América há mais de três anos", informa a defesa.

"Requer-se, pois, tão logo sejam prestadas as informações desejadas e necessárias, tendo já havido o cumprimento das medidas cautelares de Busca e Apreensão, seja revogada a presente prisão temporária."

O criminalista Fábio Tofic Simantob, que defende Guido Mantega, reagiu enfaticamente, nesta quarta-feira, 21, à ordem judicial para monitorar o ex-ministro da Fazenda dos Governos Lula e Dilma com tornozeleira eletrônica. "É a Lava Jato voltando a fazer estardalhaço, espetáculo público para colocar, talvez, uma cortina de fumaça nos abusos e nas arbitrariedades que estão sendo reveladas sobre a condução desse processo."

A ordem de monitoramento eletrônico de Mantega foi dada pelo juiz Luiz Antonio Bonat, da 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba, no âmbito da Operação Carbonara Quimica, fase 63 da Lava Jato, deflagrada nesta quarta.

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A investigação mira suposto pagamento de propinas milionárias a Mantega e a outro ex-ministro da Fazenda petista, Antônio Palocci, em troca da edição de Medidas Provisórias para favorecer o grupo Odebrecht.

O Ministério Público Federal pediu a decretação da prisão de Mantega, mas o juiz Bonat optou pela tornozeleira, além de ordenar o bloqueio de R$ 50 milhões das contas do ex-ministro.

O advogado de Mantega considera que "a investigação, em si, de rastrear o dinheiro da Odebrecht, é ótima para ele (Mantega)".

"A investigação vai mostrar que não foi um centavo para Mantega", afirma Fábio Tofic Simantob.

Sobre a imposição da tornozeleira ao ex-ministro, o criminalista reagiu com veemência.

"A medida de tornozeleira eletrônica é absurda. Cinco anos depois, ou mais, dez anos depois, quase, os fatos são de 2010! O que significa isso agora? Uma medida absurda contra alguém que está aí, não deu mostra de querer fugir, comparece aos atos dos processos. Quer dizer, é o constrangimento pelo constrangimento."

O criminalista também se insurge contra o bloqueio de R$ 50 milhões que pega as contas de Mantega. "Cinquenta milhões? Ele (Mantega) não tem esse dinheiro. Aliás, não tem nem perto disso. O pouco dinheiro que ele tem é herança do pai, que era um empresário bem-sucedido de São Paulo."

O juiz Luiz Antonio Bonat, da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba, mandou colocar tornozeleira eletrônica no ex-ministro Guido Mantega (Fazenda/2006/2015/Governos Lula e Dilma). O monitoramento de Mantega foi decretado no âmbito da Operação Carbonara Quimica, fase 63 da Lava Jato, deflagrada nesta quarta-feira, 21. A investigação mira propinas milionárias a Mantega e a outro ex-ministro de Lula e Dilma, Antônio Palocci, em troca da edição de Medidas Provisórias para beneficiar o grupo Odebrecht.

Bonat decidiu mandar colocar tornozeleira em Mantega diante do pedido do Ministério Público Federal de prisão do ex-ministro.

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"Diante do exposto, apesar das alegações do Ministério Público Federal, entendo que, revestida a prisão cautelar de excepcionalidade, não há causa suficiente para a decretação da prisão preventiva de Guido Mantega."

A fase 63 da Lava Jato prendeu nesta quarta Maurício Ferro, ex-vice-presidente Jurídico da Odebrecht. Outro investigado, o advogado Nilton Serson, teve prisão decretada, mas ele está nos Estados Unidos.

A investigação mira a edição de MPs de 2009 que poderiam favorecer a empreiteira. Em troca das medidas provisórias, Mantega e Palocci teriam sido contemplados com propinas milionárias da Odebrecht.

Ao não mandar prender Mantega, o juiz da Lava Jato ponderou que "apesar da comprovada gravidade em concreto, um problema no que concerne à perspectiva de reiteração criminosa, circunstância que atenua o risco à ordem pública".

Segundo o magistrado, os recursos depositados no exterior, na conta da Pappilon Company e na conta em nome do próprio Mantega "foram bloqueados". "Não há informação acerca de tentativa mais recente de movimentação ou dissipação desses ativos. Não há, igualmente,informação de que o acusado manteria outras contas secretas no exterior."

O magistrado destacou o bloqueio dos saldos mantidos em contas no exterior conhecidas pelas autoridades e ausência de informações sobre outras contas. "O risco de fuga, pela cidadania italiana, pode ser atenuado pela restrição de saída do país e apreensão de passaporte."

"Não há informação acerca do seu envolvimento em fatos criminosos após o seu afastamento do cargo de ministro da Fazenda, em 1 de janeiro de 2015. Esse é um dos principais pontos de distinção entre o caso de Guido Mantega e o de Antônio Palocci."

Palocci foi preso na Lava Jato em setembro de 2016, mas fechou acordo de delação premiada e saiu da cadeia no final de 2018.

Além da tornozeleira, Mantega terá que seguir uma série de procedimentos impostos pelo juiz Bonat. O ex-ministro fica proibido de "movimentação de qualquer conta existente no exterior", proibido de exercer cargo ou função pública na Administração Pública direta ou indireta, tem de comparecer a todos os atos do processo, fica proibido de deixar o país, devendo entregar seus passaportes brasileiro, italiano e todos os demais válidos, em 3 dias.

Além disso, Mantega não poderá manter contatos com todos os demais investigados e está proibido de mudar de endereço sem autorização judicial.

Defesa

O advogado Fábio Tofic Simantob, que defende o ex-ministro Guido Mantega, foi taxativo. "Esta operação é muito importante para a defesa de Guido Mantega porque vai ajudar a provar que ele nunca recebeu um centavo da Odebrecht ou de quem quer que seja."

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta (21) a 63ª fase da Operação Lava Jato, chamada Carbonara Chimica, para investigar a suspeita de pagamentos periódicos indevidos a dois ex-Ministros de Estado por parte da Odebrecht. A ação apura crimes de corrupção ativa e passiva, além de lavagem de capitais.

Agentes cumprem dois mandados de prisão temporária contra Maurício Ferro, ex-diretor jurídico do grupo e cunhado de Marcelo Odebrecht, e Newton de Souza, também ex-executivo empreiteira.

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Cerca de 40 Policiais Federais participam da ação e cumprem ainda 11 mandados de busca e apreensão em São Paulo e na Bahia. As ordens foram expedidas pela 13ª Vara Federal de Curitiba, no Paraná. A Justiça Federal determinou ainda o bloqueio de R$ 555 milhões dos investigados.

A Polícia Federal indicou que o nome da operação remete aos codinomes dos investigados na planilha da Odebrecht - "Italiano" e "Pós-Itália". O primeiro se referia a Antonio Palocci e o segundo a Guido Mantega, ex-ministros dos governos Lula e Dilma ao fato de que os investigados eram identificados como "Italiano" e "Pós-Itália", havendo ainda correlação com a atividade desenvolvida por uma das empresas envolvida no esquema.

Segundo a PF, o pagamento da propina tinha como objetivo, entre outras coisas, a aprovação de Medidas Provisórias que instituiriam um novo refinanciamento de dívidas fiscais e permitiriam a utilização de prejuízos fiscais das empresas como forma de pagamento (Refis da Crise - MPs 470/2009 e 472/2009). Os valores eram contabilizados em uma planilha denominada "Programa Especial Italiano".

De acordo com a PF, há indícios de que parte dos valores indevidos teria sido entregue a um casal de publicitários como forma de dissimulação da origem do dinheiro.

Os presos serão levados para a sede da PF em São Paulo, e posteriormente transferidos para a Superintendência do Paraná, onde serão interrogados, indicou a corporação.

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