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Quatro ex-ministros de Hugo Chávez, ex-presidente da Venezuela, divulgaram ontem uma carta aberta com críticas ao presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. O texto pede que o Brasil seja solidário com os venezuelanos e critica as declarações de Lula em encontro com Nicolás Maduro, esta semana.

O documento foi assinado pelos ex-ministros Rodrigo Cabezas (Finanças), Héctor Navarro (Educação), Ana Elisa Osorio (Meio Ambiente) e Oly Millan (Economia Popular). Todos participaram de governos de Chávez, que presidiu a Venezuela de 1999 até sua morte, em 2013.

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"Sempre fomos militantes da esquerda democrática e progressista. A partir desse ideal, ousamos exigir, presidente Lula, que vossa excelência e seu governo demonstrem solidariedade e coerência com uma solução democrática para a crise política, econômica e humanitária na Venezuela", diz a carta.

ABUSOS

Os ex-ministros chavistas afirmam que a crise na Venezuela não é uma "narrativa construída" contra o chavismo, como disse Lula. "A deriva autoritária e antidemocrática de Maduro não responde a nenhum plano de propaganda daqueles que se opõem a ele."

Os quatro dissidentes citam processos contra Maduro por violações de direitos humanos para demonstrar o autoritarismo do regime. "Neste exato momento, há 281 presos políticos na Venezuela", disseram.

Os quatro ainda citaram o fechamentos de jornais, rádios, canais de TV e o banimento de partidos políticos por parte do Supremo Tribunal de Justiça, aparelhado pelo chavismo.

As declarações de Lula, dadas durante a cúpula com líderes sul-americanos em Brasília, no início desta semana, já haviam sido criticadas durante o encontro pelos presidentes do Chile, Gabriel Boric, e do Uruguai, Luis Lacalle Pou.

"Não se pode varrer para debaixo do tapete ou fazer vista grossa sobre princípios importantes. Respeitosamente, discordo do que Lula disse", afirmou Boric. Lacalle Pou, por sua vez, se disse surpreso com o brasileiro. "Se há tantos grupos no mundo tentando mediar a volta da democracia plena na Venezuela, para que haja respeito aos direitos humanos, para que não haja presos políticos, o pior que podemos fazer é tapar o sol com um dedo. Vamos dar o nome que tem e vamos ajudar."

Lula reagiu às críticas e disse que foi mal interpretado. "O que eu disse, na verdade, é que desde que Chávez tomou posse, foi construída uma narrativa em que ele é um demônio. A partir daí, começa a jogar todo mundo contra ele. Foi assim comigo, a quantidade de mentira nos meus processos. Uma narrativa vendendo uma mentira que depois ninguém conseguiu provar", disse o brasileiro.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

No dia 13 de fevereiro de 2019 dois ministros do então governo Bolsonaro estiveram presentes na festa da colheita da Terra Indígena Utiariti, a 397 quilômetros de Cuiabá, Mato Grosso. A reportagem do portal The Intercept Brasil apurou que o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e a ex-ministra da agricultura, Tereza Cristina, foram convidados para participarem da celebração. No entanto, tanto a festa quanto a colheita realizada na região foram feitas de forma ilegal.

De acordo com a reportagem, também foram convidados o governador do Mato Grosso, Mauro Mendes, e o então diretor de Proteção Ambiental do Ibama, major Olivaldi Azevedo. A celebração contou ainda com a presença de indígenas de 70 aldeias, vindos das cinco regiões do país.

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Ainda em 2018, algumas regiões indígenas das etnias Pareci, Manoki e Nambikwara haviam sido interditadas pelo Ibama. O órgão multou os grupos por desmatamento sem licenciamento ambiental, plantio de soja transgênica na área indígena e arrendamento de terras para não-indígenas. Foi também aplicada uma multa de R$ 2,7 milhões contra produtores rurais e associações indígenas. Portanto, a festa da colheita de fevereiro do ano seguinte foi realizada em uma região interditada, para celebrar a colheita de uma plantação que nem deveria ter sido feita.

De acordo com o artigo 79 do decreto 6.514, que dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente, o descumprimento de embargo pode acarretar em uma multa que varia de R$ 10 mil a R$ 1 milhão . Os ex-ministros ainda podem ser autuados por prevaricação, quando um servidor público deixa de cumprir o seu papel corretamente.

Área embargada

Em 2019 a superintendente do Ibama no Mato Grosso, Lívia Karina Passos Martins chegou a ser convidada pelo governador para participar da festa da colheita. No entanto, ao invés de aceitar, Martins detectou que a área estava embargada e que não poderia ser utilizada para o evento. “Os grãos a serem colhidos neste 1º encontro teriam sido produzidos sobre área objeto de embargo, infringindo o Decreto 6.514/2008 por descumprimento”, disse em ofício endereçado à presidência do Ibama e à Diretoria de Proteção Ambiental, o Dipro.

Sete meses depois, a região, junto com outras que estavam listadas no embargo, foi desembargada. Dois meses após o desembargo, indígenas das três etnias tiveram a permissão para produção agrícola, sem a participação de não-indígenas e sem transgênicos, depois de assinarem um Termo de Ajustamento de Conduta com o Ibama, a Funai e o Ministério Público Federal (MPF).

Procurado pela reportagem, com o intuito de saber sobre a fiscalização das áreas desembargadas, o Ibama respondeu que “não consta na base de dados a realização de novas ações fiscalizatórias nas referidas áreas após o desembargo.”. Portanto, além de não haver informações sobre as fiscalizações realizadas na época, tampouco é possível saber o destino da soja produzida ainda durante o embargo. Também não constam informações oficiais sobre a presença de Olivaldi Azevedo na festa da colheita.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) aproveitou a entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, nesta segunda-feira (22), para elogiar ex-ministros que vão concorrer às eleições deste ano. Dentre os atuais integrantes da Esplanada, citou Joaquim Leite (Meio Ambiente), mas deixou de mencionar Paulo Guedes (Economia), mesmo quando exaltou indicadores econômicos do País.

Ao dizer que só fez indicações técnicas, o candidato à reeleição mencionou o ex-titular da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos), que vai disputar o governo de São Paulo, a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP), que concorre ao Senado pelo Mato Grosso do Sul, o ex-titular de Ciência e Tecnologia Marcos Pontes (PL), candidato ao Senado por SP, o ex-ministro Onyx Lorenzoni, que ocupou várias pastas e agora disputa o governo do Rio Grande do Sul, e o ex-titular do Turismo Gilson Machado, que almeja uma vaga no Senado por Pernambuco.

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Na semana passada, durante a primeira live de quinta-feira na campanha eleitoral, Bolsonaro pediu votos para candidatos ao Senado e a governos estaduais, mas evitou endossar nomes específicos nos Estados onde há palanque duplo.

Um grupo formado por dez ex-ministros dos Direitos Humanos que atuaram durante os governos FHC, Lula e Dilma interpelou o presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) em razão de o chefe do Executivo ter imputado a ex-titulares da pasta "conivência e estímulo" à pedofilia. A declaração questionada se deu durante o evento "Simpósio da Cidadania Cristã" realizado na Igreja Batista Central de Brasília no último dia 5 - data que marcou o aniversário de 33 anos da Constituição.

De acordo com os autores da interpelação, Bolsonaro "fez do marco em que se celebra pouco mais de três décadas do retorno ao Estado Democrático de Direito palco para comportamento incompatível com as suas atribuições".

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O documento protocolado no STF na noite desta segunda-feira (18) é de autoria dos ex-ministros Gilberto José Spler Vargas, Ideli Salvatti, José Gregori, Maria do Rosário Nunes, Mário Mamede Filho, Nilmário de Miranda, Nilma Lino Gomes, Paulo Sérgio Pinheiro, Paulo Vannuchi e Rogério Sottili.

Os dez ex-ministros dos Direitos Humanos pedem à Corte que intime Bolsonaro a responder uma série de perguntas sobre a declaração e indicam que, caso o presidente se recuse a prestar as explicações ou se dá-las de forma "insatisfatória" responderá pelas ofensas.

O grupo é representado pelos advogados Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, Soraia da Rosa Mendes e Tarso Fernando Herz Genro. Na interpelação, eles apontam que Bolsonaro atingiu a honra e a reputação dos ex-ministros, a quem "imputou conivência e estímulo comportamento dotado de relevante reprovação social", destacando o "potencial difamatório" da fala de Bolsonaro.

"As palavras possuem especial impacto à honra objetiva dos Requerentes precisamente em razão da função por eles exercida, pois o histórico de incansável defesa dos Direitos Humanos definitivamente não se compatibiliza com nenhuma insinuação de pertinência a atos ilícitos e a conceito clínico comumente (embora alheia à técnica jurídica) retratado como uma ilicitude per se", argumentam.

De acordo com o documento, durante o evento na Igreja Batista Central de Brasília, Bolsonaro afirmou: "Quem lembra o que era o Ministério dos Direitos Humanos? Quem eram as pessoas que já ocuparam aquele Ministério? Como uma, por exemplo, que tinha lá, um site chamado "Humaniza Redes", que era… que incentivava a pedofilia. Dizia que o pedófilo era um doente, (que) devia ser entregue para um hospital, e não ser levado a uma delegacia".

Confira a seguir as perguntas que os ex-ministros querem que Bolsonaro responda:

- O interpelado (Bolsonaro) confirma sua manifestação feita no "Simpósio da Cidadania Cristã, no dia 5 de outubro de 2021, na Igreja Batista Central do Brasil", no sentido de terem os ex-ministros dos Direitos Humanos incentivado a 'pedofilia'?

- O interpelado confirma suas declarações atualmente, caso as tenha feito?

- O interpelado pode citar fatos concretos que o tenham levado a fazer tal afirmação, caso a tenha feito?

- O interpelado saber informar se os ex-ministros foram processados ou se responderam a inquérito sob a acusação de terem praticado pedofilia?

- O interpelado pode informar quais foram as razões que o levaram a afirmar que o PLC 22 apresentou 188 itens para destruir a família brasileira?

- O interpelado pode apontar alguns desses itens e explicá-los?

- A quem o interpelado se referiu ao dizer que 'tem gente que, voltando ao poder, vai ressuscitar tudo isso aí'.

Os golpistas em Guiné, que capturaram o presidente Alpha Condé e anunciaram a dissolução das instituições, convocaram nesta segunda-feira (6) os ministros do governo derrubado, após um golpe de Estado condenado pela comunidade internacional mas celebrado na capital, Conacri.

Os militares que lideraram o golpe convocaram os ministros e presidentes das instituições que para uma reunião nesta segunda-feira (6) no Palácio do Povo, sede do Parlamento. "Qualquer recusa a comparecer será considerada uma rebelião", alertaram.

As forças especiais guineanas, lideradas por seu comandante, o tenente-coronel Mamady Dumbuya, afirmaram no domingo, com um vídeo como prova, que capturaram o chefe de Estado para acabar com o que chamaram de "desperdício financeiro, pobreza e corrupção endêmica", assim como "a instrumentalização da justiça e o desprezo dos direitos dos cidadãos".

Os golpistas divulgaram um vídeo do presidente Condé, de 83 anos, vestido com jeans e camisa, sentado em um sofá. Eles afirmaram que o chefe de Estado deposto está bem de saúde e é tratado corretamente.

No domingo, os militares proclamaram a dissolução do governo, das instituições e da Constituição, que Condé promulgou em 2020 e utilizou para disputar no mesmo ano o terceiro mandato, apesar de meses de protestos.

Os golpistas prometeram um período de transição, ao estilo do vizinho Mali. Ao mesmo tempo, no entanto, anunciaram um toque de recolher e fecharam as fronteiras aéreas e terrestres.

Durante a noite, eles anunciaram na televisão a substituição dos ministros pelos secretários-gerais de cada pasta, assim como de prefeitos, subprefeitos e governadores regionais por militares. E pediram aos funcionários públicos que retornem ao trabalho na segunda-feira".

- Condenações internacionais -

O golpe de Estado aconteceu após meses de grave crise econômica e política neste país do oeste da África, de 12 milhões de habitantes, governado desde 2010 pelo presidente Condé, cada vez mais isolado.

Durante décadas, esta nação pobre, apesar dos recursos minerais e hidrológicos, foi governada desde sua independência em 1958 por regimes autoritários ou ditatoriais.

Este é o terceiro golpe de Estado na região da África subsaariana no período de um ano, depois do Mali ainda em 2020 e do Chade em 2021.

Até o momento não foram registradas mortes, apesar dos tiros ouvidos na manhã de domingo na capital. E nenhum incidente grave foi registrado na madrugada de segunda-feira.

O golpe, que representa o fim de uma década do regime de Condé, provocou cenas de comemoração em vários pontos da capital, principalmente nos bairros favoráveis à oposição.

No plano internacional, o golpe recebeu ampla condenação, do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, à União Africana, passando pela Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e a União Europeia.

O governo dos Estados Unidos também criticou o golpe e advertiu que poderia "limitar" a capacidade americana de ajudar Guiné.

Ex-ministros da Educação alertaram, em carta aberta, que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) "está em perigo". A autarquia, ligada ao Ministério da Educação (MEC), vem sendo gravemente enfraquecida, de acordo com o documento, o que “coloca em risco políticas públicas cruciais para gestores educacionais, professores, alunos, familiares, além de governantes de todos os níveis".

O manifesto intitulado “Em defesa do Inep, o órgão que avalia a educação no Brasil” foi assinado pelos ex-ministros Rossieli Soares (gestão Michel Temer), Mendonça Filho (Temer), Aloizio Mercadante (gestão Dilma Rousseff), José Henrique Paim (Dilma), Cid Gomes (Dilma), Fernando Haddad (gestões Dilma e Luiz Inácio Lula da Silva) e Tarso Genro (gestão Lula).

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A carta destaca que o Inep, órgão responsável pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), teve em sua liderança grandes acadêmicos e gestores experientes no campo educacional. No entanto, nos últimos dois anos, a pasta vem sendo liderada por cinco pessoas diferentes. “E pior: as posições de gestão não têm sido preenchidas com indicações de quadros técnicos qualificados para as funções.”

No governo de Jair Bolsonaro (sem partido), o Inep nomeou o quinto comandante no final de fevereiro. Danilo Dupas Ribeiro substituiu Alexandre Lopes, que foi exonerado do cargo logo após a realização das provas digitais do Enem.

Em outro ponto da carta, os ex-ministros comentam que o Inep está sendo excluído pelo MEC: “O corpo técnico de servidores do órgão, que é amplamente reconhecido no meio educacional pela seriedade, especialidade e compromisso público, não é ouvido. O Ministério da Educação exclui constantemente o Inep de debates sobre a atuação de prerrogativa legal do órgão, como a reformulação do Ideb e as avaliações para medir a alfabetização das crianças no 2º ano do ensino fundamental”, destaca o trecho.

A carta ressalta que neste período pandêmico, a educação precisa mais do que nunca de investimento. “Estamos em um dos momentos mais desafiadores de nosso País, com esta pandemia. Mas não será com cortes no orçamento da Educação, área prioritária para o desenvolvimento social e econômico, que isso irá se resolver. Mesmo porque o Inep produz informações que evitam o desperdício, racionalizando e tornando o Estado brasileiro mais eficiente.”

“Nós, que tivemos a honra de comandar esse ministério em algum momento da história recente do país, sentimos compelidos a fazer um apelo ao governo e à sociedade: respeitem, valorizem e reconheçam o papel de Estado desta instituição. O Inep é fundamental para a produção de dados sobre a educação brasileira. Por ser tão técnico, seu trabalho talvez não seja suficientemente conhecido pela população, mas asseguramos que é um pilar de sustentação da maior parte das ações do MEC. Sem um Inep capaz de cumprir suas funções, não haverá gestão responsável na educação do Brasil”, finalizou o manifesto.

Confira, na íntegra, a carta assinada pelos ex-ministros: 

Em defesa do Inep, o órgão que avalia a educação no Brasil

O principal órgão responsável pelas avaliações e indicadores da educação brasileira está em perigo. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, o Inep, vem sendo gravemente enfraquecido e isso coloca em risco políticas públicas cruciais para gestores educacionais, professores, alunos, familiares, além de governantes de todos os níveis.

O Inep é vinculado ao Ministério da Educação e teve em sua liderança acadêmicos de prestígio e gestores experientes no campo educacional ao longo dos seus 84 anos de história. Nos últimos dois anos, no entanto, o cargo foi ocupado por cinco pessoas diferentes. E pior: as posições de gestão não têm sido preenchidas com indicações de quadros técnicos qualificados para as funções.

O corpo técnico de servidores do órgão, que é amplamente reconhecido no meio educacional pela seriedade, especialidade e compromisso público, não é ouvido. O Ministério da Educação exclui constantemente o Inep de debates sobre a atuação de prerrogativa legal do órgão, como a reformulação do Ideb e as avaliações para medir a alfabetização das crianças no 2º ano do ensino fundamental. Além disso, há incertezas sobre a realização da própria prova do Saeb em 2021, logo quando é tão importante mensurar os impactos da pandemia de Covid-19 para o aprendizado dos alunos.

Para se ter uma ideia da importância do Inep, todos os anos, dezenas de milhões de crianças e adolescentes que frequentam as nossas escolas são contabilizadas pelo Censo da Educação Básica. O resultado do Censo forma a base de cálculo para repasses de recursos do Fundeb para estados e municípios, financiando a maior parte da educação básica no Brasil.

Já no Censo da Educação Superior, outras milhões de pessoas são contabilizadas anualmente, com informações valiosas sobre o perfil dos alunos, seus cursos e a taxa de evasão, por exemplo. Parte desses estudantes faz a prova de avaliação da educação superior, o Enade, que conta para o Índice Geral de Cursos (IGC). O IGC impede que cursos e instituições de baixíssima qualidade estejam ao alcance das pessoas. Isso tudo também é organizado pelo Inep. 

Em anos alternados, dezenas de milhões de estudantes do ensino fundamental e médio são avaliados pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica, o Saeb. Os resultados dos alunos do 5º e 9º ano do fundamental e 3º ano do médio são usados para compor o Ideb, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. As redes estaduais e municipais anseiam por esses dados para medir a qualidade do ensino que oferecem aos seus estudantes. Sem os dados do Ideb, a educação brasileira fica às cegas e a aplicação dos recursos fica comprometida. Sem o Inep seria impossível.

Isso sem falar dos milhões de jovens e adultos em busca do acesso ao ensino superior que fazem as provas do Enem, elaboradas pelo Inep.

Estamos em um dos momentos mais desafiadores de nosso País, com esta pandemia. Mas não será com cortes no orçamento da Educação, área prioritária para o desenvolvimento social e econômico, que isso irá se resolver. Mesmo porque o Inep produz informações que evitam o desperdício, racionalizando e tornando o Estado brasileiro mais eficiente.

Nós, que tivemos a honra de comandar esse ministério em algum momento da história recente do país, sentimos compelidos a fazer um apelo ao governo e à sociedade: respeitem, valorizem e reconheçam o papel de Estado desta instituição. O Inep é fundamental para a produção de dados sobre a educação brasileira. Por ser tão técnico, seu trabalho talvez não seja suficientemente conhecido pela população, mas asseguramos que é um pilar de sustentação da maior parte das ações do MEC. Sem um Inep capaz de cumprir suas funções, não haverá gestão responsável na educação do Brasil.

Carta assinada, em ordem cronológica, por Tarso Genro, Fernando Haddad, Cid Gomes, José Henrique Paim, Aloizio Mercadante, Mendonça Filho, Rossieli Soares.

A cúpula da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid definiu um roteiro inicial de depoimentos para convocar, já na semana que vem, os ex-ministros da Saúde do governo do presidente Jair Bolsonaro e o atual chefe da pasta, Marcelo Queiroga. O ex-secretário de comunicação Fabio Wajngarten está na mira para ser ouvido na semana seguinte.

O cronograma foi discutido em uma reunião na residência do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), na noite dessa quarta-feira (28), com a participação do vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e do relator da investigação, Renan Calheiros (MDB-AL). Os requerimentos serão colocados em votação na sessão desta quinta-feira (29), às 9 horas.

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Os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich devem ser ouvidos na terça-feira (4). Na quarta-feira (5), a CPI quer chamar Eduardo Pazuello, que ficou mais tempo à frente da pasta durante a pandemia de Covid-19 e é um dos principais alvos da investigação. Na quinta-feira (6), os senadores querem coletar o depoimento do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e do presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres.

Os primeiros depoimentos colocam o governo federal no foco central do início das investigações e representam uma derrota para o Palácio do Planalto. Além das convocações, o relator deve apresentar um plano de trabalho para ser aprovado. Nesse documento, Renan delimitará o escopo da CPI e vai sugerir uma série de pedidos de informações para órgãos federais e estaduais para municiar os trabalhos, além de indicar nomes de investigados e testemunhas, como os ex-ministros.

"O que a direção da CPI vai apresentar amanhã é essa sugestão de roteiro. Esperamos que seja acatada não somente pelo G-7, mas pelo G-11", disse Randolfe Rodrigues em entrevista coletiva após a reunião. Ele fez referência aos sete senadores que formam um grupo crítico a Bolsonaro e aos 11 titulares da CPI. "É um encaminhamento razoável para inaugurarmos o início das investigações."

Onze ex-ministros da Ciência, Tecnologia e Inovação se uniram em um manifesto contra os cortes para o setor, previstos na proposta orçamentária apresentada pelo governo Jair Bolsonaro para 2021.

"Retrocesso sem precedentes na história das políticas nacionais", diz a manifestação assinada por nomes que ocuparam a pasta nos governos de Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luís Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

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"Os recursos discricionários, onde se materializam as políticas setoriais, despencam de R$ 8,7 bilhões em 2014 para R$ 2,7 bi em 2021 (a preços de 2020). O CNPq, com recursos que diminuem a cada ano, terá apenas R$ 22 milhões para fomento à pesquisa em todo o país em 2021, além de uma redução de 10% nos programas para bolsas. A perda na Capes é drástica, os recursos orçamentários despencaram de R$ 7,7 bilhões em 2015 para R$ 2,9 bi em 2021", calculam.

Os ex-ministros alertam que o contingenciamento deve levar ao encerramento de programas estratégicos e coloca em risco de colapso instituições de ensino e pesquisa do País. Eles também classificaram como 'desastrosa' a política do atual governo para o setor.

"Caminhamos a passos largos na direção do obscurantismo - mediante a negação da ciência, recuo na formação de recursos humanos e declínio da inovação no setor produtivo", criticam. "Nem mesmo as piores previsões poderiam projetar tal cenário".

Na avaliação dos ex-ministros, as medidas adotadas pelo governo Bolsonaro também devem comprometer o crescimento econômico. "Temos presenciado ações que terão como resultado, além da séria crise social, a redução da competitividade da economia nacional, a perda de emprego e renda, como levarão a gargalos que inviabilizarão a recuperação econômica e produção de um novo ciclo de crescimento", afirmam. "Sem ciência não há inovação. Sem inovação não há desenvolvimento."

O texto lembra ainda a importância dos sistemas nacionais de pesquisa e inovação para o desenvolvimento e produção de novas tecnologias e vacinas na pandemia do novo coronavírus.

"O momento requer visão de longo prazo e avanço urgente dos investimentos públicos e empresariais em CT&I [Ciência, Tecnologia e Inovação], cujos retornos sociais e econômicos são reconhecidamente muito elevados", defendem. "Lamentavelmente, com mais de 250.000 vidas perdidas para o SARS-CoV-2, testemunhamos a displicência e insensibilidade com que o governo trata a questão. Apesar dele, presenciamos com alívio, a resposta do SUS, dos laboratórios nacionais, das empresas, e notadamente, o enorme esforço dos profissionais da saúde e da comunidade científica no compromisso incansável para com a vida, na busca de soluções para a grave crise sanitária."

VEJA OS EX-MINISTROS QUE ASSINAM O MANIFESTO:

José Goldemberg (governo Fernando Collor)

José Israel Vargas (governos Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso)

Luiz Carlos Bresser Pereira (governo Fernando Henrique Cardoso)

Ronaldo Sardenberg (governo Fernando Henrique Cardoso)

Roberto Amaral (governo Lula)

Sergio Machado Rezende (governo Lula)

Aloizio Mercadante (governo Dilma Rousseff)

Marco Antonio Raupp (governo Dilma Rousseff)

Clélio Campolina (governo Dilma Rousseff)

Aldo Rebelo (governo Dilma Rousseff)

Celso Pansera (governo Dilma Rousseff)

Os ex-ministros do Meio Ambiente Carlos Minc, Edson Duarte, Gustavo Krause, José Carlos Carvalho, Izabella Teixeira, Marina Silva, Rubens Ricupero, Sarney Filho e José Goldemberg divulgaram uma carta em que afirmam que o País vive "inédito momento histórico de aviltamento e ameaça à democracia consagrada na Constituição de 1988 de parte do próprio poder Executivo por ela constituído".

O documento diz ainda que a "sustentabilidade socioambiental está sendo comprometida de forma irreversível por aqueles que têm o dever constitucional de garanti-la" e pede que o Congresso Nacional assegure "o controle dos excessos e omissões do Poder Executivo Federal, não permitindo a tramitação e aprovação de Projetos de Lei eMedidas Provisórias que fragilizem ou promovam retrocessos na legislação socioambiental".

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Leia a íntegra da carta:

Carta Aberta do Fórum de Ex Ministros do Meio Ambiente doBrasil em Defesa da Democracia & Sustentabilidade

Vivemos inéditomomento histórico de aviltamento e ameaça à democracia consagrada naConstituição de 1988 de parte do próprio poder Executivo por ela constituído.

A omissão,indiferença e ação anticientífica do governo federal transformaram o desafio doCovid 19 na mais grave tragédia epidemiológica da história recente do Brasil,causando danos irreparáveis à vida e saúde de milhões de brasileiros. Atragédia seria ainda maior não fosse a ação de Estados e Municípios, apoiadospelos poderes Legislativo e Judiciário.

A sustentabilidade socioambiental está sendo comprometida de forma irreversívelpor aqueles que têm o dever constitucional de garanti-la. A destruição dosBiomas brasileiros avança em taxas aceleradas que não se registravam há mais deuma década, com aumentos expressivos de desmatamentos na Amazônia, no Cerrado ena Mata Atlântica, enquanto os órgãos ambientais e s normas federais sãosistematicamente desmantelados. Povos indígenas, comunidades quilombolas epopulações tradicionais veem crescer de modo exponencial as ameaças aos seusterritórios e às suas vidas.

A degradantereunião de 22 de abril passado é o retrato fiel desse desgoverno, com horasdedicadas a ofender e desrespeitar de maneira abjeta os demais poderes doEstado, sem uma palavra de comando para o enfrentamento da crise econômica ousuperação da crise "pandêmica".

A única menção à pandemia, feita pelo ministrodo Meio Ambiente, não se destinou a estabelecer conexões entre a agenda dasustentabilidade e os desafios na saúde e na economia, mas, inacreditavelmente,para se aproveitar do sofrimento geral em favor dos nefandos interesses quedefende. Na ocasião, confessou de público o que pode caracterizar crime deresponsabilidade, por desvio de função e poder, ao revelar o verdadeiro planoem execução por este governo que é "passar a boiada" sobre a legislaçãosocioambiental aproveitando o "momento de tranquilidade no aspecto decobertura de imprensa, porque só fala de COVID". Causa indignação eespanto que a proposta não merecesse reprimenda em nome do decoro, nem reparodos presentes, em defesa da moral e da honra.

Responsáveis durante décadas pela política ambiental desde a redemocratização do país, criamoseste Fórum para demonstrar que a polarização e radicalização promovidas pelogoverno podem e devem ser respondidas com a união e colaboração entre pessoasde partidos e orientações diferentes fieis aos valores e princípios daConstituição.

Como exministros do Meio ambiente nossa responsabilidade específica se consubstancia navalorização e preservação do meio ambiente e no desenvolvimento sustentável. Aprendemos, porém, pela dura experiência como atual governo, que quando a democracia, a liberdade e a Constituição sãoameaçadas e/ou violentadas os primeiros valores sacrificados são os relativosao meio ambiente e aos direitos humanos.

Sem Democracia forte, não haverásustentabilidade.

Sem sustentabilidade, não haverá futuro para nenhum povo.

Diante do exposto, solicitamos:

- aos Ministros do Supremo Tribunal Federal que velem pelo cumprimento efetivo dos princípios constitucionais depreservação do meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum dopovo "essencial" à sadia qualidade de vida assim como pela independência entreos Poderes;

- aos membros do Congresso Nacional para que, sob a coordenação dos presidentes da Câmarados Deputados e do Senado, assegurem o controle dos excessos e omissões do PoderExecutivo Federal, não permitindo a tramitação e aprovação de Projetos de Lei e Medidas Provisórias que fragilizem ou promovam retrocessos na legislaçãosocioambiental;

- aos Governadores e Prefeitos que, diante da situação criada pela ausência deliderança e ação prejudicial do Presidente da República, sigam firmes noenfrentamento responsável da pandemia usando de todos os recursos disponíveis, garantindo transparência máxima na divulgação dos dados e promovam políticaspúblicas de conservação ambiental e desenvolvimento sustentável, bloqueando aescalada de destruição de nossos Biomas; e

- ao Procurador Geral da República, que adote as medidas jurídicas cabíveis de forma firme etempestiva para barrar iniciativas de estímulo à degradação do meio ambiente,promovidas pelo governo federal, assim como cumpra o compromisso constitucionalde examinar com imparcialidade e presteza as denúncias de crimes deresponsabilidade potencialmente cometidos pelo ministro do Meio Ambiente deacordo com representações protocoladas a esta PGR durante a Semana do MeioAmbiente.

Fazemosum apelo em favor de uma urgente união nacional em defesa da Constituição e daedificação de um Brasil à altura das aspirações do povo brasileiro por umaNação plenamente Democrática, Plural e Sustentável.

Brasília 10 de junho de 2020.

Respeitosamente,

Carlos Minc

Edson Duarte

Gustavo Krause

José Carlos Carvalho

Izabella Teixeira

Marina Silva

Rubens Ricupero

Sarney Filho

José Goldemberg

Livre da tornozeleira eletrônica, graças a uma decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ministro Guido Mantega (Fazenda/Governos Lula e Dilma) entregou nesta quinta-feira, 29, à Justiça Federal em Curitiba um conjunto de treze passaportes. A medida atende determinação do juiz Luiz Antonio Bonat, da 13.ª Vara Criminal Federal, no âmbito da Operação Carbonara Chimica, fase 63 da Lava Jato que investiga supostas propinas a Mantega e a outro ex-ministro petista, Antônio Palocci.

Os passaportes foram entregues às 13h42, segundo certidão da Secretaria da Vara de Bonat. São treze passaportes - quatro brasileiros, sete diplomáticos e ainda dois italianos.

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A entrega dos documentos foi uma imposição do juiz da Lava Jato para evitar deslocamentos de Mantega ao exterior. Bonat também ordenou ao ex-ministro que não mantenha contato com outros investigados da Operação Carbonara Chimica.

A etapa 63 da Lava Jato mira supostas propinas a Palocci e a Mantega em troca da aprovação das Medidas Provisórias 470/2009 e 472/2009, que instituiriam um novo refinanciamento de dívidas fiscais e permitiriam a utilização de prejuízos fiscais das empresas como forma de pagamento (Refis da Crise).

A operação foi deflagrada no dia 21 com a decretação da prisão do advogado Nilton Serson e do ex-vice-Jurídico da Odebrecht Maurício Ferro, supostamente ligados ao esquema.

A Polícia Federal indicou que o nome da operação remete aos codinomes dos investigados na planilha da Odebrecht - "Italiano" e "Pós-Itália". O primeiro se referia a Antônio Palocci e o segundo a Guido Mantega, este supostamente destinatário de R$ 50 milhões, o que é negado enfaticamente por seu advogado, o criminalista Fábio Tofic Simantob.

Os procuradores da força-tarefa do Ministério Público Federal no Paraná chegaram a pedir a prisão preventiva de Mantega, sob argumento que ele teria omitido valores no exterior, mas o juiz Bonat substituiu a cautelar pela imposição do uso de tornozeleira eletrônica.

A instalação do equipamento estava prevista para esta quinta, 29, mas seus advogados apelaram ao Supremo alegando que a 13.ª Vara de Curitiba não teria competência para processar e julgar Mantega.

Segundo a defesa, a decretação das medidas cautelares estaria fundamentada em fatos tratados em ação penal que tramita na Justiça do Distrito Federal.

Nesta quarta-feira, 28, o ministro Gilmar Mendes suspendeu a tornozeleira em Mantega.

"A aplicação imediata da medidas cautelares decretadas na decisão reclamada, sobretudo a colocação da tornozeleira eletrônica junto ao corpo, prevista para acontecer em 29 de agosto de 2019, poderia causar dano de difícil reparação ao reclamante, consubstanciado nas restrições à liberdade que passaria a sofrer", afirmou Gilmar na decisão.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), recebeu uma carta assinada por ex-ministros do Meio Ambiente solicitando ao Congresso a adoção de uma série de medidas emergenciais para o combate ao desmatamento da Amazônia. O documento é assinado pelos ex-ministros José Goldenberg, Rubens Ricupero, Gustavo Krause, Izabela Teixeira, José Sarney Filho, José Carlos Carvalho, Marina Silva, Carlos Minc e Edson Duarte.

A ex-ministra Marina Silva disse que uma das sugestões é para que Maia faça uma moratória com os projetos ambientais que estão tramitando nessa Casa.

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Ela pede também que seja criada uma comissão especial para audiências públicas. "Para que a gente recupere a governança ambiental", afirmou.

Os ex-ministros querem ainda a recomposição do orçamento do Ministério do Meio Ambiente e a retomada de políticas públicas.

"Queremos com essa comissão que Maia leve de forma republicana para o presidente da República uma proposta para que o Brasil recupere sua credibilidade", afirmou Marina.

O criminalista Fábio Tofic Simantob, que defende Guido Mantega, reagiu enfaticamente, nesta quarta-feira, 21, à ordem judicial para monitorar o ex-ministro da Fazenda dos Governos Lula e Dilma com tornozeleira eletrônica. "É a Lava Jato voltando a fazer estardalhaço, espetáculo público para colocar, talvez, uma cortina de fumaça nos abusos e nas arbitrariedades que estão sendo reveladas sobre a condução desse processo."

A ordem de monitoramento eletrônico de Mantega foi dada pelo juiz Luiz Antonio Bonat, da 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba, no âmbito da Operação Carbonara Quimica, fase 63 da Lava Jato, deflagrada nesta quarta.

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A investigação mira suposto pagamento de propinas milionárias a Mantega e a outro ex-ministro da Fazenda petista, Antônio Palocci, em troca da edição de Medidas Provisórias para favorecer o grupo Odebrecht.

O Ministério Público Federal pediu a decretação da prisão de Mantega, mas o juiz Bonat optou pela tornozeleira, além de ordenar o bloqueio de R$ 50 milhões das contas do ex-ministro.

O advogado de Mantega considera que "a investigação, em si, de rastrear o dinheiro da Odebrecht, é ótima para ele (Mantega)".

"A investigação vai mostrar que não foi um centavo para Mantega", afirma Fábio Tofic Simantob.

Sobre a imposição da tornozeleira ao ex-ministro, o criminalista reagiu com veemência.

"A medida de tornozeleira eletrônica é absurda. Cinco anos depois, ou mais, dez anos depois, quase, os fatos são de 2010! O que significa isso agora? Uma medida absurda contra alguém que está aí, não deu mostra de querer fugir, comparece aos atos dos processos. Quer dizer, é o constrangimento pelo constrangimento."

O criminalista também se insurge contra o bloqueio de R$ 50 milhões que pega as contas de Mantega. "Cinquenta milhões? Ele (Mantega) não tem esse dinheiro. Aliás, não tem nem perto disso. O pouco dinheiro que ele tem é herança do pai, que era um empresário bem-sucedido de São Paulo."

O juiz Luiz Antonio Bonat, da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba, mandou colocar tornozeleira eletrônica no ex-ministro Guido Mantega (Fazenda/2006/2015/Governos Lula e Dilma). O monitoramento de Mantega foi decretado no âmbito da Operação Carbonara Quimica, fase 63 da Lava Jato, deflagrada nesta quarta-feira, 21. A investigação mira propinas milionárias a Mantega e a outro ex-ministro de Lula e Dilma, Antônio Palocci, em troca da edição de Medidas Provisórias para beneficiar o grupo Odebrecht.

Bonat decidiu mandar colocar tornozeleira em Mantega diante do pedido do Ministério Público Federal de prisão do ex-ministro.

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"Diante do exposto, apesar das alegações do Ministério Público Federal, entendo que, revestida a prisão cautelar de excepcionalidade, não há causa suficiente para a decretação da prisão preventiva de Guido Mantega."

A fase 63 da Lava Jato prendeu nesta quarta Maurício Ferro, ex-vice-presidente Jurídico da Odebrecht. Outro investigado, o advogado Nilton Serson, teve prisão decretada, mas ele está nos Estados Unidos.

A investigação mira a edição de MPs de 2009 que poderiam favorecer a empreiteira. Em troca das medidas provisórias, Mantega e Palocci teriam sido contemplados com propinas milionárias da Odebrecht.

Ao não mandar prender Mantega, o juiz da Lava Jato ponderou que "apesar da comprovada gravidade em concreto, um problema no que concerne à perspectiva de reiteração criminosa, circunstância que atenua o risco à ordem pública".

Segundo o magistrado, os recursos depositados no exterior, na conta da Pappilon Company e na conta em nome do próprio Mantega "foram bloqueados". "Não há informação acerca de tentativa mais recente de movimentação ou dissipação desses ativos. Não há, igualmente,informação de que o acusado manteria outras contas secretas no exterior."

O magistrado destacou o bloqueio dos saldos mantidos em contas no exterior conhecidas pelas autoridades e ausência de informações sobre outras contas. "O risco de fuga, pela cidadania italiana, pode ser atenuado pela restrição de saída do país e apreensão de passaporte."

"Não há informação acerca do seu envolvimento em fatos criminosos após o seu afastamento do cargo de ministro da Fazenda, em 1 de janeiro de 2015. Esse é um dos principais pontos de distinção entre o caso de Guido Mantega e o de Antônio Palocci."

Palocci foi preso na Lava Jato em setembro de 2016, mas fechou acordo de delação premiada e saiu da cadeia no final de 2018.

Além da tornozeleira, Mantega terá que seguir uma série de procedimentos impostos pelo juiz Bonat. O ex-ministro fica proibido de "movimentação de qualquer conta existente no exterior", proibido de exercer cargo ou função pública na Administração Pública direta ou indireta, tem de comparecer a todos os atos do processo, fica proibido de deixar o país, devendo entregar seus passaportes brasileiro, italiano e todos os demais válidos, em 3 dias.

Além disso, Mantega não poderá manter contatos com todos os demais investigados e está proibido de mudar de endereço sem autorização judicial.

Defesa

O advogado Fábio Tofic Simantob, que defende o ex-ministro Guido Mantega, foi taxativo. "Esta operação é muito importante para a defesa de Guido Mantega porque vai ajudar a provar que ele nunca recebeu um centavo da Odebrecht ou de quem quer que seja."

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta (21) a 63ª fase da Operação Lava Jato, chamada Carbonara Chimica, para investigar a suspeita de pagamentos periódicos indevidos a dois ex-Ministros de Estado por parte da Odebrecht. A ação apura crimes de corrupção ativa e passiva, além de lavagem de capitais.

Agentes cumprem dois mandados de prisão temporária contra Maurício Ferro, ex-diretor jurídico do grupo e cunhado de Marcelo Odebrecht, e Newton de Souza, também ex-executivo empreiteira.

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Cerca de 40 Policiais Federais participam da ação e cumprem ainda 11 mandados de busca e apreensão em São Paulo e na Bahia. As ordens foram expedidas pela 13ª Vara Federal de Curitiba, no Paraná. A Justiça Federal determinou ainda o bloqueio de R$ 555 milhões dos investigados.

A Polícia Federal indicou que o nome da operação remete aos codinomes dos investigados na planilha da Odebrecht - "Italiano" e "Pós-Itália". O primeiro se referia a Antonio Palocci e o segundo a Guido Mantega, ex-ministros dos governos Lula e Dilma ao fato de que os investigados eram identificados como "Italiano" e "Pós-Itália", havendo ainda correlação com a atividade desenvolvida por uma das empresas envolvida no esquema.

Segundo a PF, o pagamento da propina tinha como objetivo, entre outras coisas, a aprovação de Medidas Provisórias que instituiriam um novo refinanciamento de dívidas fiscais e permitiriam a utilização de prejuízos fiscais das empresas como forma de pagamento (Refis da Crise - MPs 470/2009 e 472/2009). Os valores eram contabilizados em uma planilha denominada "Programa Especial Italiano".

De acordo com a PF, há indícios de que parte dos valores indevidos teria sido entregue a um casal de publicitários como forma de dissimulação da origem do dinheiro.

Os presos serão levados para a sede da PF em São Paulo, e posteriormente transferidos para a Superintendência do Paraná, onde serão interrogados, indicou a corporação.

Seis ex-ministros da Saúde divulgam nesta segunda-feira, 5, um manifesto em que alertam para o risco de retrocesso no setor. Para eles, políticas de saúde estão sendo desconstruídas, sem que Ministério da Saúde ou o parlamento sejam ouvidos. Entre as medidas citadas pelo grupo estão as propostas feitas pelo governo de Jair Bolsonaro para as mudanças nas regras de lei de trânsito, como a dispensa do uso de cadeirinhas para bebês, a alteração no limite de velocidade nas estradas e ainda o número de pontos para ter a carteira de habilitação cassada - sugestões que podem trazer um aumento dos acidentes envolvendo veículos.

No documento de cinco páginas, os ex-ministros listam ainda as restrições de políticas voltadas para direitos sexuais e reprodutivos, as mudanças no estatuto do desarmamento, a liberação sem critério de agrotóxicos e pesticidas. Foram citadas também propostas para a redução do preço do cigarro, que poderia fragilizar a política de prevenção contra o tabagismo e também o incentivo fiscal para indústria de refrigerantes, que poderá trazer um impacto nos indicadores de obesidade do País.

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Assinada pelos ex-ministros Humberto Costa, José Saraiva Felipe, José Agenor Alvarez da Silva, José Gomes Temporão, Alexandre Padilha e Arthur Chioro, a carta adverte também para retrocessos de normas de segurança do trabalho, ataques ao Estatuto da Criança e do Adolescente, o contingenciamento da educação pública e da ciência e a nova política de drogas, que dá prioridade à abstinência e às comunidades terapêuticas. Essa última alteração, no entanto, foi aprovada no Congresso.

O manifesto, que será apresentado nesta segunda-feira durante um ato em Defesa do SUS programado para 17 horas na Esplanada dos Ministérios, argumenta que nenhum sistema universal tem investimentos públicos tão baixos quanto o brasileiro e que, apesar das restrições orçamentárias, o SUS é responsável por inúmeros avanços, como a redução da mortalidade infantil. O grupo observa que, embora a melhora seja inegável, está em curso uma política para o aprofundamento dos cortes dos gastos sociais e uma desvalorização das políticas universais, que podem fragilizar o SUS.

"É preciso, mais do que nunca, fortalecer e ampliar a participação social na formulação, acompanhamento e fiscalização das políticas de saúde em todas as esferas de governo. Respeitar e implementar as decisões das conferências e dos conselhos de saúde, aprimorando e garantindo a democratização do Estado e a participação cidadã é fundamental para os destinos do SUS e do País", afirmam os ex-ministros.

A carta dos ex-ministros da Saúde se soma a outras iniciativas semelhantes, realizadas por ex-ministros de outras áreas, todas alertando para retrocessos na condução de políticas setoriais. Em maio, ex-ministros do Meio Ambiente divulgaram documento alertando para desmonte do setor. Em junho, foi a vez de ex- ministros da Educação, que pediam por recursos e garantia da autonomia universitária. No mesmo mês, ex-ministros da Justiça, também divulgaram um documento em que protestaram contra as mudanças que permitiam maior acesso a armas de fogo. Mês passado, ex-ministros de Ciência e Tecnologia fizeram um manifesto contra cortes e retrocessos no setor.

Depois dos ex-ministros de Direitos Humanos, do Meio Ambiente e da Justiça, diversos titulares do Ministério da Educação em governos passados se reuniram nesta terça-feira, 3, para tecerem críticas conjuntas ao governo do presidente Jair Bolsonaro. Empenhados em mobilizar uma oposição em frentes temáticas, os ex-ministros pegam embalo no discurso de que as pastas que ocuparam tratam de políticas de Estado e, portanto, não podem ser partidarizadas.

"Isso mostra que está surgindo um pensamento nacional, diferente do que o governo federal está fazendo. Não se trata apenas de questões partidárias, se trata de posições de Estado", afirmou ao Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o ex-ministro da Educação e ex-senador Cristovam Buarque, que trabalhou no primeiro governo Lula. "É uma maneira nova de se preocupar com os problemas nacionais acima dos partidos".

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Cristovam é um dos signatários do manifesto pela educação assinado hoje por seis ex-ministros da área, o mais recente documento a reunir ex-ocupantes de cargos públicos que se colocam contra as políticas de Bolsonaro. Além dele, subscreveram o documento Fernando Haddad (governos Lula e Dilma Rousseff), Aloizio Mercadante (Dilma), Renato Janine Ribeiro (Dilma), José Goldemberg (governo Collor) e Marcílio Higel (Itamar). Responsável pela Educação no governo FHC, Paulo Renato Souza morreu em 2011. Outros ex-chefes da pasta alegaram incompatibilidade de agenda ou não retornaram a contatos.

Os ex-ministros que assinaram o documento dizem ver as políticas adotadas desde a Constituição de 1988 como um ciclo único, quebrado agora por Bolsonaro. "Nós percebemos que há esforços que não estão sendo feitos na direção correta. O esforço, na nossa área, está sendo feito em questões secundárias da educação, tais como filmar professores e tomar medidas completamente alheias ao que se entende por educação", comentou José Goldemberg, ministro da Educação de Fernando Collor e ex-reitor da USP.

Para Haddad, ministro por seis anos e meio e candidato derrotado por Bolsonaro na eleição presidencial do ano passado, há uma espécie de insatisfação generalizada com o atual governo.

"O alarme no Brasil já soou em várias áreas. Hoje mesmo tem uma manifestação de 11 ex-ministros da Justiça publicada na Folha de S.Paulo. O mesmo acontece na economia, na segurança pública, no meio ambiente, nas relações exteriores, nos direitos humanos e infelizmente não está sendo diferente na área da educação", disse, durante sua explanação ao lado dos colegas.

Precedentes

A fala de Haddad faz referência a um artigo conjunto divulgado nesta terça-feira, em que ministros da Justiça dos governos FHC, Lula, Dilma e Temer se manifestaram contrariamente à política de acesso a armas de Bolsonaro. "Independentemente dos partidos que estavam no poder e da orientação dos governos dos quais fazíamos parte, nosso compromisso sempre foi o de fortalecer avanços que consolidassem o Brasil como uma referência de regulação responsável de armas e munições para a América Latina e para o mundo", destacaram no texto, endossado por nomes como Aloysio Nunes Ferreira, Tarso Genro, José Eduardo Cardozo, Miguel Reale Jr. e Raul Jungmann.

Na área do meio ambiente, a reunião de ex-ministros ocorreu no começo de maio no mesmo auditório da realizada hoje pelos antigos responsáveis pela Educação. Eles acusaram a gestão Bolsonaro de causar o "desmonte" da agenda ambiental do País. Marina Silva, Sarney Filho e Rubens Ricupero foram alguns dos postulantes do documento. O atual ministro, Ricardo Salles, rebateu em nota os colegas. "O atual governo não rechaçou, nem desconstruiu, nenhum compromisso previamente assumido e que tenha tangibilidade, vantagem e concretude para a sociedade brasileira", respondeu Salles.

O grupo chamado de 'Comissão Arns' foi o pioneiro ao reunir ex-ocupantes de pastas para acompanhar políticas do governo Bolsonaro. Ele é um observatório para monitorar casos de violação de direitos humanos no País. De um total de 20 personalidades, seis foram ministros: Claudia Costin, José Carlos Dias, José Gregori, Luiz Carlos Bresser-Pereira, Paulo Sérgio Pinheiro e Paulo Vannuchi.

Para o ex-ministro Aloizio Mercadante, que além da Educação chefiou também a Casa Civil e o Ministério da Ciência e Tecnologia, há movimentos semelhantes entre ex-ministros da Saúde, das Relações Exteriores, da Cultura e da própria C&T. "Eu acho que existe uma ampla frente democrática em defesa de políticas públicas que foram construídas a partir da Constituição de 1988 que foram agredidas", disse, à reportagem.

Na mira da Operação Lava Jato, os ex-ministros Guido Mantega (PT) e Marcos Antônio Pereira (PRB) entraram com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) para que seja encaminhada à Justiça Eleitoral uma investigação instaurada contra eles no âmbito da delação da Odebrecht. Os dois são alvo de inquérito que apura a suposta compra de apoio político de R$ 7 milhões para garantir a adesão do PRB à campanha de Dilma Rousseff à Presidência da República em 2014.

Na quarta-feira, 11, a ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), decidiu encaminhar à Justiça Eleitoral de São Paulo um outro inquérito instaurado com base na delação da Odebrecht que investiga o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) por suspeita de caixa 2, o que livrou o tucano, por ora, da rota da Lava Jato.

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Integrantes do Ministério Público Federal ouvidos pela reportagem consideram "lamentável" a saída encontrada por políticos para se livrar da Lava Jato e das investigações na Justiça Federal, já que afirmam que o caminho natural seria uma investigação prévia de crime comum. Também destacam que a Justiça Eleitoral possui punições mais brandas e não tem vocação nem tempo para apurar crimes dessa natureza.

No caso de Mantega e Marcos Antônio Pereira, os ex-ministros recorrem de uma decisão do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava no STF, que remeteu no último dia 2 os autos da investigação para o Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF-3).

A apuração foi encaminhada para o TRF-3 já que o inquérito também tem entre os investigados Edinho Silva, ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social do governo Dilma Rousseff. Edinho atualmente é prefeito de Araraquara (SP) e possui prerrogativa de foro naquele tribunal.

Repercussão

Para o ex-ministro do TSE e especialista em direito eleitoral Henrique Neves, o envio de investigações criminais para a Justiça Eleitoral não impede a apuração de todos os fatos. "Se houver crime eleitoral e crimes comuns conexos, a competência para julgar ambos é da Justiça Eleitoral. Se não houver correlação entre eles, o juiz eleitoral envia a parte comum para a Justiça comum ou federal e fica apenas com a parte eleitoral", afirma Neves.

Procurada pela reportagem, a assessoria de Marcos Pereira informou que a Justiça Eleitoral é o "foro adequado dada a natureza da acusação". "Não se trata de punição mais ou menos branda, até porque Marcos Pereira provará sua inocência", disse a assessoria.

A defesa de Mantega não respondeu à reportagem até a conclusão da edição.

Julgamento

Na última terça-feira, a Segunda Turma do STF determinou que sejam enviados à Justiça Eleitoral do DF os termos de delação do casal Mônica Moura e João Santana, que tratam de suspeitas de caixa 2 nas campanhas de Dilma Rousseff à Presidência em 2010 e em 2014.

O colegiado analisou um outro pedido da defesa de Mantega, que buscava reverter decisão do ministro Edson Fachin, que determinou o envio dos depoimentos para a Justiça Federal do Paraná.

Os advogados de Mantega alegaram que o ex-ministro já estaria sendo investigado pelos mesmos fatos em dois inquéritos no STF, o que impossibilitaria a investigação na primeira instância. Por sugestão do ministro Dias Toffoli, o caso foi enviado à Justiça Eleitoral do Distrito Federal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com a aproximação do desfecho do processo de impeachment, os 81 senadores se preparam para a votação final do julgamento da presidente afastada Dilma Rousseff. Entre eles, nove são ex-ministros da gestão petista.

Quatro deles - Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), Eduardo Braga (PMDB-AM), Marta Suplicy (PMDB-SP) e Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) - já declararam voto a favor do afastamento definitivo. Outros três - Armando Monteiro (PTB-PE), Kátia Abreu (PMDB-TO) e Gleisi Hoffmann (PT-PR) - são abertamente contrários ao impeachment.

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Já Eduardo Lopes (PRB-RJ) e Edison Lobão (PMDB-MA) não declararam a intenção de voto. Mas nos bastidores já é dado como certo que ambos votem contra Dilma, já que eles optaram pela continuidade do processo na fase de pronúncia.

A ida de Dilma ao Senado, para prestar depoimento e responder as perguntas dos senadores, deu esperança aos aliados de que votos fossem revertidos, inclusive os dos ministros, mas a agora base governista descartou essa possibilidade.

"Acho que a presença dela foi importante para a defesa da trajetória dela, da biografia dela. Mas ocorre que a comissão especial de impeachment fez um amplo trabalho de investigação tanto dos decretos quanto sobre aquilo que se convencionou chamar de pedaladas fiscais e ficou claramente caracterizado o crime de responsabilidade", disse Fernando Bezerra Coelho.

Já Gleisi Hoffmann avaliou que os esclarecimentos feitos por Dilma foram muito positivos. “Ela foi firme e mostrou que há uma conspiração para tirá-la do cargo. Acredito que alguns senadores podem, sim, mudar os votos, porque a presidente trouxe argumentos muito convincentes sobre a ausência de crime de responsabilidade”, sustentou.

A votação deve ser realizada na manhã desta quarta-feira (31), dando desfecho ao processo de impeachment.

Ao fazer sua defesa pessoalmente no processo de impeachment, a presidente afastada Dilma Rousseff citará ex-ministros que hoje são seus julgadores para mostrar que todos eles acompanharam sua gestão no governo. A ideia é constranger ao menos seis senadores, que integravam o primeiro escalão e, na madrugada do dia 10, viraram seus algozes.

A lista dos que foram ministros de Dilma e votaram para transformá-la em ré no processo é composta por Eduardo Braga (PMDB-AM) –que também ocupou o cargo de líder do governo no Senado , Edison Lobão (PMDB-MA), Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), Marta Suplicy (PMDB-SP) e Marcelo Crivella (PRB-RJ).

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Dilma irá ao plenário do Senado no próximo dia 29 e já começou a se preparar para a sabatina. No Palácio da Alvorada, ela participará de um treinamento político para que seja capaz de rebater questionamentos duros, sem sair da linha. A "aula" jurídica será dada por José Eduardo Cardozo, o advogado responsável por sua defesa.

Em reunião no Alvorada, quinta-feira (18), os senadores Humberto Costa (PE), Paulo Rocha (PA) e José Pimentel (CE), todos do PT, explicaram a Dilma o formato da sessão de impeachment, a ser comandada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), adiou para a manhã desta sexta-feira (19) um encontro com a presidente afastada para discutir os detalhes da participação dela no julgamento. Renan embarcou na quinta para o Rio com o presidente em exercício Michel Temer. Foi a primeira vez que os dois viajaram juntos desde 12 maio, quando Dilma foi afastada do cargo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Quatro dos cinco ex-ministros da presidente Dilma Rousseff que são alvo de investigação sob suspeita de envolvimento em irregularidades na Petrobras receberam, segundo delatores da Operação Lava Jato, ao menos R$ 4 milhões do esquema de corrupção na estatal, além de uma "mesada" que variava de R$ 30 mil a R$ 150 mil.

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou em delação premiada que o senador Edison Lobão (PMDB-MA) solicitou a ele R$ 1 milhão em 2008. Na época, Lobão era Ministro de Minas e Energia - ele comandou a pasta de 2008 a 2010 e de 2011 a 2014.

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As declarações de Costa constam da petição encaminhada ao Supremo Tribunal Federal na semana passada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. No documento, Janot pediu ao STF a instauração de inquérito para investigação do repasse a Lobão. Costa disse que o ex-ministro não explicou a finalidade da transação.

"(Costa) pediu a Alberto Youssef a realização desse pagamento, o qual teria origem no 'caixa do PP', ou seja, correria por conta do porcentual de 1% que esse partido teria direito em relação aos contratos firmados pela Petrobras com as empresas que faziam parte do cartel", diz a delação do ex-diretor. Lobão negou participação em irregularidades na Petrobras.

O PP, com PT e PMDB, é suspeito de lotear diretorias da Petrobras para arrecadar entre 1% e 3% de propina em grandes contratos, mediante fraudes em licitações e conluio de agentes públicos com empreiteiras organizadas em cartel.

Campanha

Além de Lobão, Costa relatou um repasse de R$ 2 milhões ao ex-ministro da Fazenda (2003-2006) e ex-ministro da Casa Civil (2011) Antonio Palocci em 2010, quando o petista coordenava a campanha presidencial de Dilma. Costa afirmou que Palocci solicitou o montante para a candidatura da presidente na época. O pagamento, segundo o ex-diretor, foi feito por Youssef. O doleiro, porém, nega que tenha dado dinheiro para Palocci. O ex-ministro da Casa Civil de Dilma também Palocci rechaça as acusações de Costa.

O ex-diretor da Petrobras fez menção também à ex-ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann. A senadora (PT-PR), de acordo com Costa, recebeu, por meio do doleiro Alberto Youssef - que confirmou a informação em sua delação -, R$ 1 milhão em 2010 para sua campanha ao Senado. A ex-ministra foi eleita naquele ano e, um ano depois, foi indicada para a Casa Civil, onde permaneceu até 2014. Gleisi negou ter recebido doação do ex-diretor e afirmou ser vítima de "denuncismo".

Os outros dois ex-ministros investigados, Mário Negromonte e Aguinaldo Ribeiro, que foram titulares do Ministério das Cidades, também foram citados pelos delatores da Lava Jato. Negromonte, que era filiado ao PP e ocupou a pasta de 2011 a 2012, chefiou um esquema ilícito no ministério envolvendo contratos de rastreamento veicular, segundo Youssef.

O doleiro, no entanto, não informa valores que o ex-ministro teria recebido. Negromonte também foi mencionado por Costa como um dos beneficiários do esquema na Petrobras. Ele diz nunca ter recebido "vantagens indevidas".

Ribeiro, que é deputado federal pelo PP e foi ministro de 2012 a 2014, se beneficiou do pagamento mensal de propina ao PP, segundo Youssef. De acordo com o doleiro, o deputado recebia repasses mensais que variavam de R$ 30 mil a R$ 150 mil da "cota" do PP no esquema. O ex-ministro informou que só vai se manifestar quando tiver conhecimento sobre o teor dos documentos.

Foro

Na semana passada o ministro do STF Teori Zavascki mandou investigar 50 pessoas suspeitas de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras, entre elas 34 parlamentares.

A investigação sobre Palocci foi remetida à Justiça Federal no Paraná. Gleisi, Lobão e Ribeiro, por serem parlamentares, detêm foro privilegiado e estão sendo investigados no Supremo. Negromonte, como conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia, será investigado no Superior Tribunal de Justiça.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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