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Em momentos de crise econômica, promover estratégias de recuperação é um ato de sobrevivência para os empreendimentos. Uma delas - em razão dos efeitos da Covid-19 sobre a economia nacional - foi adotada pelos centros de compras do Recife e de cidades da Região Metropolitana, para o próximo sábado (1º): pela primeira vez, o comércio poderá funcionar no Dia do Trabalhador, um dos mais importantes feriados brasileiros.

O funcionamento – que é facultativo - é amparado na Convenção Coletiva dos comerciantes, segundo a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Recife). Além dos shoppings centers, lojas do Centro do Recife e de bairros da RMR poderão atender seus clientes.

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“Estamos vivendo momentos difíceis e precisamos nos adaptar. O comércio vem sofrendo muitas perdas devido à pandemia da Covid-19 e toda oportunidade de venda é bem-vinda. Esperamos que a abertura das lojas nesse feriado possa gerar bons negócios e o aquecimento da economia”, disse Fred Leal, presidente da CDL Recife, conforme informações da assessoria de comunicação da entidade.

Nos bairros e na área central do Recife, o comércio de rua poderá funcionar no feriado das 9h às 17h ou das 10h às 18h. Todos os empreendimentos precisam respeitar os protocolos do Plano de Convivência com a Covid-19 do Governo de Pernambuco, como promover distanciamento social entre clientes e colaboradores, uso obrigatório de álcool em gel e máscara.

Ainda de acordo com a CDL, os shoppings poderão funcionar das 10h às 18h. Os centros de compras RioMar, Plaza, Tacaruna, Recife, Igarassu, Paulista, Guararapes, Boa Vista, Patteo Olinda e Costa Dourada já confirmaram que estarão em atividade no feriado.

Comércio direciona atenções ao Dia das Mães

O feriado do Dia do Trabalhador, para os comerciantes, pode ser um momento de vendas voltadas à celebração do Dia das Mães, que em 8 de maio. Levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE) apontou que a maioria dos consumidores pernambucanos (66,4%) deve comemorar a data.

“A pesquisa apresenta a intenção de comemoração da data e também inclui informações estratégicas à classe empresarial, auxiliando na tomada de decisão quanto às ações que permitem aos empresários alavancar vendas neste momento crítico”, comenta o economista da Fecomércio-PE, Rafael Ramos, conforme informações da assessoria de comunicação da instituição. 

O estudo apontou que 59% dos entrevistados comemorarão o Dia das Mães em casa. “Comprar presentes” ficou em segundo lugar, como objetivo de 29% dos consumidores. “Para o pernambucano que pretende presentear a mãe, as roupas ou acessórios de vestuários,  perfumaria, cosméticos, calçados e acessórios são as principais escolhas. A maioria deseja gastar entre R$ 50, e R$ 100,. O local para compra desses presentes será o comércio tradicional e a forma de pagamento mais utilizada será o pagamento à vista”, informou a Fecomércio.

"Nosso segredo é simples: não mudar nada e manter a tradição", diz Milton Maciel de Andrade, de 73 anos, sócio da Confeitaria Cirandinha, inaugurada em 1957 na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, na zona sul do Rio. O local é um dos 13 estabelecimentos comerciais inscritos neste ano na categoria de bens imateriais da cidade.

A relação inclui chapelarias, tabacarias, uma gráfica, um sebo e lojas de música e de cofres, entre outros pontos do comércio tradicional de rua. O único benefício financeiro previsto é a redução do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), desde que características originais sejam mantidas. No entanto, muitos desses imóveis já têm desconto no imposto, por estarem em áreas preservadas, no caso do centro.

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O presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), Washington Fajardo, diz que vai propor a isenção do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), mas por enquanto não há nenhuma garantia. Ele reconhece que a medida não é suficiente para manter os negócios. "Algumas atividades estão fadadas a desaparecer, por causa de aspectos como mudanças tecnológicas e comportamentais. A relação tem também a função de guardar a memória, dar mais autoestima, chamar a atenção e contribuir para a vitalidade da cidade", diz Fajardo.

Segundo ele, foi firmado convênio com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) para traçar "estratégias de sobrevivência" e ajudar a manter a tradição vinculada a serviços ou produtos.

Antes de ser um dos sócios da Cirandinha, fundada por imigrantes espanhóis, Andrade trabalhou por 40 anos como garçom e maître da confeitaria, que tem hoje 60 funcionários. Ele diz que a decisão da prefeitura "não influi, mas é um reconhecimento". "Vamos continuar do mesmo jeito. Nos pratos, no paladar e no atendimento."

Os mais pedidos do cardápio são o medalhão à piemontesa, o waffle e o chá. "Venho quase todos os dias há mais de 40 anos. Gosto de tudo", diz Maria Souza, de 94 anos.

Também em Copacabana, a Confeitaria La Marquise, inaugurada em 1950 e incluída na relação da prefeitura, foi responsável pela produção dos doces servidos no Copacabana Palace até 1988. Dos 13 estabelecimentos, são os únicos fora do centro.

Sem benefício

Sócia da Gráfica Marly, Cirlea Tavares é casada com Itamar Kobylinski Moreira, que pertence à terceira geração da família à frente do negócio artesanal, fundado em 1946. Ela diz não ver benefício na medida da prefeitura. Em agosto, a gráfica precisou deixar a Praça Mauá e migrar para o sobrado onde funciona a Alternativa Arte em Serigrafia, na Rua do Livramento. "Quase fechamos. Sem essa parceria com o Marcus Reis (da Alternativa), não teríamos continuado. Agora não muda nada, porque já temos o benefício do IPTU, por se tratar de um prédio antigo." Lá, o contrato do aluguel é antigo, mas o valor deve subir com a reforma da região portuária. "Nas conversas com a prefeitura muitas coisas foram estudadas, mas na prática não houve nada."

Emne Al-Haje é neta do imigrante sírio que fundou a Charutaria Syria, em 1912. Por se tratar de imóvel histórico, ela também já é beneficiada pela redução do IPTU. "Acho importante o registro para que a informação não se perca, porque muitos estabelecimentos infelizmente estão desaparecendo."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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