O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deve se encontrar no próximo sábado com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, o que faz parte da sua agenda de eventos oficiais com autoridades de outros países em Tóquio, durante a reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI). Entre os assuntos que Mantega pretende tratar com Geithner, terá foco principal a preocupação do Brasil com a política de afrouxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês) adotada pelo governo norte-americano.
"Certamente vou abordar a questão do quantitative easing (QE). Estamos preocupados como os EUA só utilizem a política monetária para estimular a economia", destacou. "A política monetária ajuda, mas não resolve os problemas para geração de emprego e demanda interna. Se ficar 10 anos praticando expansão monetária em algum momento ela vai dar resultado", disse.
##RECOMENDA##Mantega destacou que os efeitos colaterais provocados a vários países pela política monetária excessivamente expansionista dos EUA podem ser piores do que os fatores positivos. "O próprio Fed reconhece que é uma política de longo prazo. Melhor seria se tivéssemos uma política fiscal mais clara, a fim de complementar a política monetária", disse.
"Estamos preocupados com o excesso de expansão monetária. A política monetária expansionista é correta nos momentos de recessão, mas quando é exagerada ela começa a criar efeitos colaterais, como a desvalorização do dólar, o que traz prejuízos para quem tem reservas em dólar, como o Brasil e a China", apontou.
Segundo Mantega, outro desdobramento negativo provocado pela política de afrouxamento quantitativo dos EUA, que está em sua terceira edição, é estimular a guerra cambial pelo planeta. "Isso ocorre porque outros países respondem da mesma forma. Na mesma semana que foi anunciado o quantitative easing 3 dos EUA, o Japão também fez uma expansão monetária. A própria China também fez. Ninguém quer ficar para trás, ver suas moedas se valorizarem. O comércio internacional é importante", apontou.
De acordo com Mantega, os países precisam dialogar para ver se podem criar "uma política comum no FMI ou do G-20" que não traga conflitos de natureza cambial. Mantega, contudo, não afirmou que a guerra cambial está se deteriorando. "Ela se acirra, em geral, quando há uma retração do comércio mundial. Isso aumenta a disputa pelos mercados. Temos de evitar que isso aconteça para que não caiamos no protecionismo", ponderou. "Senão os países acabarão caminhando para a utilização de medidas protecionistas e isto não é bom para a economia mundial", disse.