Milhões de pessoas estão acompanhando as grande competições olímpicas realizadas em Tóquio. As disputas despertam o espírito esportivo e fortalecem a torcida da população pelos representantes de seus países. Os Jogos Olímpicos, a propósito, fazem nossas mentes viajarem à época de escola, quando éramos tomados por emoção e euforia durante os jogos internos escolares, também conhecidos como interclasses.
Tomadas por nostalgia, gerações de brasileiros relembram das acirradas competições dos jogos internos, do sentimento de rivalidade entre as turmas e do desejo de vitória. Lucas Alexandros Correia Palmeira, de 27 anos, ex-estudante da Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Nóbrega, localizada na Zona Norte do Recife, sebem bem o que é vivenciar as disputas esportivas entre as turmas escolares.
##RECOMENDA##De 2010 a 2012, Lucas organizou e participou os jogos internos da sua escola, que eram, segundo ele, o momento mais aguardado pelos discentes. "Os jogos eram excelentes. Eu diria que era um dos momentos mais esperados do ano letivo, envolvia toda escola", conta. Ele complementa: “No clima de Jogos oOímpicos bate saudade, uma verdadeira nostalgia. Aquela adrenalina para competir, fazer o melhor e ganhar.”
Vôlei, futsal, handebol, futebol, zadrez, dominó e queimado eram algumas das modalidades na sua época de escola. Alegre, Lucas recorda como a competição era tensa e despertava muita rivalidade entre as turmas. "Existia muita rivalidade, muita 'rixa', mas, no final, estava tudo bem. Era uma disputa acirrada, cada um queria mostrar e dar o seu melhor, muitas vezes tínhamos que falar com cuidado nos corredores para ninguém ouvir a estratégia de jogo, não saber a cor da camisa, não saber os dizeres das faixas... tudo era motivo de segredo, no dia da abertura dos jogos era aquela surpresa”, detalha.
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Aos 21 anos, Weslley José Santos da Silva recorda, em entrevista ao LeiaJá, como foi participar das competições tanto no ensino fundamental quanto no nível médio. “No fundamental era mais esperado [os jogos internos], todo mundo ficava louco quando estava chegando, já montando os times. As salas ficavam se rivalizando, nem sempre de maneira saudável, mas era muito massa. No médio continuou, mas era menos esperado, talvez pela correria”, relembra.
Para Weslley, os jogos internos sempre foram palco de grandes competições. No ensino fundamental ele participou de futsal, vôlei e de alguns outros jogos que os professores criavam. Já no ensino médio existiam, além do futsal e vôlei, o badminton, xadrez, dominó, damas, e partidas on-line de League of Legends. “É bem legal lembrar dos momentos com os amigos, a emoção momentânea que dava nervosismo, parecia realmente que era uma competição importante, era bem divertido. Cada vitória era uma vibração da turma, cada derrota um suspiro, era muito bom de assistir também, torcer, zikar e tudo mais. Era como uma mini-olimpíada onde você conhece quase todos os participantes", diz Weslley José.
Entusiasmado com as Olimpíadas de Tóquio, o professor de educação física José Victor Corrêa de Carvalho, de 32 anos, do Colégio Decisão, localizado no Bairro da Estância, Zona Oeste do Recife, revive, em entrevista ao LeiaJá, o passado em que coordenava os jogos internos escolares. O docente, envolvido com as competições desde 2014, afirma que um dos anos mais memoráveis foi em 2016, quando sentiu o espírito esportivo e o comprometimento dos alunos com os jogos. "Foi excelente a participação dos alunos, a vontade de competir e o engajamento daqueles que até mesmo não jogaram nenhum esporte", conta.
Um dos momentos mais emblemáticos dos jogos internos são, além das grandes competições e disputa pela vitória, os adereços elaborados pelas turmas. O professor recorda que na final do futsal no ensino médio, em 2016, os estudantes fizeram de tudo para ganhar. "Primeiro, já existia a rivalidade de salas, também havia a competitividade de atletas que jogam na equipe da escola. As torcidas organizaram banner, bandeiras e até acessórios para competir entre si", conta.
Com o passar do tempo, o educador físico nota a diminuição desse espírito esportivo e competitivo nos alunos. "Com o tempo, essa disputa diminui cada vez. E nós até incentivamos muito nas aulas de educação física. Acredito que seja devido aos jogos eletrônicos. Sendo bem sincero, dá tristeza. Estamos cada vez mais perdendo grandes atletas devido aos jogos eletrônicos, não que eu seja contra, mas acredito que tudo tem limites", opina.
Por fim, o professor destaca a importância da educação física para o bem estar dos alunos. “É importante a atividade física que o esporte proporciona, pois estimula o trabalho em grupo, a cooperação e a interseção social. Além disso, tira também um pouco a pressão e a cobrança exacerbada que os estudos geram”, conclui.