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Testes de DNA realizados em presas de elefantes possibilitaram descobrir a fonte do tráfico ilegal de marfim e desvendar uma vasta rede na África formada por organizações criminais, afirma um estudo divulgado nesta segunda-feira (14).

Os pesquisadores examinaram 4.300 presas de paquidermes provenientes de 12 países da África, com o objetivo de ajudar os investigadores na luta contra o comércio ilegal de marfim, responsável por dizimar populações inteiras de elefantes.

Foram realizados testes de DNA em 49 apreensões de marfim realizadas entre 2002 e 2019, em contêineres em que as presas estavam escondidas entre outras mercadorias. As presas, no entanto, quase nunca são embaladas em pares, de forma a dificultar as investigações.

A genética, por outro lado, permitiu que os pesquisadores relacionassem as presas de um mesmo elefante que foram dispersas em diferentes cargas, como revelou um estudo anterior realizado pela mesma equipe em 2018.

No entanto, como é difícil relacionar as presas de um mesmo elefante, os pesquisadores decidiram ampliar a investigação para parentes próximos: pais, filhos, irmãos e meios-irmãos, segundo o estudo publicado na revista científica Nature Human Behaviour.

A descoberta de diversos laços de parentesco permitiu que os investigadores relacionassem entre si diferentes carregamentos apreendidos e chegassem à sua origem. Isso mostrou que "os caçadores furtivos atacavam anualmente os mesmos grupos de elefantes", assinalou Samuel Wasser, principal autor do estudo e professor de biologia na Universidade do Estado de Washington (EUA), em coletiva de imprensa.

As presas são adquiridas e enviadas o mais rápido possível em contêineres para fora da África, pela mesma rede criminosa.

Apenas um grupo de cartéis é responsável pela saída desses carregamentos, a maior parte deles enviados para países da Ásia. Os embarques são feitos em portos da África Oriental, mas também há registro de saídas do centro e do oeste do continente, segundo o estudo.

A revelação das conexões facilitará os processos contra os traficantes, que passarão a ser acusados não apenas por apreensões pontuais, mas "de crimes transnacionais, que recebem condenações mais duras", afirma John Brown, investigador do Departamento de Segurança Interior dos Estados Unidos, que participa da pesquisa.

Cerca de 50 toneladas de marfim são apreendidas por ano, o que equivale a 10% do tráfico mundial.

Líder mundial no consumo de marfim, a China anunciou que vai proibir o comércio do produto no país até o fim de 2017. A decisão é uma vitória para ambientalistas que afirmam que a medida deve ajudar a conter a caça de elefantes na África - o marfim é extraído do dente do animal.

"O anúncio da China é uma mudança de jogo para a conservação do elefante", disse Carter Roberts, presidente-executivo da World Wildlife Fund, em comunicado. "O comércio em grande escala do marfim enfrenta agora seus anos crepusculares", acrescentou.

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A decisão, por outro lado, é um golpe para uma indústria global de marfim, sustentada em grande parte pela demanda chinesa. A medida foi tomada depois de anos de pressão interna e internacional sobre Pequim para interditar um comércio que ameaça a extinção de elefantes africanos selvagens.

O Conselho de Estado, equivalente ao poder Executivo da China, disse em comunicado que o fechamento da indústria doméstica de marfim ocorrerá em fases, começando no fim de março por um grupo de fábricas de processamento e lojas de varejo. As agências governamentais ajudarão os trabalhadores do setor na sua transição para profissões afins, como a escultura em madeira e osso ou a restauração de artefatos em museus.

Os proprietários atuais de produtos de marfim poderão mantê-los, transferi-los como presentes, legá-los a descendentes ou vendê-los em leilões supervisionados após obter aprovação oficial. As autoridades também lançarão campanhas para educar o público sobre as iniquidades do comércio do produto.

Na China, o marfim é muitas vezes considerado como um símbolo de riqueza e status. A demanda chinesa ajuda a sustentar uma indústria de caça furtiva que mata entre 20 mil e 30 mil elefantes anualmente, de acordo com o World Wildlife Fund.

A China tem sido o principal destino para o marfim de origem africana desde pelo menos 2002, de acordo com dados do Elephant Trade Information System, uma ferramenta de monitoramento internacional. Alguns especialistas em vida selvagem estimam que os consumidores chineses recebem até 70% da oferta global de marfim.

O país tem 34 fábricas de processamento de marfim e 143 centros de vendas designados, todos os quais devem ser encerrados até o final de 2017. Fonte: Dow Jones Newswires.

O presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, ateou fogo neste sábado a 105 toneladas de marfim de elefantes e mais de uma tonelada de chifres de rinocerontes, em uma cerimônia realizada no Parque Nacional de Nairóbi. A estimativa é de que este tenha sido o maior volume de marfim já destruído.

A iniciativa é mais um esforço do Quênia para coibir o comércio internacional de marfim e produtos obtidos por meio da caça de animais ameaçados. No total, 11 pilhas de presas de marfim e uma de chifre de rinoceronte foram queimadas. "Chegou a hora de assumirmos uma posição e a posição é clara. O Quênia está declarando que o marfim não tem valor para nós, a não ser se estiver em nossos elefantes", declarou Kenyatta.

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As pilhas correspondem a mais de 8 mil elefantes e 343 rinocerontes abatidos, de acordo com o Serviço de Vida Selvagem do país. O valor estimado do material era de US$ 150 milhões.

Alguns críticos sugeriram que o marfim e os chifres deveriam ter sido vendidos e o dinheiro arrecadado poderia ter sido usado em projetos de desenvolvimento e de proteção ambiental no país. Mas Kenyatta rebateu dizendo que o Quênia quer mostrar que o marfim não deve ter nenhum valor comercial. Alguns especialistas que acompanham o tema alertaram ainda que queimar as pilhas não será suficiente para impedir o abate de elefantes, pois grupos internacionais se aproveitam das fronteiras pouco vigiadas do país e da corrupção.

O Quênia pretende pressionar pelo banimento total do comércio de marfim no 17º encontro da Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas, que será realizado na África do Sul ainda este ano.

Em 1970, a população de elefantes na África chegava a 1,3 milhão de animais. Hoje, são apenas 500 mil. Tanzânia, Gabão, Camarões, República Centro-Africana, Moçambique e República do Congo foram os países mais prejudicados pela caça de elefantes. Fonte: Associated Press.

Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira (11) que proibirão o comércio de marfim, em um novo esforço para ajudar os países africanos a lutar contra a caça ilegal de elefantes e rinocerontes. "Esta proibição é a melhor forma de garantir que o mercado dos Estados Unidos não contribua para a diminuição dos elefantes africanos que vivem em estado selvagem", destacou a presidência americana em um comunicado.

O decreto da Casa Branca proíbe qualquer importação de marfim de elefante da África, em particular na forma de Antiguidades, e as exportações - com algumas exceções, entre as quais algumas antiguidades genuínas.

Para ser considerado uma antiguidade, um objeto deve ter mais de 100 anos e cumprir com outros critérios estabelecidos pela lei americana de proteção de espécies em risco de extinção. O comércio ilegal de marfim é alimentado em grande parte pela demanda de Ásia e Oriente Médio, onde as presas de elefantes e os chifres dos rinocerontes são usados na medicina e na ornamentação. A caça ilegal tem aumentado nos últimos anos na África, ameaçando estas espécies.

"Esta proibição é a melhor forma de ajudar a garantir que os mercados americanos não contribuam com um declínio ainda maior de elefantes africanos na natureza", declarou a Casa Branca em um comunicado.

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