Após o anúncio pelo próprio governador de São Paulo, João Dória (PSDB), como a primeira vacina com tecnologia 100% brasileira, cientistas do Instituto Mount Sinai sinalizaram que a Butanvac é de autoria norte-americana. Apesar do Instituto Butantan possuir licença para usar o vetor estrangeiro, o diretor Dimas Covas revelou que o imunizante é resultado de um consórcio internacional.
O diretor do departamento de microbiologia do Mount Sinai, Peter Palese, reivindicou a criação da vacina e indicou que um estudo assinado por sua equipe chegou a ser publicado em duas revistas cientificas no fim do ano passado. A entidade nova-iorquina conduziu os testes em animais em laboratório.
##RECOMENDA##"Realizamos com sucesso experimentos com nossa vacina baseada no vírus da doença de Newcastle [NVD, um tipo de gripe aviária]. Enquanto isso, iniciamos testes de fase 1 no Vietnã e na Tailândia com a nossa nova geração (melhorada) de vacina de Covid. Estamos conduzindo um teste de fase 1 aqui no Mount Sinai", escreveu Palese em resposta à Folha de S.Paulo.
Ele e outro diretor do Mount Sinai, Adolfo Garcia Sastre, inclusive têm a patente do modelo de vacina a partir do vírus de Newcastle no registro europeu de patentes desde 2018. Palese destacou que já desenvolve doses para as variantes brasileira e sul-africana, e confirmou acordo com o Butantan para que o Brasil entre na fase de testes clínicos com o vetor NVD.
O que diz o Butantan
O instituto paulista aguarda a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para começar a testagem brasileira em 1.800 participantes, a partir de abril. "O Butantan está fazendo o desenvolvimento integral da vacina a partir de parcerias que temos e com um consórcio internacional", explicou Covas.
Ainda há 'inúmeras parcerias', mas elas só serão divulgadas quando os acordos estiverem firmados. "Os comunicados conjuntos das parcerias serão feitos no momento oportuno por cada instituição do consórcio", completou o pesquisador brasileiro, que explicou o porquê da Butanvac ser considerada brasileira mesmo com tecnologia norte-americana.
"A partir disso, o desenvolvimento da vacina é feito completamente com tecnologia do Butantan. Entre as etapas feitas totalmente por técnicas desenvolvidas pelo instituto paulista, estão a multiplicação do vírus, condições de cultivo, ingredientes, adaptação aos ovos, conservação, purificação, inativação do vírus, escalonamento de doses, estudos clínicos e regulatórios, além do registro", explicou.