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O agronegócio brasileiro perde cerca de US$ 5 bilhões por ano com a baixa eficiência logística, principalmente no transporte de grãos, de acordo com cálculos da Bunge Brasil, apresentados hoje pelo presidente da companhia, o ex-ministro da Casa Civil e do Planejamento Pedro Parente. "Esse valor poderia ser incorporado na renda do produtor", disse Parente, durante o Fórum Nacional de Agronegócios, em Campinas (SP).

Segundo ele, o Brasil tem potencial para atender às necessidades de alimentos e energia do mundo, mas, "por outro lado, temos na logística o gargalo muito importante". Dados apresentados por ele no evento apontam que os gargalos na cadeia trazem uma diferença de US$ 70 por tonelada de grãos exportada pelo Brasil em relação aos Estados Unidos, por exemplo.

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Na avaliação de Parente, o País tem capacidade de atingir uma produção de 200 milhões de toneladas de grãos só de milho e soja, ante as cerca de 140 milhões de toneladas atuais dos dois grãos e um total de 165 milhões de toneladas da safra inteira. No entanto, segundo ele, o nível de investimento em logística e infraestrutura ainda é muito baixo para o escoamento desse volume.

Para o presidente da Bunge, no entanto, o governo "já está acordando para isso e começou a destravar o processo", com o pacote de medidas para a infraestrutura e a criação da Empresa de Planejamento da Logística. "Mas há ainda um longo caminho."

Segundo o executivo, a perspectiva de o País atingir uma produção de 200 milhões de toneladas dos dois grãos não está muito longe, principalmente pelo avanço na produção do milho. "O milho deixou de ser cultura oportunista e agora é encarado como um produto nobre, como a soja", avaliou. Sobre a safra 2012/2013, que começa a ser plantada, Parente avaliou que as previsões do mercado apontam para recordes de produção no País.

Etanol

Parente, que na semana passada cobrou do ministro da Fazenda, Guido Mantega, medidas para dar competitividade ao etanol, afirmou que o embate entre o setor sucroalcooleiro e o governo não resolverá o problema e ratificou os planos de investimentos da companhia no setor. "Nós, da Bunge, estamos há 107 anos no Brasil, temos visão de longo prazo e a gente acha que, pela relevância, essas questões conjunturais que afetam a questão do etanol no País serão resolvidas", afirmou.

O presidente e CEO da Bunge Brasil, Pedro Parente, disse que as empresas do setor sucroalcooleiro têm investimentos represados de R$ 100 bilhões na produção de etanol e açúcar. Segundo ele, esses investimentos serão feitos quando houver solução para os problemas que o setor enfrenta hoje, principalmente em relação à perda de competitividade do etanol frente à gasolina e aos encargos tributários incidentes sobre o setor.

Parente disse também que, resolvidas essas questões, esses investimentos devem ser feitos por um período de cinco anos. O executivo disse que já esperava o discurso do ministro Guido Mantega, feito no Fórum Exame, evento realizado nesta sexta-feira em São Paulo, de que a gasolina não terá seu preço alterado no curto prazo. "O ministro não iria dizer publicamente que os preços da gasolina precisam ser elevados, mas o setor sucroalcooleiro sabe que o governo tem ciência dos problemas do setor e disposição para solucioná-los". A questão, segundo Parente, é a percepção de urgência do governo para resolver esses pontos, que é diferente da do setor produtivo.

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Parente lembrou que 95% dos componentes industriais usados pelo setor sucroalcooleiro são de fabricação nacional e que novos investimentos trariam um impulso significativo para o setor de máquinas e equipamentos. O executivo também criticou, durante sua participação em debate no fórum, a forte tributação e o ambiente complexo para que projetos tramitem junto aos órgãos oficiais, o que acaba tornando o dia-a-dia do empresário um "inferno" e afastando possíveis investidores.

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