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Após diversos adiamentos, “Digimon Survive” finalmente foi lançado pela Bandai Namco para todas as atuais plataformas de jogos. O título tem como base o universo dos monstrinhos digitais, que se iniciou em 1996 por meio dos Tamagotchi, que no Brasil ficaram conhecidos como bichinhos virtuais. Não demorou muito para que as criaturinhas começassem a surgir em outras mídias, como videogames e séries para televisão.  

“Digimon Survive” segue uma estrutura similar ao anime, com um grupo de crianças que são transportadas para o mundo digital, onde conhecem seus parceiros digimons e precisam lidar com diversos desafios para sobreviverem. Porém, diferente da série de TV, o game aborda uma narrativa mais sombria e adulta. 

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O jogador assume o controle Takuma Momotsuka, um adolescente do primeiro ano do ensino médio, que terá como parceiro o monstrinho Agumon. Além dele, também farão parte da jornada os personagens Aoi Shibuya, Minoru Hinata, Saki Kimijima, Ryou Tominaga, Shuuji Kayama, Kaito Shinonome e Miu Shinonome. Cada integrante receberá um digimon diferente.  

Assim como especificado no subtítulo do game, a trama gira em torno da sobrevivência dos jovens e da busca desesperada do grupo em tentar entender o que é aquele mundo, como eles podem voltar para casa, o que exatamente são as criaturas que habitam aquele universo e o porquê diversos monstros querem a cabeça deles. 

A busca por estes mistérios é um dos principais atrativos de “Digimon Survive” e, um dos principais acertos da Bandai Namco, foi ter lançado o game com a opção de legendas em português, o que garante maior acessibilidade para o público brasileiro, afinal de contas, cerca de 70% do título é voltado para a narrativa.  

  Um livro virtual 

O título funciona como uma visual novel (romance virtual), um gênero de jogo que usa e abusa de inúmeras linhas de diálogos e tem o enredo como o principal elemento. Em outras palavras, é como se fosse um livro interativo, em que é possível realizar escolhas que, na teoria, alterariam os rumos da história.  

Durante o gameplay, o título passa a impressão de que o jogador está no controle da narrativa, porém, a maior parte das decisões possui pouco impacto na história. Ao jogar pela primeira vez, alguns personagens serão mortos e não há nada que possa ser feito. Para ter a oportunidade de salvá-los, será preciso zerar o game uma vez e depois iniciar uma nova jornada, por meio da opção new game +.  

No entanto, as escolhas terão impactos nos carismas de cada personagem, que podem interferir no desempenho das batalhas e, principalmente, nas evoluções do Agumon. Algumas decisões irão influenciar os status de “karma”, que são: “moral”, que fará o monstrinho seguir a linha evolutiva do Greymon; “harmônico”, que o transformará em um Tyrannomon; e Colérico, que o fará evoluir para um Tuskmon.  

Aqueles que não gostam de jogos com muitos diálogos e preferem algo mais simples e voltado para ação, podem passar bem longe de “Digimon Survive”, pois este não é um game que atende este perfil de jogador. Porém, o título pode ser uma escolha assertiva para os amantes de enredos profundos e detalhados.  

Uma das maiores falhas de “Digimon Survive” não está no jogo em si, mas na maneira como Bandai Namco realizou o marketing do título. Durante os inúmeros trailers que foram divulgados desde 2018, a empresa sempre se focava nas batalhas por turno, o que fez muitos pensarem que aquele seria o principal elemento do game.  

Já a parte visual novel sempre aparecia nas “entrelinhas” e, por conta disso, muitos acabaram se frustrando ao jogar o título. Vale destacar que recentemente os criadores do jogo revelaram que, “Digimon Survive” é cerca de 70% romance virtual e 30% batalhas por turno.  

  Sistema de batalhas 

O combate é um elemento secundário dentro de “Digimon Survive” e funciona em um sistema que lembra um tabuleiro de xadrez. O jogador assume o controle de inúmeros monstrinhos, que podem se mover por alguns quadros do cenário e, ao se aproximarem de um inimigo, podem atacá-los. Este estilo de batalha é bastante conhecido, principalmente por conta de jogos como “Final Fantasy Tactics” (1997). 

Cada técnica possui um alcance diferente, por exemplo: um ataque em forma de projétil, como o “bafo de pimenta” do Agumon, que pode atingir um inimigo a vários quadros de distância; por outro lado, os golpes físicos vão exigir que o atacante esteja em um quadro colado com o do adversário.  

Os danos variam de acordo com o tipo de cada digimon, que são vacina, dados e vírus. As regras funcionam de maneira similar ao popular pedra, papel e tesoura: vacina é forte contra vírus, mas é fraco contra dados; já os monstrinhos do tipo dados ganham vantagem contra os do tipo vacina.  

Outro fator que influencia na eficiência dos ataques é o posicionamento no mapa: golpes pelas laterais ou pelas costas causarão maior dano; no entanto, encarar um monstro de frente, não só reduz o impacto do ataque, como também aumenta as chances de esquiva. O sistema de batalha de “Digimon Survive” não traz grandes inovações ao gênero e, quem já está acostumado com jogos deste tipo, não terá muitas dificuldades em se adaptar.  

Além dos monstrinhos dos protagonistas, também é possível recrutar outros digimons para o grupo. Para isso, é preciso utilizar o comando “Falar” no menu de batalhas e responder algumas perguntas aleatórias dos inimigos. Se a criatura ficar satisfeita com as respostas, o jogador terá uma chance (na maioria das vezes mínima) de convidar o adversário para o grupo.  

Uma vez recrutado, o monstro poderá participar de todas as batalhas e, para evoluí-los, será preciso alguns itens chaves, que no começo da jornada são bem raros, mas se tornam comum conforme o jogador avança na história.  

“Digimon Survive” não atende todos os perfis de jogadores, mas visa agradar os adultos que acompanharam a franquia no começo dos anos 2000 e que buscam por um enredo mais maduro. O título está disponível nas plataformas PC, Xbox One, Series X/S, Playstation 4, Playstation 5 e Nintendo Switch a partir de R$299.  

Por Alfredo Carvalho

 

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