Tópicos | Sem revelações

Spoiler. Termo bastante conhecido por fãs de séries, filmes ou livros. Mas, o que é exatamente um Spoiler e seu significado? Segundo alguns dicionários, a palavra tem origem no verbo spoil, da língua inglesa, que significa estragar. O Spoiler é quando alguma fonte de informação, revela detalhes sobre o conteúdo de algum livro, ou filme, sem que o outro tenha visto. O problema que sempre existiu em rodas de amigos ou de família, vem ganhando grandes proporções nos últimos tempos e causando uma verdadeira paranoia em quem é fã da cultura pop.

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Não há dúvida que as redes sociais se tornaram o grande ‘divulgador’ dos spoilers. Fóruns, grupos e páginas dedicados a tratar de temas como séries, por exemplo, acabam sendo os maiores culpados por revelar detalhes da história com antecipação. As séries estrangeiras ficaram muito populares no Brasil, porém, é quase impossível não se ter nenhum spoiler antes de assistir um episódio, que o digam fãs das séries mais vistas do momento como Game of Thrones (GoT), The Walking Dead ou The House Of Cards.

Os fãs de GoT, série da HBO, inclusive, são umas das maiores vítimas do spoiler, desde o vazamento de episódios, até o mistério encerrado antes do prazo sobre o destino de Jon Snow para a sexta temporada do programa. Porém, mesmo assim, a audiência não para de crescer e com destinos e personagens já revelados ainda há muitas pessoas que se empolgam em acompanhar a trama semanalmente.

Segundo o editor do site Judão.com (especializado em análise de séries), Thiago Borbolla, os fãs precisam passar por uma adequação já que está cada vez mais difícil fugir das revelações divulgadas na internet. “É preciso lidar melhor e entender o que é de fato um spoiler. Entender que muitas vezes saber que algo acontece não muda em nada, por conta da maneira que acontece ou por conta de consequências. Se uma história depende de uma revelação para ser boa, ou se uma revelação estraga tudo para você sempre, tem algo errado”, pontua.

Contudo, nem todos os casos são bem aceitos (a grande maioria deles). Existem também aqueles fãs que ficam indignados com revelações antecipadas da história e criticam, xingam e esperneiam. Nessas situações, alguns preferem até tirar um período sabático da internet e se isolam de qualquer detalhe sobre um livro, série ou filme. “As pessoas exageram muito na problematização do spoiler. A sensibilidade é grande demais. Uma cultura em que se manter dentro de uma bolha parece mais saudável. É como a criança que não sai de casa e todo mundo precisa tomar banho antes de encostar. Uma hora ela vai precisar ir lá fora, e o mundo vai vir com tudo. Melhor ralar o joelho vez ou outra, chorar e depois aprender a não cair ou se machucar menos”, diz Borbolla.

O caso mais recente de spoiler que vem sendo divulgado na internet diz respeito a peça Cursed Child, baseada na obra de Harry Potter. Fãs e fã-sites brasileiros postaram diversos detalhes da primeira parte da peça, o que fez a escritora J.K. Rowling enviar uma mensagem direta aos brasileiros por meio de sua conta no twitter. “Não seja o Rabicho. Guarde os segredos!”, escreveu ela, fazendo referência a um bruxo desonesto da saga, conhecido por ser o informante do vilão, Lord Voldemort.  

Ainda sem uma solução concreta para se evitar os spoilers, o google registrou a cerca de um ano uma patente de um filtro anti-spoilers. Porém, desde então não deu prosseguimento ao sistema. A ideia inicial era de que os usuários indicassem o seu consumo de livros, séries e filmes ao site e a partir daí ele bloquearia qualquer postagem que revelasse algo a mais do que foi visto por você. A maior dificuldade para que isso seja implementado é a questão de como esse filtro funcionaria em outras redes, sites ou streamings que não fosse de dominío do google. Outros sistemas também foram criados desde então.

Mas se tudo é spoiler como fica o papel dos sites que são voltados para cultura pop? Thiago Borbolla comenta que no caso do Judão não há, de certa forma, a preocupação com o público já que ele é bem distinto nessas situações, mas há, sim, uma regra para evitar publicar revelações muito grandes de uma trama. “Não nos preocupamos com ‘problemas com o público’, mas nos preocupamos com a história que está sendo contada. Até porque a ideia de spoiler é bastante subjetiva. Em resumo, temos uma linha definida: se uma informação define muitos rumos de uma história, é spoiler; se a experiência depende daquela revelação, é spoiler; se foi divulgado oficialmente, não é spoiler... mas lamentamos se por acaso definir rumos ou a experiência for mudada por isso”, revela.

Fãs

“Eu já cheguei a excluir algumas pessoas das minhas redes sociais durante a temporada de estreia de Batman Vs Superman. Eu acho falta de educação divulgar alguma coisa importante, além de uma simples análise ou crítica do filme, até 3 dias depois de seu lançamento”, o relato é do estudante Lucas Rigaud sobre uma das diversas vezes em que precisou lidar com o spoiler nas redes sociais. “Eu já havia assistido ao filme, mas me preocupava com quem não tinha visto. A surpresa de um filme, a magia do cinema, e tudo mais, é saber o que vai acontecer enquanto você assiste”, complementa.

Lucas, assim como outros vários fãs, é um dos que procura fugir dessa onda de revelações sobres seus filmes, séries ou livros favoritos. Missão que nem sempre é fácil. Para tal feito, ficar off-line foi a opção encontrada pela também estudante Ritta Albuquerque. “Acredito que nada é impossível, mas ficou bem mais difícil fugir disso hoje. A minha tática é não abrir nem o face nem o twitter. Ou eu fico offline, ou então os spoilers aparecem naturalmente, até porque sigo as páginas das séries que assisto, e isso só dificulta as coisas”, comenta.

Afinal, nada é mais decepcionante do que ter um grande segredo de uma trama revelado. Mas, em outras épocas, mesmo sem a internet, os spoilers já existiam e já decepcionavam algumas pessoas. “Meu pai tem uma história trágica. Quando estreou O Império Contra -Ataca, em 1980, ele não pode ver o filme no primeiro final de semana depois da estreia, mas um colega da escola dele assistiu. Na segunda-feira, assim que esse colega chegou na sala de aula, foi direto para o meu pai e falou: ‘Darth Vader é pai de Luke’”, lembra Rigaud.

Já Ritta, prefere evitar casos como esses. Mesmo tendo a prática de indicar séries para os amigos, ela acredita a que revelar detalhes da história desmotiva alguém a assistí-la. “Eu não gosto de dar spoilers porque gosto de viciar as pessoas nas séries que assisto (risos), e acredito que dizendo o que acontece na série, dizendo tudo, não vai haver motivo para alguém assistir. Sou daquelas que conta um pouquinho, mas deixando um suspense no ar”, pontua.

Priscilla Coelho, também estudante, não é adepta dos spoilers, mas acredita que há espaço para quem gosta. Ela exemplifica o caso dos resumos de novelas que sempre existiram e sempre foram bastante lidos por quem assiste. “Tem sempre lados diferentes de você ver as coisas. Eu acho que perde a graça essa questão do spoiler, mas tem gente que gosta. Exemplo tem muita gente que fica lendo resumo de novela para saber o que vai acontecer. Inclusive existem programas de televisão que ficam falando um tempão sobre o que vai acontecer nas novelas. A chegada das séries só fez com que a questão do spoiler se tornasse uma coisa mais falada e comentada, mas ele sempre existiu”, destaca.

Se existissem 'mandamentos' de boa convivência na internet, o primeiro deles seria, sem dúvida, 'Não darás spoiler ao próximo’. Mas, como não há, o bom senso pede para que se você deixe outras pessoas desfrutarem do processo de surpresa ao assistir ou ler algo pela primeira vez, ou pelo menos terem essa opção.

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