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Sol forte, ruas sem asfalto, becos, vielas e cães no caminho. De fato, não é fácil ser carteiro. Mesmo caminhando horas e horas todos os dias para levar correspondências diversas à população, José André Bezerra (foto à esquerda), 38, se diz feliz com a profissão. Mas, antes de mostrar o José que vai às ruas e ajuda o Brasil a se comunicar, nossa reportagem retrata outra atividade que faz parte do trabalho de carteiro.

O dia de atuação profissional para José começa às 8h. No Centro de Distribuição Domiciliar (CDD) do bairro do Cordeiro, localizado no Recife, o carteiro dá início a uma triagem, em que ele consulta tudo o que deve ser entregue no dia. No CDD, existem 37 distritos pedestres, ou seja, carteiros que trabalham a pé. Além deles, há dois que entregam correspondências com motocicletas. José, como os outros carteiros, é responsável por uma série de bairros inclusos em uma região territorial chamada distrito.

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“Entrei nos Correios em abril deste ano, mas, desde pequeno tenho envolvimento com a empresa. Meu pai já trabalhou nos Correios. Atuo em alguns bairros da Zona Oeste do Recife, como por exemplo, Engenho do Meio e Roda de Fogo. A dificuldade maior da profissão é o sol ou quando está chovendo muito, sem falar nos cachorros. Isso não é mito. Tem cachorro que parte mesmo para cima da gente, e eu não sei o porquê”, conta José, aos risos.

“No CDD, a gente dá continuidade a um processo produtivo. É um grande trabalho que é feito a partir das postagens de toda a população. O papel dos Correios é fundamental na sociedade brasileira. A gente ajuda o povo a se comunicar e ainda ajuda no crescimento do País. Há uma identificação muito grande do nosso trabalhador com a população”, destaca o gerente do CDD Cordeiro, Willams Montenegro, que já atua nos Correios há 30 anos. “Entrei na empresa como carteiro e estou aqui até hoje. Dou muito valor a essa profissão”, completa.

Depois de todo material separado, é momento de pesar a mochila. Por orientação médica, a bolsa do carteiro não pode ultrapassar dez quilos. As correspondências passam por pesagem e José ainda tem que registrar todas as atividades a serem realizadas no dia. Para manter uma boa saúde, também é necessário proteger a pele da radiação solar com um bom protetor solar.

Carteiro na rua

Do bairro do Cordeiro, na Zona Oeste da capital pernambucana, José segue para traçar seu roteiro. Depois de uma manhã repleta de trabalho logístico para entregar todas as correspondências de forma correta, o início da tarde é de mais trabalho. Ter uma boa condição física e esforço ajuda bastante, afinal de contas, por quase quatro horas o carteio percorre a pé ruas, becos e vielas, faça chuva ou sol. “No começo, eu chegava a me perder. Porém, depois a gente vai se acostumando. Hoje, sei onde ficam todas as minhas ruas”, conta José.

É no bairro de Roda de Fogo, também na Zona Oeste do Recife, que o LeiaJá acompanha o trabalho do “mensageiro”. Como outras localidades humildes, o bairro é considerado perigoso por causa de casos criminosos, porém, isso não é empecilho para o nosso personagem. “O que eu mais gosto é da interação que eu tenho com a comunidade. O povo me respeita e eu respeito o povo. Várias vezes já passei por bocas de fumo – pontos de venda de drogas – mas ninguém mexeu comigo. Existe um respeito muito grande com o carteiro”, relata o trabalhador.

Entre becos e vielas e ruas de terra, José entrega mensagem por mensagem. E, segundo ele, em função do avanço tecnológico e da agilidade das mensagens instantâneas, as cartas sociais quase já não são mais feitas. O comerciante Antônio Afranio de Lima, de 72, é um morador da Roda de Fogo que sempre recebe correspondências. “Na minha idade, não recebo mais cartas de amor. É só cobrança mesmo”, diz o morador, descontraído.

De acordo com seu Antônio, o trabalho do carteiro é muito importante. “Eu acho que é um profissional de primeira. Sem ele, a gente não pagaria as contas e as empresas entraria em falência. Admiro muito o trabalho deles. O problema é os cachorros. Tenho uma cadela mesmo que só falta derrubar o portão para morder o carteiro”, fala.

Após mais um dia de trabalho duro, é hora de retornar ao CDD, entregar os documentos que não foram entregues e registrar todo o trabalho realizado no dia. “Eu gosto muito do que faço, mas sei que não é fácil. Tem locais que são difíceis de colocar as correspondências, há ruas que quase não conseguimos passar, mas, vou superando as barreiras. Meu pensamento é crescer dentro dos Correios”, almeja José.

Atuação dos Correios - De acordo com a assessoria dos Correios em Pernambuco, o Brasil tem, atualmente, cerca de 60 mil carteiros. Só em Pernambuco, existem 2 mil atuando. Diariamente, são distribuídos mais de 36 milhões de objetos em todo o País. Em média, cada carteiro percorre a pé cerca de cinco quilômetros.

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