Tópicos | controle populacional

A direção do partido Solidariedade no Rio de Janeiro decidiu expulsar dos quadros da legenda o prefeito do município de Barra do Piraí, Mário Esteves. O gestor da cidade do sul fluminense defendeu, na quinta-feira, 14, que as "meninas" da cidade sejam "castradas" para controle da população local.

A Direção Regional do partido foi unânime. Em um comunicado divulgado neste domingo, 17, o presidente estadual do Solidariedade, deputado Aureo Ribeiro, classificou a fala como misógina (preconceito ou ódio contra mulheres) e um "total desrespeito" a elas.

##RECOMENDA##

A declaração do prefeito, durante um evento público na cidade do interior do Estado do Rio de Janeiro, repercutiu nas redes sociais com repúdios.

"O que não falta em Barra do Piraí é criança. Cadê o Dione [secretário de Saúde]? Tem que começar a castrar essas meninas. Controlar essa população. É muito filho, cara", disse Esteves, depois de anunciar a inauguração de uma creche na cidade.

O prefeito Mário Esteves se manifestou nas redes sociais depois das críticas e disse que errou os termos.

"Reconheço o equívoco na troca do termo técnico - 'laqueadura' por 'castrar'", escreveu. "No entanto, isso não diminui a importância do assunto. O que deveria entrar em pauta era o planejamento familiar. Esse é o assunto que tem que estar nas manchetes - e não a troca num termo técnico. Infelizmente, hoje, qualquer palavra mal colocada pode se transformar em barbárie nas mãos de pessoas mal intencionadas."

Neste domingo, ele voltou à internet para pedir empatia e dizer que nem sempre as palavras refletem as verdadeiras intenções. "Na era da comunicação instantânea, um simples mal-entendido pode desencadear um julgamento impiedoso. É crucial lembrar que as palavras nem sempre refletem as verdadeiras intenções. Nossa sociedade precisa de uma dose maior de empatia e uma pitada a menos de julgamento precipitado", escreveu.

O Solidariedade também expulsou recentemente o advogado Hery Waldir Kattwinkel Junior. Ele defendeu, no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de envolvimento nos ataques golpistas de 8 de Janeiro.

Segundo o partido, o advogado usou "falas ofensivas e desrespeitosas" ao STF e "ultrapassou os limites da lei".

O Senado pode aprovar na próxima terça-feira (3) uma lei que proíbe o sacrifício, para fins de controle populacional, de cães, gatos e aves por órgãos de controle de zoonoses, canis públicos e estabelecimentos similares. As regras para esse controle por casos de doenças infecciosas típicas de animais e que podem ser transmitidas para seres humanos e vice-versa estão previstas no Projeto de Lei da Câmara (PLC) 17/2017.

O objetivo do texto é criar condições para que os estabelecimentos públicos de controle de zoonoses adotem práticas menos cruéis para controlar o número de cães e gatos que vivem na rua. O PL prevê, por exemplo, a castração dos animais por veterinário em localidades onde haja superpopulação comprovada por estudo. A eutanásia só será permitida caso o animal tenha doença grave incurável que coloque em risco outros animais e também humanos. Nesse caso, a medida deverá ser precedida de um exame e justificada por um laudo técnico.

##RECOMENDA##

A proposta ainda estabelece que as entidades de proteção animal tenham “acesso irrestrito à documentação que comprove a legalidade da eutanásia”. Quem descumprir a lei, caso seja aprovada, poderá sofrer as punições constantes na Lei de Crimes Ambientais, a Lei 9.605, de 1998.

De acordo com o projeto, os animais poderão ser recolhidos por entidades de proteção para disponibilizá-los à doação. A proposta original também autorizava o Poder Executivo a celebrar convênios e parcerias com entidades de proteção animal, Organizações Não-Governamentais (ONGs), dentre outras instituições, para a realização de feiras de adoção. Mas, por entender que esse artigo interferia nas competências de outro Poder, os senadores optaram pela retirada do trecho.

Aves

A proposta original só tratava da situação de cães e gatos. A relatora do projeto na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, Soraia Thronicke (PSL-MS), acatou uma emenda de Telmário Mota (Pros-RR), que inclui as aves. “Anualmente o Ibama apreende de centenas a milhares de aves - silvestres ou domésticas -, que são mantidas em cativeiro ou submetidas a maus-tratos. Muitas delas não possuem condições de retornar à natureza e, muitas vezes, não há o interesse dos zoológicos em recebê-las. Nesses casos, os animais são submetidos à eutanásia. Como consideramos esta prática cruel e absurda, queremos que as aves também não sejam abatidas”, disse o senador.

O projeto já passou pela Câmara e foi aprovado na comissão do Senado em outubro. “Consideramos a proposição relevante para o bem-estar dos animais e a proteção da saúde humana. Este parlamento contribui para a profissionalização da política pública referente ao cuidado e ao maneja dos animais que se encontram sob a guarda de órgãos de controle de zoonoses”, disse o senador Jaime Campos (DEM-MT), membro da CAS.

 

Basta o médico veterinário norte-americano Derek Rosenfield aparecer para um grupo de capivaras cercá-lo. Quando ele se abaixa e oferece cana de açúcar, os animais aceitam e emitem um som de prazer. O contato amigável com as capivaras faz parte de um estudo que envolve uma metodologia de captura que não estresse os animais e o uso de imunocontraceptivo para fazer o controle populacional.

A pesquisa faz parte do doutorado de Rosenfield no Departamento de Reprodução animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP), onde ele conseguiu uma reprodução real de como é a vida dos animais.

##RECOMENDA##

"O trabalho de campo está sendo realizado na Raia Olímpica da USP, que contribui com o bem-estar do animal, já que diminui o estresse da captura. A raia olímpica já tem esses animais e o ambiente permite a perfeita observação, porque eles estão em confinamento, mas são considerados de vida livre, é uma simulação da vida real."

As capivaras são animais que rapidamente povoam as áreas em que se instalam e fazem parte do ciclo da febre maculosa, doença transmitida pelo carrapato-estrela e que pode levar à morte. Em 2018, foram registrados 103 casos da doença e 56 óbitos no Estado de São Paulo. Neste ano, foram quatro casos e duas mortes, segundo dados do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da Secretaria de Estado da Saúde.

Rosenfield conta que, em meados de 2014, havia duas capivaras adultas e cinco filhotes no local. No final de 2016, quando a pesquisa teve início, já eram 40 animais.

"A ideia é aplicar uma vacina que vai provocar a formação de anticorpos, que, em vez de atacar patógenos, se ligam a um hormônio com a função de dirigir a fisiologia reprodutiva do animal. Ele vai acabar com a função biológica desse hormônio, levando os machos e as fêmeas a ficarem inférteis."

O tempo de ação do imunocontraceptivo ainda está sendo estudado, mas já foi possível constatar que o medicamento não causou efeitos colaterais nem afetou as características sexuais das capivaras.

"As capivaras têm um macho reprodutor e essa vacina não tem efeito no comportamento dominante. O macho continua a defender suas fêmeas."

De acordo com o pesquisador, os efeitos ainda foram observados depois de 18 meses. "A imunocontracepção existe há 20 anos, mas, nessa espécie, é a primeira vez que ela é testada."

Experiência agradável

Derek Rosenfield trabalhava na indústria fotográfica e resolveu mudar de área. Os animais silvestres o encantaram. No Brasil desde 2009, ele diz que o controle populacional pode resultar não só na queda dos casos de febre maculosa, mas também na redução de conflitos. "Na vida real, esses animais comem safra de cana de açúcar e milho, criam problemas com fazendeiros", afirma o americano.

O trabalho, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), também tem como foco pesquisar os animais sem submetê-los a situações desgastantes. "Esses animais gostam de interação social. Tem de abaixar, ficar na mesma altura, não ser barulhento. Eles associam a minha voz e a minha presença a essa experiência agradável de receber um doce." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando