Se você já conhecia algumas das atrações que rolaram nesta quinta-feira (8), na Mimo, deve ter ficado muito feliz com o que pode presenciar, gratuitamente, nas cidades de Olinda e Recife. Se não conhecia, ficou mais feliz ainda de poder conhecer de perto músicos como Arrigo Barnabé, Arthur Verocai e, claro, a tão aguardada banda da noite, o Gotan Project, que fechou a programação do dia uma aceitação incrível do público.
A apresentação de Arrigo Barnabé, que aconteceu na Igreja Rosário dos Homens Pretos (até então desconhecida pela maioria do público que esteve no sagrado local), foi superlotada, impossibilitando os que chegaram mais atrasados de apreciar o show. Arrigo se apresentou ao lado do pianista Paulo Braga, que já havia tocado em um local religioso na noite anterior, com o Trio 3-63. Para Arrigo, a experiência foi inédita.
“Me senti um pouco profano... Mas gostei muito da experiência, apesar de ser um pouco complicado de executar as músicas por elas serem muito rítmicas”, confessou Arrigo, sobre a sensação de ter se apresentado dentro de uma igreja. Curiosamente, ele já havia composto dois álbuns Missas In-Memorian, um para o artista Arthur Bispo do Rosário e o outro para seu parceiro de longas datas, Itamar Assunção. “Nunca executei esses trabalhos dentro de uma igreja, porque a missa tem demanda de coral, de orquestra. Mas seria bárbaro”, comentou o músico.
Um dos pontos altos da noite foi quando Arrigo apresentou “Clara Crocodilo”, um retrato meio escrachado da sociedade paulista nos anos 1970. “Canto coisas do cotidiano, como um locutor policial que narra os fatos. Acho a Mimo um festival muito interessante por abrir esse espaço, tanto da música erudita quanto da popular”, elogia o músico.
Já a apresentação do maestro e compositor Arthur Verocai atraiu um público em menor quantidade e mais específico à Igreja da Sé. Quem esteve presente vibrou ao som de composições como “Semear”, “Presente grego” e a bem executada “Flying to L.A”, feita durante uma viagem do músico para um festival em Los Angeles. A apresentação foi embalada pela Projeto Coisa Fina (que se apresenta nesta sexta-feira, no Mosteiro de São Bento), pela Orquestra Experimental de Câmara do Recife, e pelos cantores Clarisse Grova e Carlos Dafé.
GOTAN PROJECT – A expectativa da noite girou em torno da apresentação da banda de tango experimental Gotan Project. O trio, formado pelo francês Philippe Cohen Solal, pelo suíço Christoph H. Muller e pelo argentino Eduardo Makaroff subiu ao palco com mais quatro integrantes: a cantora argentina Claudia Panonne, um pianista, um violinista e um acordeonista.
A apresentação foi um convite a todos da praça a bailarem ao som do sensual ritmo. Para a estudante de arquitetura Luana Assis, o show correspondeu às expectativas, apesar de ter considerado muito curto. “Acho que é porque conhecia muitas músicas, aí sempre fica aquela sensação de que está faltando mais uma”, comenta a fã, que conheceu a banda através de um cover de Chet Baker, há cerca de seis anos.
A apresentação quase “sinestésica” da Gotan incluiu projeções de imagens, sempre ligadas ao universo do tango. Músicas como “Peligro”, “Rayuela”, “Santa María del Buen Aire”, “Triptico” engrandeciam ao serem executadas junto às imagens, em um show que lotou as escadarias da Igreja do Carmo, o coreto da praça, o palquinho montado ao lado, a grade...