O sonho de se formar em uma universidade, estudar fora do país, conseguir um bom emprego, comprar um apartamento, um carro e ainda namorar e construir uma família é o desejo da maioria dos jovens brasileiros. Mas o que costumamos ouvir por aí é que é quase impossível se dedicar a um objetivo sem deixar outros de lado e, quando se trata de aliar o estudo e namoro, será que dá certo?
Saber dividir os seus horários entre as obrigações e o lazer pode resultar em uma parceria perfeita. A estrutura humana, seja ela física, biológica ou emocional, só poderá se desenvolver satisfatoriamente quando há uma troca de relações com o social, ou seja, os jovens estudiosos precisam conviver entre amigos e familiares para se introduzirem na sociedade. De acordo com Renata Sena, psicóloga do Movimento Pró-Criança na cidade do Recife, tanto o namoro quanto o estudo são partes integrantes do dia-a-dia de qualquer jovem e que, para muitos, apresentam pesos diferentes na balança.
##RECOMENDA##O poder de administrar o tempo é o segredo. Renata ainda afirma que “o namoro pode ser hiper-valorizado, chegando a comprometer o rendimento escolar, ou o jovem não saber o senso de limites e acabar mergulhando nos livros, não sobrando tempo nem para ele mesmo”.
No entanto, os caçadores de concursos públicos são os famosos “sem tempo” e muitos deles só têm um objetivo: ser aprovado. No caso da jornalista Gabriela Santana, de 28 anos, a área jurídica foi uma paixão que surgiu depois de sua formação em comunicação social, agora ela estuda para vários concursos nesse campo. Gabriela afirma que não deixa de se divertir nos finais de semana, mas não está procurando relacionamentos amorosos. “Acho que todos nós temos que ter prioridades na nossa vida. Eu realmente acho que no campo que eu quero seguir, exige dedicação total e não podemos esquecer que namorar também exige tempo”, declara.
E a pergunta que todos devem fazer: e se você se apaixonar? “Se acontecer de me apaixonar por alguém eu não vou abdicar disso, mas não tornarei uma prioridade na minha vida”, afirma. Durante a entrevista, Gabriela ressaltou um ponto interessante: “Você não pode ter um relacionamento só por ter, tem que se dedicar a ele”. E isso faz pensar que se dividir entre o namoro e o estudo pode ser mais difícil do que parece. A jornalista afirma que dentro de um relacionamento, um dos dois irá cobrar mais atenção e isso implicará em desentendimentos. Mas quando os dois estão no mesmo barco, a história se torna mais fácil.
O casal Abraão Ximenes e Camila Coutinho é um exemplo de que tudo pode ser superado com um pouco de paciência e compreensão. Os dois estão em um relacionamento há seis anos e já passaram por muitos altos e baixos. O estudante de medicina da UFPE e a aluna de direito da Universidade Católica de Pernambuco tiveram que se adaptar à rotina corrida dos estudos, principalmente na época do vestibular. A regra era clara: se o objetivo era passar no curso mais concorrido no vestibular do Estado, Abraão teria que abdicar de boa parte do tempo com Camilla, ou seja, namoro - só finais de semana.
A estudante de direito explicou que sabia onde estava pisando e que o namorado precisava do seu apoio naquela hora e não de cobranças. “Conseguimos conciliar, mas eu sabia que vida de médico é corrido, não só na época do vestibular, mas ainda hoje com os estágios. Temos que nos desdobrar para passarmos um tempo juntos”. Abraão afirmou que foi uma época difícil, mas que tudo se ajeitou. “Hoje também a apoio nos estudos, que também precisam de muita atenção”, declarou o futuro médico.
Aliados - A psicóloga Renata Sena explica que não devemos complicar tanto assim as coisas, que vivemos de fases e que é importante sabermos lidar com cada uma delas. “Qual é o jovem que não deseja estar num relacionamento amoroso, saber que é amado, enfim, é natural que alguns queiram se dedicar mais ao namoro do que aos estudos. Mas, quando o jovem decide estudar tendo em vista um foco e acha que um namoro só atrapalharia, diria à ele que o melhor caminho é equilíbrio e ter sempre em mente quais são as suas prioridades”, aconselha a profissional.