O pajem negro que ajuda São Nicolau a distribuir presentes para as crianças no começo de dezembro na Holanda viola a convenção dos direitos infantis e pode representar assédio, exclusão e discriminação, indicou nesta sexta-feira a defensora dos direitos infantis.
Com o rosto pintado de preto e os lábios vermelhos, "Zwarte Piet" ("Pedro, o Negro"), vestindo uma roupa medieval e uma peruca de cabelo encaracolado, tem que "se desvincular destas características discriminatórias e estereotipadas", destacou Margrite Kalverboer em um comunicado.
"Muitas crianças negras são vítimas de discriminação em sua vida cotidiana e afirmam que é pior neste período de São Nicolau", no início de dezembro, afirma o relatório.
Para a defensora, "Zwarte Piet" precisa "ser adaptado para que as crianças não recebam os efeitos negativos durante a festa de São Nicolau" e "se sintam seguras" nesta época do ano.
Kalverboer lembra que, segundo a Convenção sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas, "as crianças têm o direito de ser tratadas da mesma maneira e protegidas contra a discriminação".
No ano passado, o comitê da ONU para a eliminação da discriminação racial afirmou que o ajudante de São Nicolau estava "representado às vezes de uma maneira que reflete esterótipos negativos" e muitas pessoas encaram isso como "um vestígio da escravidão".
A polêmica sobre o suposto caráter racista do personagem de "Zwarte Piet" reaparece todos os anos na Holanda quando estas festas se aproximam. Os opositores desta tradição alegam que "Pedro, o Negro" lembra a época em que os holandeses exploravam os escravos, sobretudo no Suriname.
As festas de São Nicolau são uma tradição que remonta ao século XVI na Holanda, e a primeira aparição do "Zwarte Pie" é dos anos 1850.