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No comando do Ministério do Desenvolvimento há dez dias, e um dos formuladores da nova política industrial adotada pelo governo Dilma Rousseff desde agosto de 2011, o economista Mauro Borges defendeu, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, dias antes de assumir o cargo, que o governo manterá neste ano ‘programas estruturantes’ do Plano Brasil Maior e planeja ‘dar um passo à frente’ com a ampliação das ações no setor.

Uma nova etapa dessa política seria transformar o programa Reintegra, mecanismo que devolve aos exportadores até 3% das vendas externas de produtos industrializados, em um regime escalonado: quanto mais valor agregado do produto, maior seria a devolução dos tributos. Pelos planos de Borges, até então presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), o Reintegra passaria a devolver entre 1% e 10% das receitas aos exportadores.

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"Alemanha e China já fazem isso. Não prosperou porque, mesmo com o esforço fiscal, a conta ficou cara e teríamos de abrir mão de outras coisas", diz. "Mantivemos o nível de demanda agregada, queimando espaço fiscal. Isso disputa espaço fiscal."

Diante do cenário para este ano, o novo ministro acredita que "haverá ainda um estresse fiscal em 2014 e o espaço da política industrial é zero". Ele prega cautela para fazer avançar o Brasil Maior: "Teremos crescimento pequeno, mas não recessão, e esses recursos saem do fiscal".

Borges argumenta que se os leilões e as concessões continuarem no ritmo atual, haverá melhora. "Não será para 2014, mas o novo ciclo de expansão pelos investimentos em infraestrutura ajudará a economia."

Peça central na defesa da nova política industrial, o novo ministro afirma que há um conjunto de medidas em curso, como o acordo com a União Europeia, o desenvolvimento de cadeias produtivas e os regimes tributários especiais. "A redução do custo de capital é o foco da política. Não dá para ficar só no retrovisor, tem de ver o ajuste de custos e preços."

Borges admite, porém, que ainda falta transformar em "política perene de governo" temas como a facilitação de comércio e os estímulos à exportação, ambas previstas no Brasil Maior. "Estão entrando numa boa picada, mas não avançaram como queríamos". Além disso, é preciso acelerar acordos comerciais e a desgravação tarifária para reforçar a estratégia.

Câmbio

Braço direito do ex-ministro Fernando Pimentel, agora pré-candidato ao governo de Minas Gerais pelo PT, Mauro Borges debita boa parte dos problemas enfrentados pela indústria nos últimos anos na conta do câmbio. "A forte valorização do real foi danosa para a indústria e afetou a competitividade."

Apesar das medidas do governo, segundo Borges, "um câmbio sem ajuste" neste período dificultou a retomada industrial. "O câmbio mudou no mundo inteiro, há um novo parâmetro de competitividade", diz. "Com câmbio mais estável, no lugar onde está, teremos condições para a retomada."

A nova fase da política industrial, segundo Borges, terá, por exemplo, foco em eficiência energética automotiva, com incentivos à fabricação de motores elétricos e movidos a etanol para ônibus. "Zerar IPI cria nova indústria", defende o novo ministro. O mesmo valeria para a cadeia de petróleo e gás, além do etanol. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Emperradas na burocracia da máquina pública ou por disputas internas no governo, muitas medidas anunciadas em abril do ano passado para ajudar os exportadores brasileiros ainda não foram implementadas. Um dos capítulos da segunda fase do Plano Brasil Maior - nome dado à política industrial e de comércio exterior do governo Dilma - prometia a ampliação dos financiamentos e facilitação de garantias, sobretudo para pequenas e médias empresas. No entanto, um ano e meio depois, muitas delas ainda estão em discussão.

A urgência na implementação parece ter ficado ainda menor em 2013, depois que o câmbio ficou mais favorável para as empresas e ajudou a frear o ritmo de crescimento das importações. Além disso, o Reintegra, considerado pelas empresas a medida mais importante, está com data para terminar.

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No ano passado, o governo passou a devolver às empresas 3% do valor exportado com manufaturados. Por causa das restrições orçamentárias, o governo anunciou que não renovará a medida, que termina no dia 31 de dezembro. O Reintegra faz parte da primeira fase do Brasil Maior, anunciado em agosto de 2011, mas só entrou em vigor em janeiro de 2012.

Apesar do resultado ruim da balança comercial em 2013, que até outubro apresenta déficit de US$ 1,83 bilhão, a avaliação na equipe econômica é de que os dados da balança comercial foram distorcidos pelos registros atrasados de operações de importações de petróleo que ocorreram em 2012 e pela redução nas exportações da Petrobrás por causa da manutenção das plataformas de petróleo.

O governo espera que, no médio prazo, a exportação de manufaturados seja beneficiada pela depreciação cambial. Outro argumento é que a desoneração da folha de salários das empresas traz ganho de competitividade às exportações. Isso porque ao incidir sobre o faturamento e não mais sobre a folha de salários, a cobrança de tributos não recai sobre as vendas externas.

Custo

"Quero menos câmbio e mais redução de custo", afirmou o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. A previsão da AEB é de que o déficit comercial de manufaturados será superior a US$ 100 bilhões este ano.

Segundo Castro, o impacto das medidas anunciadas no Brasil Maior foi nulo. "Se você fizer uma avaliação do custo-benefício, o benefício não aparece." Ele também critica a decisão do governo de não renovar o Reintegra. "O Ministério da Fazenda diz que não tem dinheiro para o Reintegra, mas tem para outras coisas que podem gerar votos."

"A não implementação das medidas num momento de maior muita competição internacional redunda na quedas das exportações industriais. Um medida urgente seria a renovação, por vários anos, do Reintegra para que as empresas possam fazer investimentos que garantam as exportações", afirmou Welber Barral, sócio da Barral M Jorge Consultores Associados e ex-secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Entre janeiro de 2012 e 31 de agosto de 2013, a Receita Federal recebeu 9,5 mil pedidos de ressarcimento do Reintegra, totalizando R$ 4,7 bilhões. Segundo o Fisco, R$ 3,2 bilhões foram usados para compensação de débitos de outros tributos, R$ 743 milhões foram ressarcidos em espécie e R$ 864 milhões estão em auditoria fiscal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As atividades dos serviços de tecnologia da informação no Brasil registraram no primeiro trimestre um aumento de 0,6%, três vezes mais que o Produto Interno Bruto (PIB), que foi de 0,2%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

Para o presidente o Sindicato de Trabalhadores de Tecnologia da Informação (Sindpd), Antonio Neto, a expectativa é de que a economia recupere o fôlego e o setor de TI cresça ainda mais a partir de agosto, quando entra em vigor a nova alíquota do plano Brasil Maior.

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“Os incentivos do governo para manter o mercado de TI se mostram importantes neste momento. Já apresentamos crescimento acima do PIB, mas a partir de agosto as empresas vão crescer ainda mais”, diz ele.

O plano Brasil Maior desonerou a folha de pagamento de 20% para 2,5% do faturamento das empresas que desenvolvem software e prestam serviços de TI. Em agosto, essa taxa cairá para 2%. “A economia das empresas pode chegar a um bilhão de reais e isso deve ser revertido em investimentos”, afirma Antonio Neto.

Foi sancionada nesta quarta-feira (14), pela presidente Dilma Russef, a Lei Nº 12.546, relativa à Medida Provisória 540/11, que prevê a desoneração da folha de pagamento para as empresas de software e serviços de TI. O prazo de vigência é de três anos, sendo válida até 2014.

A desoneração da folha de pagamento é uma das ações do Plano Brasil Maior, anunciado no começo de agosto, com um pacote de benefícios para reforçar a concorrência de empresas brasileiras frente aos concorrentes internacionais.

A medida, publicada hoje (15) no Diário Oficial da União, visa reduzir custos e aumentar a competitividade do setor brasileiro no mundo. Produzirá também ambiente mais ético e saudável para os negócios e para os profissionais do segmento, reduzindo a informalidade.

Agora, a mudança na contribuição previdenciária do setor de TI passa de 20%, incidentes sobre a folha de pagamentos, para 2,5% do faturamento das empresas. Segundo projeções da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) os custos de transição entre a contribuição atual e a nova serão compensados pela arrecadação resultante da formalização.

Em vez de perder, o Tesouro Nacional e as contas da Previdência Social vão obter ganho, diz a Brasscom. “Este será um grande teste para a possível mudança de toda a forma atual da contribuição para financiar a Previdência Social, desonerando a folha”, completa a entidade.

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