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Após receber uma votação inexpressiva na disputa presidencial de 2018 (quando ficou em 8° lugar, com pouco mais de 1 milhão de votos) e eleger-se deputada federal por São Paulo em 2022, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, vê agora a influência de seu grupo político na condução da Rede Sustentabilidade sob ameaça.

Fundada em 2015 com engajamento direto de Marina, a sigla formou uma federação com o PSOL na eleição passada, mas mantém estrutura partidária e agenda próprias.

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Concluída a etapa de escolha de delegados nos diretórios estaduais, a Rede vai realizar seu 5° Congresso nos próximos dias 14, 15 e 16, em Brasília, para eleger seu comando nacional. Marina, porém, ainda estará na China, na comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Dois grupos com teses distintas se apresentaram na disputa interna da legenda. A estrutura da sigla não prevê a existência de um presidente, mas, sim, de dois porta-vozes nacionais (um homem e uma mulher).

Batizada de "Rede pela Base", a chapa da situação é encabeçada pela ex-senadora Heloísa Helena (AL) e pelo engenheiro ambiental Wesley Diógenes, que são candidatos à reeleição ao cargo de porta voz. Eles têm o apoio do grupo ligado ao senador Randolfe Rodrigues (AP), líder do governo no Senado.

A chapa de oposição, chamada "Rede Vive" diz ter o apoio de Marina, embora ela não tenha entrado formalmente na corrida. "Sou o candidato da Marina, da Joenia (Wapichana, de RR), do Túlio (Gadelha, de PE) e dos deputados estaduais", disse ao Estadão Giovanni Mockus, postulante a porta-voz nacional.

"Hoje há um grupo dirigente no qual estão aqueles que defenderam a fusão da Rede (com o PT), e outro que defende que a Rede continue existindo", afirmou a deputada estadual paulista Marina Helou, que apoia a chapa Rede Vive e integra o grupo político de Marina na sigla.

A tese da fusão da Rede com o PT é defendida pelo senador Randolfe Rodrigues. Depois do fiasco na eleição de 2018, ele chegou a assinar um manifesto com outros 20 signatários propondo a reformulação da legenda com a fusão, mas o documento foi rechaçado por Marina.

O atual líder do governo no Senado cogitou deixar o partido, mas recuou. Procurada, a assessoria do senador disse que ele "não está cuidando" do Congresso do partido e "confia" nos dirigentes e nos rumos que a legenda vai tomar.

Transparência

Nos bastidores, porém, aliados de Marina reclamam da falta de transparência no processo de escolha dos delegados e até do uso da máquina partidária em favor da chapa liderada por Heloísa Helena, que não respondeu à reportagem até a publicação deste texto.

A leitura, no entorno de Marina, é que as lideranças ligadas a Randolfe, muitas delas oriundas do PSOL, são mais experientes que os "marineiros" na articulação política interna e articulam a retomada da tese de fusão da Rede.

"O campo dele (Randolfe) está envolvido no processo. O que há de concreto é que nesse movimento (da direção nacional) estão os signatários do manifesto (pró-fusão). Isso é que está em jogo. Essa é a disputa que está colocada", disse Marina Helou, que criticou ainda a hipótese de reeleição para o cargo de porta-voz. A iniciativa é "ruim", segundo ela, e contraria uma tendência histórica do partido, que sempre rejeitou a ideia de recondução.

Membro da direção nacional e alinhado com a chapa de Heloísa Helena, o ex-vice prefeito de Belo Horizonte Paulo Lamac disse que há um "desejo de protagonismo" de algumas lideranças, lembrando que Giovanni Mockus disputou três vezes a vaga de porta-voz, todas sem sucesso.

"Sou radicalmente contrário à fusão. Hoje todo mundo que é da Rede é da turma da Marina, que está acima dessas disputas. Não ouvi ela declarar em lugar nenhum que apoia o Giovanni", afirmou Lamac ao Estadão. O dirigente chamou de "narrativa tortuosa" a ideia de que a chapa da situação seja favorável a fusão.

A onda de agressões continua na eleição neste ano. Após denunciar, em uma matéria publicada nesta quinta-feira (18) pela Folha de S.Paulo, a jornalista Patrícia Campos Mello está sendo alvo de diversos ataques de apoiadores do candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL). Patrícia é autora da matéria que teria revelado, segundo a reportagem, um esquema envolvendo empresas que apoiam o militar da reserva que estariam contratando serviços com valores milionários para divulgarem fake news contra o PT, o que seria uma prática ilegal.  

Os insultos são inúmeros desde “canalha imunda militante esquerdista” até “puta vagabunda”, segundo reportagem da Revista Forum. Foi especulado até que a jornalista está sob proteção policial por conta das ameaças. 

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Algumas pessoas já saíram em defesa de Patrícia. “Foi só a repórter da Folha de SP, Patrícia Campos Mello, divulgar uma reportagem que denúncia os métodos e a origem dos recursos financeiros de aliados de Bolsonaro que ela está sendo duramente atacada. É a barbárie colocando as mangas de fora”, lamentou a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB).

Confira alguns dos tuítes ofensivos:

 

 

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